Numa noite de céu limpo, vai para uma zona escura no exterior com um mapa estelar ou uma aplicação de visualização do céu e olha para cima. Consegues identificar a constelação de Peixes? Sabias que existe um mundo estranho na direção desta constelação? Os astrónomos descobriram recentemente sinais de coisas estranhas a acontecer neste planeta!

Ilustração que mostra como, com a ajuda do telescópio Gemini Norte, que representa metade do Observatório Internacional Gemini Norte operado pelo NOIRLab, os astrónomos fizeram deteções de vários elementos constituintes de rochas na atmosfera do um exoplaneta do tamanho de Júpiter, WASP-76b. Créditos: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/J. da Silva/Spaceengine/M. Zamani.

WASP-76b é um exoplaneta quase do tamanho de Júpiter, localizado a 634 anos-luz de distância da Terra. O planeta está em órbita muito próxima da sua estrela hospedeira quente – uma órbita quase 12 vezes mais próxima que a de Mercúrio em torno do Sol! Por esta razão, a sua atmosfera atinge temperaturas escaldantes de 2000°C.

O comportamento estranho do planeta está em geral relacionado com as suas temperaturas extremas. Elas fazem com que o planeta se dilate, aumentando o seu volume para quase seis vezes o de Júpiter. Além disso, a maioria dos elementos que formam minerais e rochas – que de outro modo estariam ocultos na atmosfera – começam a vaporizar-se (tal como o vapor a sair de uma chávena de chá muito quente) e a revelar-se!

Com a ajuda do Telescópio Gemini Norte, operado pelo NOIRLab da Fundação Nacional para a Ciência dos Estados Unidos (NSF), uma equipa internacional de astrónomos detetou 11 elementos constituintes de rochas na atmosfera de WASP-76b. Os investigadores descobriram sódio, potássio, lítio, níquel, manganês, cromo, magnésio, vanádio, bário, cálcio e ferro.

As abundâncias de elementos descobertos no exoplaneta têm correspondência tanto com as da sua estrela hospedeira como com as do nosso Sol. Isto confirma que, ao contrário dos planetas rochosos, os gigantes gasosos, como Júpiter e Saturno, formam-se de modo semelhante às estrelas, através da mistura de gás e poeira no disco protoplanetário. Os planetas rochosos, como a Terra, formam-se a partir da acreção e colisão de poeiras, rochas e planetesimais.

Mas as coisas estranhas não ficam por aqui. Os astrónomos descobriram ainda, pela primeira vez num exoplaneta, a presença de uma molécula muito estranha, mas importante – óxido de vanádio. O óxido de vanádio tem para um exoplaneta um papel semelhante ao do ozono na Terra.

Com um perfil químico tão interessante e tantas pistas importantes em WASP-76b, os cientistas podem agora investigar mais a fundo como se formam os planetas gasosos gigantes e os sistemas planetários, no Sistema Solar e em outras partes do cosmos.

 

Facto Curioso:

Sabias que, se as temperaturas não fossem tão altas, os elementos detetados pelos investigadores formariam normalmente rochas, como na Terra? Os gigantes gasosos do Sistema Solar têm uma composição química semelhante à de WASP-76b. Mas como estes planetas do nosso sistema são demasiado frios para que os elementos se vaporizem na atmosfera, os elementos ficam retidos para sempre e raramente são detetados.

 

Este Space Scoop tem por base um comunicado de imprensa NOIRLab.

Tradução: Teresa Direitinho

🇬🇧 English version also available in this website

Space Scoop original (em inglês)

Versão portuguesa no Space Scoop

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