Hora de mudar
28.Out.- 3.Nov.2016 (Portugal)
Na semana passada, apelou-se ao espírito que nos une, a nós, europeus, esta semana, é altura de o ver em ação.
Quantas vezes não tenta um estado pôr toda a nação a tender para o mesmo lado? Por exemplo, abdicar dos poucos benefícios financeiros para pagar as dívidas que algum governo disfuncional arrecadou… a lista é longa. Em todos estes casos e outros semelhantes há sempre quem consiga esquivar-se.
Mas esta semana não.
Esta semana, toda a Europa, desde miúdos a graúdos, irá fazer o mesmo: atrasar o relógio na noite de sábado para domingo, dia 30, revivendo mais uma vez no relógio a mesma hora, minuto a minuto. Aliás, a nível europeu isto ocorre em simultâneo à mesma hora, 1:00 hora UTC (tempo universal coordenado), que são 2:00 horas, aqui, em Portugal continental, 1:00 hora nos Açores, 3:00 ou 4:00 horas na maior parte da UE.
Já agora, se não houvesse mudanças, a hora de inverno seria, e é, a hora considerada normal.
A mudança hora de verão/inverno foi introduzida na generalidade há quase 50 anos e unicamente para enfrentar a crise do petróleo e os gastos de energia em geral. Comprovou-se rapidamente que não havia qualquer poupança ou melhoria significativa em nenhuma das áreas, mas a mudança da hora ficou. Aliás, exceto do facto de as noites de verão terem uma hora de luz solar adicional, as desvantagens da hora de verão são largamente mais numerosas e dispendiosas de tratar do que os poucos proveitos.
A natureza humana, o relógio biológico e o ritmo circadiano respondem com dificuldade às adaptações psicológicas e fisiológicas, com alteração hormonal e até a produção excessiva de hormonas de stress.
Na agricultura e especialmente na pecuária, a natureza requer que os trabalhos sejam feitos à hora do costume e não à hora que o relógio diz.
Em todas as áreas laborais envolvendo serviço ou trabalho noturno, quando a hora muda, os problemas variam e podem nalguns casos chegar a requerer organização complexa para evitar problemas com a lei (p.ex. número de horas máximas).
Os sistemas computorizados e todos os equipamentos sinalizadores do tempo têm de ser mudados e verificados, tipicamente por humanos. O esquecimento de mudar a hora, p.ex. no telemóvel, câmara digital etc., também pode causar várias dificuldades a nível privado.
Somos boas ovelhas, o estado manda, aceitamos e seguimos. No domingo, quantos dirigentes na Europa não mudarão o seu relógio com um sorriso diabólico, sabendo que a eles pouco custa o gesto, mas ao não voltar com a lei para trás sabem que conseguiram enervar até 700 milhões de pessoas.
Obrigação: hora de mudar a hora.
Facultativo: hora de mudar a vida.
Definitivo: hora local aparente nunca muda.
O que tem isto a ver com a astronomia? Os astrónomos eram antigamente encarregados de assegurar que a hora e a data estavam em concordância com o movimento da Terra.
Nota: No seio das coisas do céu não se muda a hora. Apesar das numerosas variedades de tempo empregues, p.ex. TT – Tempo Terrestre, TCB – Tempo Baricêntrico Coordenado, TCG – Tempo Geocêntrico Coordenado, a contagem contínua passa, no máximo, por acertos ao nível dos segundos.
28.10 00:00 Abertura da reta final nas inscrições para formação de professores: Space Awareness – Gaia (5.11) e em Alqueva (12.11) – ver também NUCLIO
29.10 14:11 Marte em periélio (dist. 1.3812 ua)
29.10 19:– Vénus perto de Saturno (Vénus 3°S – Saturno acima e à direita de Vénus)
30.10 02:00 Hora legal passa para 1:00
30.10 17:38 Lua nova
31.10 08:23 Vénus em afélio (dist. 0.7282 ua)
Contacto para as crónicas sobre a atualidade celeste: ceu@astronomia.pt
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