Com a ajuda do telescópio CHIME (Canadian Hydrogen Intensity Mapping Experiment), os astrónomos identificaram oito novas rajadas rápidas de rádio ou FRBs (Fast Radio Bursts). A descoberta, que vem descrita num artigo publicado a 9 de agosto no arXiv.org, poderá lançar uma nova luz sobre a origem e a natureza destes misteriosos fenómenos.

8 FRB repetitivas
Posições de deteção das novas fontes FRB repetitivas CHIME/FRB. Créditos: Andersen et al., 2019.

As FRBs são rajadas intensas de emissão rádio com a duração de milissegundos e que apresentam varrimento de dispersão característico dos pulsares de rádio. A natureza física destas explosões é ainda desconhecida e as teorias variam: desde estrelas de neutrões altamente magnetizadas a cúspides de cordas cósmicas.

A primeira FRB foi descoberta em 2007. Conhecida como a rajada de Lorimer, foi um evento singular como uma supernova. Cinco anos depois, foi detetada a primeira FRB repetitiva. A fonte, que recebeu o nome de FRB 121102, revelava caraterísticas complexas a nível da morfologia das explosões e da fenomenologia dos pulsos, bem como como desvios descendentes na frequência de sub-rajadas.

Embora tenham sido identificadas dezenas de FRBs, apenas duas tinham sido repetitivas, podendo ser a chave para resolver os mistérios destas rajadas, já que, antecipando as próximas, os astrónomos podem preparar campanhas de acompanhamento para investigar as FRBs em detalhe.

Agora, a equipa de astrónomos liderada por Bridget C. Andersen, da McGill University, em Montreal, Canadá, relata a deteção de oito FRBs repetitivas, o que pode vir a significar um avanço no estudo destes eventos.

As recém-identificadas FRBs têm medidas de dispersão que variam de 103,5 a 1,281 parsecs/cm3. Para as duas FRBs com baixa medida de dispersão, os astrónomos não podem excluir a possibilidade de serem objetos do halo galáctico. Por isso, propõem para estas fontes observações de seguimento em múltiplos comprimentos de onda para melhor definirem a sua localização.

O estudo descobriu que uma das oito novas FRBs tem rotação de -115 rad/m2 – muito menor do que a observada em FRB 121102, o que permitiu aos astrónomos tirarem já algumas conclusões sobre as propriedades gerais das FRBs.

“Isto, e a ausência de uma fonte de rádio luminosa e persistente comparável nas regiões de incerteza das fontes 1 e 2 sugere que nem todas as fontes repetitivas partilham as condições de FRB 121102”, diz o artigo.

Além disso, os investigadores descobriram que as FRBs repetitivas deste estudo têm em geral medidas de dispersão típicas para as FRBs não repetitivas identificadas pelo CHIME até ao momento. No entanto, mostram sinais de ter rajadas mais largas que as não repetitivas. De acordo com os autores, isto pode sugerir diferentes mecanismos de emissão em fontes repetitivas e não repetitivas.

Os astrónomos encontraram morfologias complexas e sub-rajadas com desvios descendentes em algumas das oito novas FRBs, o que pode indicar que tal fenomenologia não é necessariamente observada em fontes repetitivas.

Por último, os cientistas sublinham o significado da sua descoberta, observando que ela representa um progresso importante na caça às FRBs. Acrescentam que as novas fontes representam uma grande oportunidade para estudos de acompanhamento, que poderão desvendar a misteriosa natureza destes fenómenos.

Fonte da notícia: Phys.org

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