Um estudo realizado sobre o planeta anão Haumea levou a uma descoberta intrigante: Haumea tem um anel à sua volta. Esta particularidade pode ser somada à já longa lista de aspetos únicos deste estranho mundo de rotação vertiginosa.

Ilustração de Haumea.
Ilustração de Haumea, com proporções certas para o corpo principal e o anel. O anel está a uma distância de 2287 km do centro do corpo principal e é mais escuro que a superfície do planeta anão. Crédito: Instituto de Astrofísica de Andalucía.

A 21 de janeiro de 2017, Haumea passou à frente de uma estrela distante, num evento conhecido como ocultação. A estrela de fundo pôde deste modo ajudar os astrónomos a conhecerem melhor as características do objeto que passava à sua frente, fornecendo informações sobre o seu tamanho, forma e densidade, que de outra forma seriam difíceis de obter. Como nunca tinha sido observada uma ocultação com Haumea, os cientistas ficaram primeiro ansiosos e depois surpresos.

“Uma das descobertas mais interessantes e inesperadas foi a de um anel em torno do planeta anão,” disse Pablo Santos-Sanz, do Instituto de Astrofísica da Andaluzia (IAA-CSIC).

Esta foi a primeira vez que se descobriu um anel em torno de um objeto transneptuniano e, segundo a equipa, a descoberta mostra que a presença de anéis pode ser muito mais comum do que se pensava, tanto no Sistema Solar como em outros sistemas planetários.

Vídeo de divulgação produzido por ocasião da publicação (outubro de 2017) na Nature do artigo: “O tamanho, forma, densidade e anel do planeta anão Haumea a partir de uma ocultação estelar” por J.L. Ortiz et al. Crédito: Instituto de Astrofísica de Andalucía.

“Doze telescópios de dez observatórios europeus diferentes observaram o fenómeno,” disse José Luis Ortiz, também do IAA-CSIC, que liderou a observação. “Os meios técnicos permitiram-nos reconstruir com uma precisão muito alta a forma e o tamanho do planeta anão Haumea, e para nossa surpresa descobrimos que é consideravelmente maior e menos refletivo do que pensávamos. É também muito menos denso, o que veio dar resposta a questões pendentes sobre o objeto.”

Os dados mostram que Haumea, que tem forma elipsoidal, semelhante à de um ovo, mede aproximadamente 2320 km no seu eixo maior – as estimativas anteriores, feitas a partir de várias observações, apontavam para 1400 km. Demora 3,9 horas a dar uma volta completa em torno de seu eixo, um tempo muito inferior ao de qualquer outro corpo no Sistema Solar que meça mais de 100 km de comprimento, e esta velocidade de rotação é provavelmente a causa da forma aplanada, de elipsoide, que o planeta anão hoje apresenta. Haumea orbita o Sol num ciclo elíptico que leva 284 anos a ser concluído. Além disso, tem duas luas pequenas.

Haumea e as suas luas.
Ilustração do planeta anão Haumea e das suas luas, Hi’aka e Namaka. Crédito: NASA.

Os dados obtidos por Ortiz e a sua equipa mostram que o anel se situa no plano equatorial do planeta anão e que “revela uma ressonância de 3:1 em relação à rotação de Haumea, o que significa que as partículas congeladas que compõem o anel rodam três vezes mais devagar que o planeta em torno do seu eixo.”

Segundo Ortiz, há algumas explicações possíveis para a formação do anel, como ele ter tido origem numa colisão com outro objeto, ou então na dispersão do material da superfície devida à alta velocidade de rotação do planeta anão.

Todos os planetas gigantes do Sistema Solar têm anéis, sendo o de Saturno o mais massivo e conhecido. Mas também se encontraram anéis em pequenos asteroides Centauros, localizados entre Júpiter e Neptuno. “Agora, descobrimos que corpos ainda mais distantes que esses asteroides, corpos de maiores dimensões e com características gerais muito diferentes, também podem ter anéis,” disse Santos-Sanz.

As descobertas foram publicadas num artigo na revista Nature.

Fonte da notícia: Universe Today

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