Uma estudante de doutoramento do CAASTRO (Centre of Excellence for All-sky Astrophysics), na Austrália, resolveu, com a ajuda de um radiotelescópio que ela própria ajudou a renovar, uma das mais acesas questões em astronomia.

Manisha Caleb, estudante da Universidade Nacional da Austrália e a trabalhar na Universidade de Tecnologia de Swinburne, confirmou que as misteriosas explosões rápidas de rádio (fast radio bursts) que os astrónomos têm vindo a detetar ao longo dos últimos dez anos vêm efetivamente do espaço exterior.

Explosões rápidas de rádio nas constelações de Puppis e Hydra.
Ilustração que mostra três pontos vermelhos brilhantes a representar três explosões rápidas de rádio, muito além da Via Láctea, surgindo nas constelações de Puppis e Hydra. As explosões foram detetadas com o Telescópio Molonglo, também na imagem. Créditos: James Josephides/Mike Dalley.

Caleb e uma equipa de investigadores de Swinburne detetaram três “explosões rápidas de rádio” com o MOST (Molonglo Observatory Synthesis Telescope), da Universidade de Sydney, a 40 km de Canberra. As explosões vinham da direção das constelações da Popa (Puppis) e de Hidra Fêmea (Hydra).

A certeza dos investigadores decorre da natureza do radiotelescópio Molonglo: “devido às características do telescópio, estamos 100% seguros de que as explosões vieram do espaço exterior,” disse Caleb.

Até agora, as 20 explosões rápidas de rádio conhecidas tinham sido encontradas com radiotelescópios parabólicos, como o do radiotelescópio Parkes. Mas ao contrário do que acontece com a maioria das antenas parabólicas, o Molonglo pode ver vários pontos ou feixes no céu de uma só vez.

“As interferências de rádio locais surgem em vários feixes do Molonglo, os sinais cósmicos nunca surgem em mais de três,” disse Chris Flynn, da Universidade de Swinburne, um dos supervisores da equipa. Flynn e Caleb fizeram parte da equipa de Swinburne que, nos últimos dois anos, renovou o telescópio, transformando-o num instrumento próprio para caçar os misteriosos sinais.

Em todo o mundo, há várias equipas à procura de outras explosões e a tentar identificar as suas origens.

Uma das novas explosões detetadas pelo Molonglo, FRB 160410, pode ser a mais próxima alguma vez encontrada. Matthew Bailes, professor de Swinburne, outro dos supervisores da equipa, declarou: “queremos observar esta em particular para ver se ela se repete. Se isso acontecer, teremos uma melhor oportunidade de fixar a sua localização e de a relacionarmos com uma galáxia. Perceber de onde vêm as explosões é a chave para compreendermos o que as origina.”

O telescópio Molonglo tem uma enorme área de recolha (18 mil metros quadrados) e um grande campo de visão (oito graus quadrados no céu), o que o torna excelente para descobrir explosões rápidas de rádio.

Ao longo dos próximos dois anos, o telescópio será ainda mais aperfeiçoado, adquirindo a capacidade de localizar explosões em cinco segundos de arco no céu. (Um segundo de arco tem aproximadamente a largura de um cabelo humano visto a dez metros de distância.)

“Até agora, apenas uma explosão foi suficientemente bem localizada para poder ser relacionada com uma galáxia específica. Esperamos que o Molonglo consiga o mesmo para muitas mais explosões,” disse Caleb.

Este trabalho foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

 

Fonte da notícia: RAS

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