Um astronauta análogo veio à minha escola
Um astronauta análogo veio à minha escola
por Rosa Doran, NUCLIO
Este artigo foi inicialmente publicado em inglês no site do projeto Our Space Our Future.
Um dos privilégios de trabalhar com alunos é ver o brilho nos seus olhos quando falamos sobre exploração espacial. Eles têm sempre tantas questões fascinantes relacionadas com a vida no espaço, ou sobre a exploração da Lua, ou a vida em Marte, bem como muitas outras sobre o Universo.
Durante as nossas intervenções em escolas, no âmbito do projeto Our Space Our Future, conseguimos organizar uma conversa com o astronauta análogo português João Lousada, Director de Voo do Módulo Columbus da Estação Espacial Internacional e astronauta análogo do Fórum Espacial Austríaco, que partilhou os seus conhecimentos e as histórias das suas experiências com mais de 500 alunos de escolas participantes no projeto. E, é claro, houve muitas perguntas! Os alunos puderam apresentar previamente à equipa do NUCLIO as suas questões para o João, e foram enviadas dezenas! Com tópicos que iam desde viver na Lua ou em Marte para investigar a criação de um novo habitat para a humanidade, até à vida diária de um astronauta na Estação Espacial Internacional.
João iniciou a sua apresentação com uma descrição da Estação Espacial Internacional e do importante trabalho que aí é feito. Em seguida, revelou várias curiosidades sobre como é a vida no espaço e num ambiente de baixa gravidade.
Os alunos ficaram também muito curiosos sobre o trabalho do João como astronauta análogo, astronautas que testam equipamentos e fazem missões experimentais em ambientes controlados aqui na Terra. Vivem e trabalham tal como os astronautas em verdadeiras missões espaciais.
Um aluno perguntou: “E se algo correr mal?” João surpreendeu-os ao dizer:
“É exatamente isso que queremos que aconteça, ver tudo o que pode correr mal numa missão espacial enquanto estivermos aqui na Terra”.
Os alunos ficaram ainda muito surpreendidos ao saber que se pode levar várias horas a vestir um fato espacial, que pode pesar até 50 kg.
João explicou ainda que um dos desafios que a tripulação de uma missão espacial terá que enfrentar é o confinamento num espaço fechado, uma pequena equipa de pessoas a viver em grande proximidade durante vários meses, ou mesmo anos! Os efeitos destas condições de vida nas pessoas foram objeto de uma investigação efetuada pela equipa do João, no âmbito das missões de exploração do Fórum Espacial Austríaco.
No final da discussão, João chamou a atenção dos alunos para uma imagem obtida por rovers em Marte onde mal conseguimos notar um pontinho azul: o planeta Terra, visto de Marte. É tão pequeno que podemos nem sequer o ver, o que explica a importância destas missões análogas. De facto, se fossemos um astronauta numa missão a Marte e algo corresse mal, qualquer ajuda estaria muito longe!
A sessão de perguntas e respostas que se seguiu foi muito bem recebida pelos alunos, e as questões foram tantas que não as poderíamos deixar todas aqui. Mas agora eles sabem que viver no espaço não é trivial e que ainda há muito para aprender e explorar. Esperamos que esta bela sessão tenha ajudado a despertar ainda mais a curiosidade e a ambição destes futuros exploradores espaciais.
Leave a Reply