23.Set.- 29.Set.2016 (Portugal)

Nesta altura do ano, voltam tipicamente os crepúsculos mais coloridos ao nascer e pôr do sol. O horizonte banhado nas mais variadas tonalidades, brilho intenso a emanar onde pouco antes havia ou irá haver o Sol e “Ena, que estrela é esta ali ao pé?”.
Não é muito raro que esta pergunta se coloque no mesmo dia, tanto de manhã como ao fim da tarde. A resposta popular é, normalmente, que esta “é a estrela da manhã” e “é a estrela da tarde”.

Mas como pode isto ser? A mesma estrela duas vezes ao dia?
Pois, não pode ser, nem nunca poderá ser sem que haja primeiro uma grave alteração do trajeto da Terra. Nesse caso, porém, não haverá gente para presenciar este fenómeno.

O que aqui temos, no caso da alegada estrela da manhã, é o planeta Mercúrio, o qual está atualmente mais afastado do Sol, visto aqui da Terra. Por mera coincidência, Mercúrio em órbita solar está fisicamente na sua maior aproximação ao Sol.

No caso da estrela da tarde temos, de facto, o planeta Vénus. É Vénus que traz desde tempos remotos o atributo de estrela da tarde ou de estrela da manhã, conforme o caso.

Mas como já é sabido há muito, Vénus não é estrela nenhuma, por mais se pareça, assim, a olho nu.

Na manhã do dia 29, antes do nascer do sol, há Mercúrio bem destacado junto ao horizonte e uma Lua finíssima logo ao pé. A Lua está prestes a passar para a fase de lua nova, dia e meio mais tarde, por isso, mal dá nas vistas e é por isso que a conjunção entre os dois é tão bonita de ver. A distância mínima aparente entre a Lua e o planeta ocorre, infelizmente, já com o Sol acima do horizonte.

Mercúrio e Vénus vistos da Terra
Vista com órbitas para o interior do Sistema Solar no dia 28, aquando da máxima elongação de Mercúrio. A Lua, ao pé de Mercúrio, estará ainda mais perto no dia seguinte. A Terra é vista do lado noturno, com a meia-noite nas Arábias, Turquia etc. O lado leste da Terra (bordo direito) é o lado matinal que gira gradualmente para se expor ao Sol. Enquanto a Terra gira e antes de se ver o Sol, como sugere a imagem, aparece Mercúrio no campo de visão e faz-se passar por estrela de manhã. Do lado diurno a rotação da Terra leva as paisagens para o bordo esquerdo. Mesmo junto do bordo é hora do pôr-do-sol. Quando o Sol deixa de ser visível resta ainda Vénus por algum tempo. Por isso é vista como estrela da tarde. Do lado distante mas junto do disco solar encontra-se Júpiter, o qual foi omitido na figura. Crédito: GRM

Em todo o caso, tanto de manhã como de tarde, uma câmara, telemóvel, ou o que houver de moderno com capacidade para tirar fotografias consegue registar nestes dias imagens fascinantes de ambos os lados do crepúsculo com planeta à vista.

Depois do dia 28, Mercúrio inicia o seu regresso para junto do disco solar. Vénus, por outro lado, irá continuar todo o resto do ano fazer o seu papel de planeta disfarçado de estrela da tarde.

Já agora, quantos crepúsculos há por dia? Pode deixar a sua resposta ou aposta nos comentários em baixo.

Fenómenos da semana
23.9. 10:56 Lua em quarto minguante
25.9. 01:46 Planeta anão 136472 MakeMake em conjunção.
26.9. 07:59 Júpiter em conjunção
28.9. 16:22 Mercúrio em periélio
28.9. 20:27 Mercúrio em elongação máxima oeste (17,9° oeste do Sol)
29.9. 09:32 Lua junto de Mercúrio (1° S Lua, última visibilidade ~7h)

Contacto para as crónicas sobre a atualidade celeste: ceu@astronomia.pt

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