Os astrónomos conseguiram, pela primeira vez, observar diretamente uma estrela moribunda parecida com o Sol a engolir um exoplaneta. Com a ajuda do telescópio Gemini Sul do NOIRLab, situado no Chile, os investigadores observaram uma longa explosão com baixa energia numa estrela – um sinal revelador de um planeta a “deslizar” perto da superfície da estrela.

lustração que mostra uma estrela a devorar um dos seus planetas. Os primeiros sinais deste evento foram observados numa explosão longa e de baixa energia ocorrida na estrela – assinatura reveladora de um planeta a deslizar ao longo da superfície de uma estrela. Crédito: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/M. Garlick/M. Zamani.

A explosão estelar de longa duração e baixa energia ocorreu na nossa Via Láctea, a quase 13.000 anos-luz de distância da Terra. Mas vamos tentar perceber porque é que isto pode ser preocupante para planetas como Mercúrio, Vénus (e a Terra!).

As estrelas como o Sol crescem combinando átomos de hidrogénio nos seus núcleos para formar hélio, um processo conhecido como fusão nuclear. Este processo interno permite que a estrela fique estável e não seja esmagada pelo peso das suas camadas mais externas. Quando o núcleo fica sem hidrogénio, a reação de fusão começa a deslocar-se para as camadas externas da estrela, fazendo com que se expandam e cresçam. O hélio começa então a fundir-se no núcleo, transformando-se em carbono, e a estrela eventualmente transforma-se numa gigante vermelha.

Dentro de aproximadamente 5 mil milhões de anos, o Sol irá tornar-se numa gigante vermelha! A nossa estrela mãe crescerá tanto nos seus momentos finais que irá consumir os planetas internos do Sistema Solar – incluindo a Terra! Este tipo de encontros dramáticos entre planetas e estrelas exibem a uma explosão de energia e materiais, que faz com que os planetas saiam das suas órbitas e caiam na estrela. E os astrónomos acabaram de captar um destes eventos a acontecer.

É um grande desafio diferenciar o evento de um planeta a ser engolido, como este que os astrónomos observaram (denominado ZTF SLRN-2020), a partir de erupções solares ou ejeções de massa coronal. Graças à sua tecnologia ótica, o telescópio Gemini Sul forneceu dados essenciais através dos quais os investigadores puderam confirmar que as observações em tempo real representavam de facto um planeta a ser engolido.

Com estes resultados, os astrónomos podem agora usar técnicas melhoradas para procurar eventos semelhantes no cosmos, o que irá ajudar a encontrar o elo perdido na compreensão do que realmente acontece durante as fases finais de sistemas planetários como o nosso.

Facto Curioso:

Os fogos de artifício estelares “longos e de baixa energia” duraram 100 dias. Os astrónomos estimaram que o material ejetado da explosão é composto por hidrogénio e pesa 33 massas terrestres – e a poeira pesa um terço da massa do nosso planeta. A equipa estimou também que a estrela deste evento tem quase o dobro da massa do Sol e que o planeta que engoliu pode ter até 10 vezes a massa de Júpiter!

 

Este Space Scoop tem por base um comunicado de imprensa NOIRLab.

Tradução: Teresa Direitinho

🇬🇧 English version also available in this website

Space Scoop original (em inglês)

Versão portuguesa no Space Scoop

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