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Telescópio Kepler descobre população de planetas errantes

Foram descobertos sinais de uma população misteriosa de planetas “errantes”, ou seja, planetas que flutuam livremente, sozinhos, no espaço profundo sem estar gravitacionalmente ligados a qualquer estrela hospedeira. Os resultados incluem quatro novas descobertas, que são compatíveis com planetas de massas semelhantes à da Terra, e foram publicados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Ilustração de um planeta errante, flutuando livremente. Crédito: A. Stelter/Wikimedia Commons.

O estudo, liderado por Iain McDonald da Universidade de Manchester, Reino Unido (agora na Open University, Reino Unido), usou dados obtidos em 2016 durante a fase K2 da missão do Telescópio Espacial Kepler, da NASA. Durante esta campanha de dois meses, o Kepler monitorizou, a cada 30 minutos, um campo de milhões de estrelas próximo do centro da nossa galáxia para descobrir eventos raros de microlente gravitacional.

A equipa descobriu 27 sinais de curta duração candidatos a microlente que variavam em escalas de tempo de uma hora a 10 dias. Muitos já tinham sido vistos anteriormente em dados obtidos simultaneamente a partir do solo. Porém, os quatro eventos mais curtos representam novas descobertas e são compatíveis com planetas de massas semelhantes à da Terra.

Estes novos eventos não mostram qualquer sinal mais longo, associado, que se poderia esperar de uma estrela hospedeira, o que sugere que podem ser planetas errantes. Tais planetas podem ter sido formados em volta de uma estrela hospedeira e mais tarde ejetados por influência gravitacional de outros planetas mais pesados do sistema.

O efeito de microlente gravitacional, previsto por Albert Einstein há 85 anos como consequência da Teoria da Relatividade Geral, descreve como a luz de uma estrela em plano de fundo pode ser temporariamente ampliada pela presença de outras estrelas em primeiro plano. O efeito produz uma pequena explosão de brilho que pode durar de horas a alguns dias. Cerca de uma em cada milhão de estrelas da nossa galáxia é visivelmente afetada por microlentes num dado momento, mas calcula-se que apenas uma pequena percentagem destes eventos seja provocada por planetas.

O Kepler não foi desenhado para descobrir planetas usando microlentes, nem para estudar os campos de estrelas extremamente densos do interior da Galáxia. Por isso, tiveram que ser desenvolvidas novas técnicas de redução de dados para procurar sinais no conjunto de dados Kepler.

Simulação do efeito de microlente gravitacional induzido por um planeta isolado, em primeiro plano, na luz de uma estrela, em plano de fundo, localizada perto do centro da Via Láctea. Crédito: David Specht/Eamonn Kerins/University of Manchester.

“Estes sinais são extremamente difíceis de encontrar. Apontámos um telescópio já com idade avançada e visão turva para uma das áreas mais densamente povoadas do céu, onde já existem milhares de estrelas que variam em brilho, bem como milhares de asteroides que atravessam o nosso campo. Desta confusão, vamos tentando extrair minúsculos brilhos característicos provocados por planetas e só temos uma hipótese de ver um sinal antes de ele desaparecer. É como tentar apanhar o piscar de um pirilampo no meio de uma autoestrada, usando apenas um telemóvel”, observou Iain McDonald.

“O Kepler conseguiu aquilo que nunca foi projetado para fazer, ao oferecer-nos mais sinais da existência de uma população de planetas errantes de massa semelhante à da Terra. Agora, passa o testemunho a outras missões que serão projetadas para descobrir tais sinais, tão elusivos que o próprio Einstein pensou que provavelmente nunca seriam observados. Estou muito confiante de que a próxima missão Euclides, da ESA, poderá também unir-se a este esforço, como atividade extra da sua missão principal”, declarou Eamonn Kerins, da Universidade de Manchester, coautor do estudo.

Confirmar a existência e a natureza dos planetas errantes vai ser um objetivo importante para as próximas missões, como a Nancy Grace Roman Space Telescope, da NASA, e possivelmente a missão Euclid, da ESA, que serão ambas otimizadas para procurar sinais de microlentes.

 

Fonte da Notícia: Royal Astronomical Society

Tradução: Teresa Direitinho

 

 

Tantalising evidence has been uncovered for a mysterious population of “free-floating” planets, planets that may be alone in deep space, unbound to any host star. The results include four new discoveries that are consistent with planets of similar masses to Earth, published in Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Artist’s impression of a free-floating planet. Credit: A. Stelter/Wikimedia Commons.

The study, led by Iain McDonald of the University of Manchester, UK, (now based at the Open University, UK) used data obtained in 2016 during the K2 mission phase of NASA’s Kepler Space Telescope. During this two-month campaign, Kepler monitored a crowded field of millions of stars near the centre of our Galaxy every 30 minutes in order to find rare gravitational microlensing events. […] Read the original article at Royal Astronomical Society.

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