Em conferências de imprensa ocorridas de 8 a 12 de janeiro em Seattle, durante o 241ª Encontro da American Astronomical Society (AAS), os cientistas partilharam as novas descobertas e novidades do Telescópio Espacial James Webb, também conhecido por “Webb” ou “JWST”.

Investigadores da NASA e de várias universidades falaram sobre os resultados obtidos pelo Webb em diferentes áreas científicas, desde as fases iniciais do Universo e a evolução galáctica até às atmosferas de exoplanetas e a formação de estrelas jovens.

Uma Visão Inicial da Evolução da Estrutura das Galáxias em z = 3-9 com o JWST

Os cientistas analisaram as morfologias, ou aparência e estrutura, de 850 galáxias distantes a partir de observações realizadas com o instrumento NIRCam (Near Infrared Camera) do Webb e compararam-nas com as morfologias obtidas anteriormente com base em imagens do Telescópio Espacial Hubble. O termo “z” indica o desvio para o vermelho (ou redshift) das galáxias observadas e é uma medida da distância do objeto. No âmbito do Programa CEERS (Cosmic Evolution Early Release Science), os cientistas efetuaram classificações visuais de cada galáxia, bem como medições quantitativas da sua estrutura. No geral, as descobertas mostraram galáxias com uma grande diversidade de morfologias até aos maiores desvios para o vermelho, e muitas com morfologias diferentes das observadas anteriormente pelo Hubble. Saiba mais aqui.

Descobrindo Galáxias Ervilha no Universo Inicial com JWST

Uma nova análise de galáxias distantes captadas pelo Webb mostra que são extremamente jovens e que têm notáveis semelhanças com as “galáxias ervilha”, uma classe rara de pequenas galáxias que ainda existe na nossa vizinhança cósmica. As galáxias ervilha surgem como pequenos pontos redondos e não resolvidos numa tonalidade nitidamente verde. Os investigadores estabeleceram ligações entre as galáxias distantes do primeiro Deep Field do Webb e estas galáxias próximas, que podem ser estudadas em maior detalhe. Saiba mais aqui.

Os três objetos ténues (marcados a círculo) captados na imagem Deep Field do Webb do enxame de galáxias SMACS 0723 exibem propriedades notavelmente semelhantes a pequenas galáxias raras, conhecidas por “galáxias ervilha”, que podemos encontrar muito mais perto de nós. A massa do enxame torna-o uma lente gravitacional, que amplia e distorce as galáxias de fundo. Estamos a ver estas pequenas galáxias ervilha tal como eram quando o Universo tinha cerca de 5% da sua idade atual de 13,8 mil milhões de anos. A galáxia ervilha mais distante, à esquerda, contém apenas 2% da abundância em oxigénio de uma galáxia como a nossa e pode ser a galáxia mais primitiva, em termos químicos, identificada até agora. Créditos: NASA, ESA, CSA, and STScI.

Fazendo Zoom no Turbulento Meio Intergaláctico e no Quinteto de Stephan com o JWST e o ALMA

As ondas de choque resultantes da violenta colisão entre uma galáxia intrusa e o Quinteto de Stephan estão a ajudar os astrónomos a perceber de que modo a turbulência influencia o gás no meio intergaláctico. As novas observações realizadas com o Webb e o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) revelaram que uma explosão sonora com várias vezes a dimensão da Via Láctea acionou uma central de reciclagem de hidrogénio molecular quente e frio. Além disso, os cientistas descobriram a desintegração de uma nuvem gigante numa névoa de gás quente, a possível colisão de duas nuvens projetando borrifos de gás quente à sua volta e a formação de uma nova galáxia. Saiba mais aqui.

Grande Número de Galáxias Candidatas em z ~ 11-20 Revelado pelas Primeiras Observações do JWST

Usando dados do primeiro Deep Field do Webb, SMACS 0723-73, os cientistas descobriram um total de 87 galáxias candidatas num desvio para o vermelho, ou redshift (z), maior que 11. Tratou-se da primeira grande amostra de galáxias candidatas com desvios para o vermelho tão elevados. Segundo os investigadores, em previsões anteriores não era esperado um número tão grande de objetos candidatos em redshifts tão elevados o que exige uma investigação mais aprofundada. Saiba mais aqui.

