Quatro escolas portuguesas vão, pela primeira vez, dar o nome a um objeto do Sistema Solar
Pela primeira vez, jovens cientistas das escolas secundárias portuguesas vão ter a oportunidade de atribuir o nome a um objeto do Sistema Solar. Trata-se de um asteroide que foi descoberto por quatro equipas de alunos e professores do nosso país em 2012, mas as regras da União Astronómica Internacional obrigaram a quase 6 anos de espera até a descoberta poder ser oficializada. Inicialmente designado por 2012 FF25, este objeto tem sido observado nos últimos anos pelos mais importantes telescópios do mundo.
A campanha que levou à descoberta do asteroide 2012 FF25 pelos jovens alunos portugueses envolveu escolas e universidades de todo o mundo, em parceria com o programa internacional de procura de pequenos corpos do Sistema Solar, IASC (International Asteroid Search Collaboration), com sede na Universidade de Hardin-Simmons no Texas, EUA e dirigido pelo Professor Patrick Miller. Em Portugal, a organização destas campanhas é feita pelo NUCLIO – com a coordenação da professora Ana Costa – e tem contado com o entusiasmo de muitos professores e alunos que aceitam participar nesta aventura de caçar asteroides fora dos horários letivos normais.
Nesta campanha, em particular, estiveram envolvidas várias escolas portuguesas, e a sorte de descobrir o objeto 2012 FF25 coube às equipas constituídas por: Sofia Fernandes, Sofia Lopes e professor João Vieira, da Escola Secundária D. Maria II, Braga; João Martins e professora Cecília Silva, da Escola Secundária Luís de Freitas Branco, Paço D’Arcos; Bernardo Figueiredo e professor Paulo Carapito, da Escola Secundária D. Inês de Castro, Alcobaça; Anderson Ferreira Filho, Daniel Parauta, Cindy Alves e professora Lília Pires, do Agrupamento de Escolas de Valpaços.
Os dados que as equipas analisaram foram recolhidos pelo projeto Pan-STARRS com o telescópio PS1, de 1,8 metros de diâmetro, no Havai. O asteroide levou quase 6 anos a ser validado, com várias observações subsequentes que serviram para determinar com rigor a sua órbita e posição. A descoberta foi finalmente tornada oficial pelo Minor Planet Center, que inclui agora o asteroide no catálogo dos corpos do Sistema Solar, e que lhe irá atribuir o nome escolhido pelos seus descobridores.
Curiosamente, já existe um asteroide com o nome Portugal, mas foi descoberto em 1986 por um astrónomo dinamarquês, Richard M. West. Trata-se de um objeto com cerca de 10 quilómetros de diâmetro, da cintura de asteroides entre Marte e Júpiter e que orbita o Sol a uma distância de 485 milhões de quilómetros. A designação “3933 Portugal” foi-lhe atribuída para assinalar o ano em que Portugal iniciou formalmente o seu percurso de cerca de dez anos para se tornar um estado membro do ESO.
Agora, a descoberta deve-se mesmo a portugueses e, o que é mais importante, a jovens estudantes do Ensino Secundário.
Existem muitos “jovens caçadores de asteroides” espalhados pelo o mundo que todos os anos dão um importante contributo para a ciência e também para a segurança na Terra. Com efeito, alguns destes objetos podem estar em risco de colidir com o nosso planeta e é necessário descobri-los e seguir continuamente as suas órbitas. Estas campanhas de observação servem como sistemas de vigilância terrestre sendo acompanhadas de perto pelas várias agências espaciais internacionais.
Desde 2007 – já lá vão 10 anos – que o NUCLIO trabalha com as escolas portuguesas, de Macau e também dos países africanos de língua oficial portuguesa na pesquisa de asteroides, mas esta é a primeira vez que chegamos a esta etapa final do percurso. É um momento de grande alegria para nós e para todos os envolvidos que poderão registar para sempre nos seus currículos esta descoberta tão importante.
Parabéns a todos os que contribuíram para este marco histórico da Astronomia em Portugal.
Fonte: NUCLIO
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