Versão Portuguesa 🇵🇹English Version 🇬🇧

 

Missão Gaia anuncia dados mais precisos de sempre para quase dois mil milhões de estrelas

Uma equipa internacional de astrónomos apresentou hoje (3 de dezembro) o mais detalhado catálogo das estrelas contidas numa grande região da Via Láctea. As medições das posições estelares, movimento, brilho e cor surgem no terceiro lançamento de dados antecipado do observatório espacial Gaia da Agência Espacial Europeia, agora disponível. As descobertas iniciais incluem a primeira medição óptica da aceleração do Sistema Solar. O conjunto de dados e as primeiras descobertas científicas foram apresentados numa sessão informativa especial organizada pela Royal Astronomical Society.

Diagrama das duas mais importantes galáxias vizinhas da Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães ou LMC (à esquerda) e a Pequena Nuvem de Magalhães (SMC), realizado utilizando dados do satélite Gaia da Agência Espacial Europeia. As duas galáxias estão ligadas por uma ponte de estrelas com 75 mil anos-luz de comprimento, algumas das quais se podem observar estendendo-se para a esquerda da Pequena Nuvem de Magalhães. Créditos: ESA/Gaia /DPAC.

Lançado em 2013, o Gaia opera numa órbita em torno do chamado ponto de Lagrange 2 (L2), localizado a 1,5 milhões de quilómetros da Terra na direção oposta ao Sol.Em L2, as forças gravitacionais entre a Terra e o Sol estão equilibradas, de modo que o satélite permanece em posição estável, permitindo observações do céu a longo prazo essencialmente sem obstáculos.

O objetivo principal do Gaia é medir distâncias estelares utilizando o método de paralaxe. Neste caso, os astrónomos usam o observatório para varrer continuamente o céu, medindo ao longo do tempo a mudança aparente nas posições das estrelas, resultante do movimento da Terra à volta do Sol.

O conhecimento destas pequenas mudanças nas posições das estrelas permite calcular as suas distâncias.Na Terra, o processo torna-se mais difícil devido à desfocagem provocada pela atmosfera terrestre, mas no espaço as medições são apenas limitadas pela óptica do telescópio.

Os dois anteriores lançamentos de dados Gaia incluíram as posições de 1,6 mil milhões de estrelas. O de hoje eleva o total para aproximadamente 2 mil milhões de estrelas, cujas posições são agora significativamente mais precisas do que nos dados anteriores. O Gaia rastreia também a alteração no brilho e as posições das estrelas ao longo da linha de visão (para estrelas de movimento próprio) e, dividindo a sua luz em espectros, mede a velocidade com que elas se aproximam ou afastam do Sol e avalia a sua composição química.

A nossa vizinhança solar – Desde 2013 que o satélite Gaia da ESA mede as posições e características de quase dois mil milhões de estrelas na Via Láctea. Este vídeo mostra um voo panorâmico através dos 326 anos-luz mais próximos do Sol, uma região que contém cerca de 300 mil estrelas. Créditos: ESA/Gaia /DPAC.

Os novos dados incluem medições extremamente precisas para as 300 mil estrelas dentro da região dos 326 anos-luz mais próximos do Sol.Os investigadores utilizam estes dados para prever como mudará o plano de fundo de estrelas nos próximos 1,6 milhões de anos.Confirmam ainda que o Sistema Solar está a acelerar na sua órbita em torno da Galáxia.

Esta aceleração é suave, e a que seria de esperar para um sistema numa órbita circular. Ao longo de um ano, o Sol acelera 7 mm por segundo em direção ao centro da Galáxia, em comparação com a sua velocidade ao longo da sua órbita, de cerca de 230 quilómetros por segundo.

Os dados do Gaia desconstroem ainda as duas maiores galáxias vizinhas da Via Láctea, a Pequena e Grande Nuvens de Magalhães, dando aos investigadores a possibilidade de ver as suas diferentes populações estelares. Uma visualização dramática mostra estes subconjuntos e a ponte de estrelas entre os dois sistemas.

A Pequena e a Grande Nuvens de Magalhães – Os dados do observatório espacial Gaia, da ESA, ajudam-nos a perceber as diferentes populações estelares nas duas principais galáxias vizinhas da Via Láctea, a Grande e Pequena Nuvens de Magalhães. Esta animação representa os diferentes tipos de estrelas nestas galáxias e mostra a dramática ponte de estrelas que as liga, abrangendo 75 mil anos-luz. Créditos: ESA/Gaia /DPAC.

O Gaia está a medir as distâncias de centenas de milhões de objetos que estão a muitos milhares de anos-luz, com uma precisão equivalente a medir a espessura de um cabelo a uma distância de mais de 2 mil quilómetros. Estes dados são um dos pilares da astrofísica, o que nos permite fazer a análise forense da nossa vizinhança estelar e abordar questões cruciais sobre a origem e o futuro da nossa Galáxia,” disse Floor van Leeuwen, do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge, Reino Unido, e Gestor de Projetos do Gaia DPAC.

O Gaia vai continuar a recolher dados pelo menos até 2022, com uma possível extensão da missão até 2025. Espera-se que as publicações finais ofereçam posições estelares 1,9 vezes mais precisas, e movimentos próprios 7 vezes mais precisos, do que os dados lançados até agora, num catálogo de mais de 2 mil milhões de objetos.

Fonte da notícia: RAS

Tradução: Teresa Direitinho

 

Today (3 December), an international team of astronomers announced the most detailed ever catalogue of the stars in a huge swathe of our Milky Way galaxy. The measurements of stellar positions, movement, brightness and colours are in the third early data release from the European Space Agency’s Gaia space observatory, now publicly available. Initial findings include the first optical measurement of the acceleration of the Solar system. The data set, and early scientific discoveries, were presented at a special briefing hosted by the Royal Astronomical Society.

A diagram of the two most important companion galaxies to the Milky Way, the Large Magellanic Cloud or LMC (left) and the Small Magellanic Cloud (SMC) made using data from the European Space Agency Gaia satellite. The two galaxies are connected by a 75,000 light-years long bridge of stars, some of which is seen extending from the left of the SMC. Credit: ESA/Gaia/DPAC.

Launched in 2013, Gaia operates in an orbit around the so-called Lagrange 2 (L2) point, located 1.5 million kilometres behind the Earth in the direction away from the Sun. […] Read the original article at Royal Astronomical Society website.

Classificação dos leitores
[Total: 0 Média: 0]