Revelando os Corações das Galáxias Envoltos em Poeira com o JWST

A galáxia vizinha Seyfert NGC 7469 hospeda no seu centro um buraco negro supermassivo, ativo, cercado por um anel de formação estelar, apresentando-se como um laboratório ideal para investigar em detalhe a interação entre um buraco negro e a sua galáxia hospedeira. A alta resolução espectroscópica do Webb no infravermelho médio permitiu não apenas uma visão clara deste fenómeno através do véu de poeira, mas também que os cientistas pudessem mapear e rastrear pela primeira vez o movimento de espécies de gás molecular frio e ionizado próximas do núcleo ativo. Este estudo revelou um fluxo altamente ionizado impulsionado pelo buraco negro supermassivo central em NGC 7469 que também está a aquecer o meio interestelar próximo através de choques e a destruir pequenos grãos de poeira, o que mostra o poder do telescópio em revelar a física dos processos de feedback subjacentes à evolução de buracos negros e galáxias. Saiba mais aqui.

JWST Mostra Imagens de um jovem sistema com disco de detritos poeiras

Os cientistas partilharam imagens, obtidas pela NIRCam do Webb, do famoso sistema com disco de detritos e poeiras AU Microscopii (ou AU Mic). Estas imagens assinalam a primeira deteção do disco em comprimentos de onda infravermelhos de 3-4 mícron, permitindo novas perspetivas sobre a composição do material. Embora não tenham sido detetados planetas no disco, os dados são sensíveis a planetas com aproximadamente duas vezes a massa de Neptuno – o que limita significativamente quaisquer planetas ainda não observados que possam ali existir. Saiba mais aqui.

Estas duas imagens são do disco de detritos e poeiras em torno de AU Mic, uma estrela anã vermelha localizada a 32 anos-luz de distância na constelação austral Microscopium. Os cientistas usaram a NIRCam do Webb para estudar AU Mic. O coronógrafo da NIRCam, que bloqueou a luz intensa da estrela central, permitiu que a equipa estudasse a região muito próxima à estrela. A localização da estrela é marcada por uma representação gráfica a branco no centro de cada imagem. O círculo a tracejado indica a região bloqueada pelo coronógrafo. Créditos: NASA, ESA, CSA, and K. Lawson (Goddard Space Flight Center). Image processing: A. Pagan (STScI).

Webb Confirma Exoplaneta Rochoso

O Webb confirmou o seu primeiro exoplaneta. Formalmente classificado como LHS 475 b, o planeta tem quase o mesmo tamanho que a Terra, com 99% do seu diâmetro. A equipa escolheu observar este alvo com o Webb depois de rever cuidadosamente os alvos de interesse do satélite TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA, que indicava a existência do planeta. O instrumento NIRSpec (Near-Infrared Spectrograph) do Webb captou facilmente o planeta com apenas duas observações do trânsito. Saiba mais aqui.

Resultados de Imagens Iniciais do JWST: Formação de Estrelas Jovens em NGC 346

NCG 346 está localizada na Pequena Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã próxima à Via Láctea. Em comparação com a Via Láctea, a Pequena Nuvem de Magalhães contém concentrações mais baixas de elementos mais pesados que o hidrogénio ou o hélio e a que os astrónomos dão o nome de metais. Como os grãos de poeira no espaço são compostos principalmente por metais, os cientistas esperavam que houvesse pequenas quantidades de poeira e que fosse difícil detetá-la. Mas os novos dados obtidos pelo Webb revelam o contrário. Saiba mais aqui.

NGC 346, captada pela NIRCam (câmara de infravermelho próximo) do Telescópio Espacial James Webb, da NASA. Credits: NASA, ESA, CSA, O. Jones (UK ATC), G. De Marchi (ESTEC), and M. Meixner (USRA). Image processing: A. Pagan (STScI), N. Habel (USRA), L. Lenkic (USRA) and L. Chu (NASA/Ames).

 

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Fonte da notícia: NASA

Tradução: Teresa Direitinho.

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