À Procura dos Nossos Antepassados Estelares
Uma equipa de astrónomos do Japão e da China descobriu uma estranha estrela a flutuar nos limites da nossa galáxia, a Via Láctea. Analisando mais a fundo a química da estrela, os astrónomos julgam ter descoberto um tesouro galáctico. Poderá esta estrela ser da família de uma das primeiras estrelas do Universo? Vamos tentar descobrir!
Ao longo de quase cem mil anos após o Big Bang, o nosso Universo foi um lugar frio e escuro. Era essencialmente constituído por átomos de hidrogénio e hélio. Cem milhões de anos mais tarde, as densas regiões destes átomos começaram a entrar em colapso devido à gravidade, dando origem às primeiras galáxias e às primeiras estrelas.
Os cientistas pensam que as estrelas da primeira geração, também conhecidas como estrelas da População III, são massivas, com massas mais de cem vezes superiores à do Sol. Estas estrelas enormes terão vivido apenas durante um curto período de tempo e podem ter explodido totalmente, não deixando qualquer pista que permita estudá-las mais a fundo. O estudo do gás libertado pelas explosões estelares é crucial para os astrónomos poderem investigar as primeiras estrelas do Universo.
Os gases libertados pela explosão das primeiras estrelas massivas podem, posteriormente, fazer parte da composição da próxima geração de estrelas. Tal como nós transportamos a herança genética dos nossos antepassados, a segunda geração de estrelas transporta os vestígios da química das primeiras estrelas do Universo. No entanto, os cientistas pensam que as supernovas mais recentes na árvore genealógica irão eliminar os vestígios mais puros das primeiras estrelas. Por isso, os astrónomos têm procurado, sem grandes resultados, as estrelas remanescentes mais antigas – até agora.
Enquanto estudavam algumas das estrelas mais antigas da Via Láctea, com a ajuda do telescópio chinês LAMOST e o do telescópio Subaru do Observatório Astronómico Nacional do Japão (NAOJ), os astrónomos descobriram LAMOST J1010+2358. Esta estranha estrela está localizada a 3000 anos-luz da Terra, na direção da constelação de Leão, e é um pouco menos massiva que o Sol. Depois de estudarem cuidadosamente a mistura química de LAMOST J1010+2358, os astrónomos descobriram que ela correspondia ao legado químico de uma estrela da primeira geração.
Facto Curioso:
Esta é uma descoberta importante, pois é o primeiro e mais claro vestígio de uma estrela massiva de primeira geração encontrado até hoje. E confirma a teoria de que as estrelas massivas – 140 vezes mais massivas que o Sol – se formaram muito cedo no Universo.
Este Space Scoop tem por base um comunicado de impressa NAOJ.
Tradução: Teresa Direitinho
🇬🇧 English version also available in this website
Space Scoop original (em inglês)
Versão portuguesa no Space Scoop
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