Versão Portuguesa 🇵🇹English Version 🇬🇧

 

As anãs castanhas poderão ser mais comuns na Via Láctea do que se pensava

As anãs castanhas são mais massivas que os planetas, mas não tanto como as estrelas. Crédito: NASA/JPL-Caltech.

As anãs castanhas são objetos estranhos. A sua massa situa-se entre a dos planetas e a das estrelas. Uma estrela é um objeto com massa suficiente para manter a fusão do hidrogénio no seu núcleo, mas um planeta é demasiado pequeno para desencadear fusão nuclear. Os planetas têm até 13 vezes a massa de Júpiter, e as estrelas têm pelo menos 80 vezes a massa de Júpiter. Mas se um objeto tiver entre 13 e 80 vezes a massa de Júpiter, as coisas ficam mais interessantes, não pode desencadear a fusão do hidrogénio para brilhar intensamente, mas pode realizar a fusão do lítio em outros elementos. O processo não fornece muita energia, mas tecnicamente é uma fusão nuclear.

A distribuição de estrelas perto da Terra. Crédito: NASA, ESA and A. Field (STScI).

Por causa deste efeito, as anãs castanhas podem ser difíceis de identificar. As grandes e as jovens podem ser tão quentes e brilhantes como uma pequena estrela, porém, as mais pequenas ou mais velhas são semelhantes a grandes planetas. Isto porque, ao contrário das estrelas, as anãs castanhas arrefecem com o tempo. São em geral mais brilhantes em comprimentos de onda infravermelhos e, por isso, são frequentemente identificadas pelo seu espectro infravermelho.

Uma particularidade estranha das anãs castanhas é que elas parecem ser mais raras do que deveriam. Quando determinamos o número de estrelas no universo local, as estrelas amarelas, como o Sol, são mais comuns que as estrelas gigantes, e as anãs vermelhas são muito mais comuns que as estrelas amarelas. Seria de esperar que as anãs castanhas fossem mais comuns que as anãs vermelhas, mas até ao momento foram descobertas menos anãs castanhas do que estrelas amarelas. Deve-se em parte ao facto de as anãs castanhas serem frias e escuras, mas mesmo levando isto em consideração, deveríamos ver mais. Este problema é conhecido como o “deserto de anãs castanhas”.

Mas há uma descoberta acidental que pode ser a solução para este mistério. “O Acidente” (The Accident), descoberto pelo NEOWISE (Near-Earth Object Wide-Field Infrared Survey Explorer), da NASA, é uma anã castanha que não apareceu em levantamentos do céu dedicados a estes objetos, porque não se parece com uma anã castanha. As anãs castanhas podem ser identificadas pelos seus espectros de infravermelho, mas cada espectro depende da composição da anã e também de sua temperatura. O espectro de “O Acidente” é estranho porque é ténue onde se esperaria que fosse brilhante, e vice-versa.

O ponto em movimento é anã castanha conhecida como “O Acidente”. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Dan Caselden.

O espectro sugere que o objeto contém níveis muitos baixos de metano, o que pode significar que é extremamente antigo. O metano é uma molécula de carbono e hidrogénio, e embora o hidrogénio exista desde o início do cosmos, o carbono só apareceu após a morte da primeira geração de estrelas. Assim, o especto parece corresponder ao de uma anã castanha que se terá formado durante o período da primeira geração. Sabíamos que existem anãs castanhas da primeira geração, mas pensávamos que eram raras. “O Acidente” está a apenas 50 anos-luz de distância, e, ou foi descoberto por sorte, ou então este tipo de anã castanha é afinal bastante comum. Isto poderá explicar o “deserto de anãs castanhas”. Pode haver por aí inúmeras anãs castanhas, mas devido ao facto de possuírem espectros invulgares, acabam por ser ignoradas.

A descoberta de uma única anã castanha deste tipo não é suficiente para resolver a questão. Mas agora que sabemos como podem ser, podemos ir à procura de mais. E desta vez o que descobrirmos não será por acaso.

 

Fonte da notícia: Universe Today

Tradução: Teresa Direitinho

 

Brown Dwarfs are Probably Much More Common in the Milky Way Than Previously Believed

Brown dwarfs are more massive than planets but not quite as massive as stars. Credit: NASA/JPL-Caltech.

Brown dwarfs are strange things. They are in the middle ground between planets and stars. A star is defined as an object massive enough for helium to fuse into hydrogen into its core, while a planet is too small for core fusion to occur. It seems a simple distinction until you learn about fusion. Anything with a mass below about 13 Jupiters is too small for fusion to occur, and is thus a planet. If your mass is about about 80 Jupiters, then you can fuse helium and are therefore a star. But if your mass is between 13 and 80 Jupiters, things get interesting. You can’t fuse hydrogen to shine brightly, but you can fuse lithium into other elements. This is known as lithium burning. It doesn’t provide lots of energy, but it is technically nuclear fusion. […] Read the original article at Universe Today.

Classificação dos leitores
[Total: 0 Média: 0]