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Buraco negro central da Via Láctea é imprevisível e caótico

Uma equipa internacional de investigadores liderada por Alexis Andrés, um aluno de pós-graduação, descobriu que Sagittarius A*, o buraco negro central da nossa galáxia, brilha de forma irregular não apenas de um dia para o outro, mas também a longo prazo. A equipa analisou 15 anos de dados para chegar a esta conclusão. A investigação foi iniciada por Andrés em 2019, quando era aluno de verão na Universidade de Amsterdão, e prosseguiu nos anos que se seguiram. Será agora publicada na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Esta imagem de raios-X do centro galáctico combina todas as observações do Swift, de 2006 a 2013. Sagittarius A* está no centro. Os raios-X de baixa energia (300 a 1500 eletrões-volt) surgem a vermelho. A verde, os de energia média (1500 a 3000 eV). A azul, os de alta energia (3000 a 10000 eV). Créditos: NASA/Swift/N. Degenaar.

Sagittarius A* é uma fonte intensa de rádio, raios-X e raios gama (a luz visível é bloqueada pelo gás e poeira intermédios). Há décadas que os astrónomos sabem que Sagittarius A* fulgura todos os dias, emitindo rajadas de radiação que são dez a cem vezes mais brilhantes que os sinais normais observados no buraco negro.

Para obter mais informação sobre estas misteriosas fulgurações, a equipa de astrónomos liderada por Andrés procurou padrões em dados obtidos ao longo de 15 anos pelo Observatório Neil Gehrels Swift da NASA, um satélite na órbita da Terra dedicado à deteção de fulgurações de raios gama. O Swift observa raios gama em buracos negros desde 2006. A análise dos dados mostrou elevados níveis de atividade entre 2006 e 2008, com um declínio acentuado nos quatro anos seguintes. Após 2012, a frequência das fulgurações aumentou novamente – os investigadores tiveram assim dificuldade em identificar um padrão.

Nos próximos anos, a equipa espera reunir dados suficientes para poder perceber se as variações nas fulgurações de Sagittarius A* se devem à passagem de nuvens gasosas ou estrelas, ou se há algo mais que pode explicar a atividade irregular observada no buraco negro central da nossa galáxia.

“O longo conjunto de dados do observatório Swift não aconteceu por acaso”, disse Nathalie Degenaar, também da Universidade de Amsterdão, que foi orientadora de Andrés e que é coautora do estudo. O seu pedido para estas medições específicas do Swift foi concedido quando ela era ainda estudante de doutoramento. “Desde então, tenho solicitado regularmente mais tempo de observação. É um programa de observação muito especial que nos permite levar a cabo muita investigação.”

Jakob van den Eijnden, da Universidade de Oxford, outro coautor do estudo, também comentou as descobertas da equipa: “Ainda não conseguimos perceber exatamente como ocorrem as fulgurações. Pensava-se que mais erupções se seguiriam após a passagem de nuvens gasosas ou estrelas pelo buraco negro, mas ainda não tivemos evidências disso. E não podemos ainda confirmar a hipótese de as propriedades magnéticas do gás circundante também desempenharem um papel.”

 

Fonte da notícia: RAS

Tradução: Teresa Direitinho

 

 

An international team of researchers, led by postgraduate student Alexis Andrés, has found that the black hole at the centre of our galaxy, Sagittarius A*, not only flares irregularly from day to day but also in the long term. The team analysed 15 years’ worth of data to come to this conclusion. The research was initiated by Andres in 2019 when he was a summer student at the University of Amsterdam. In the years that followed, he continued his research, which is now to be published in Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

This X-ray image of the galactic centre merges all Swift observations from 2006 through 2013. Sagittarius A* is at the centre. Low-energy (300 to 1,500 electron volts) X-rays appear red. Green are medium-energy (1,500 to 3,000 eV). Blue are high-energy (3,000 to 10,000 eV). Credit: NASA/Swift/N. Degenaar.

Sagittarius A* is a strong source of radio, X-rays and gamma rays (visible light is blocked by intervening gas and dust). Astronomers have known for decades that Sagittarius A* flashes every day, emitting bursts of radiation that are ten to a hundred times brighter than normal signals observed from the black hole.  […] Read the original article at RAS.

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