Os astrónomos descobriram, pela primeira vez, pistas surpreendentes de uma “quilonova” – uma enorme explosão provocada pelo choque de estrelas de neutrões – ao estudarem o seguimento de uma longa explosão de raios gama.

Mas o que torna tão surpreendente a descoberta desta quilonova, em que duas equipas diferentes de astrónomos obtiveram os mesmos resultados? Vamos ver!

Ilustração que mostra uma quilonova produzida por duas estrelas de neutrões em colisão. Quando estudavam as consequências de uma longa fulguração de raios gama (GRB), duas equipas independentes de astrónomos, uma a usar o telescópio Gemini Norte no Havai e a outra o telescópio Gemini Sul no Chile, descobriram as inesperadas características de uma quilonova. Créditos: NOIRLab/NSF/AURA /J. da Silva/Spaceengine.

As explosões ou fulgurações de raios gama (GRBs, do inglês Gamma-ray Bursts) são os “fogos de artifício” mais poderosos do Universo. Em geral, as GRBs são fenómenos que ocorreram no Universo inicial muito distante e a sua luz levou mais de seis mil milhões de anos a chegar ao nosso planeta, tornando impossível o seu estudo até agora.

Em 2021, os telescópios da NASA captaram uma poderosa fulguração de raios gama – à qual se deu o nome de GRB 211211A – invulgarmente próxima do nosso planeta, a apenas mil milhões de anos-luz de distância. Tão próxima que os astrónomos podem agora estudar esta longa fulguração em grande detalhe.

As GRBs longas ocorrem sobretudo quando uma estrela massiva, com pelo menos dez vezes a massa do Sol, explode como uma supernova. Por sua vez, as GRBs curtas acontecem quando dois objetos compactos (duas estrelas de neutrões, ou uma estrela de neutrões e um buraco negro), colidem, formando uma quilonova. Ao contrário de uma supernova que dura até um minuto, uma quilonova dura apenas dois segundos!

Duas equipas, uma delas a usar o telescópio Gemini Norte no Havai e a outra a usar o telescópio Gemini Sul no Chile, observaram de forma independente GRB 211211A, esperando descobrir uma supernova. Surpreendentemente, ambas as equipas detetaram um brilho residual no infravermelho próximo, uma característica única de uma quilonova, no mesmo local em que as explosões de raios gama tiveram origem. Esta descoberta revela que ainda há muito para compreender sobre a origem das explosões de raios gama.

E mais, as extremas condições físicas nas quilonovas produzem elementos pesados, como ouro, platina e tório, dando aos astrónomos um novo caminho para o estudo de como se formam estes elementos no Universo.

 

Facto Curioso:

Os telescópios gémeos Gemini foram os primeiros a detetar esta quilonova em comprimentos de onda do infravermelho próximo do espectro eletromagnético. Os elementos pesados ejetados na quilonova bloqueiam a luz visível, mas permitem a passagem da luz infravermelha com comprimentos de onda muito mais longos, e apenas telescópios sensíveis como os Gemini podem detetar uma quilonova nestes comprimentos de onda.

 

Este Space Scoop tem por base um comunicado de imprensa NOIRLab.

Tradução: Teresa Direitinho

🇬🇧 English version also available in this website

Space Scoop original (em inglês)

Versão portuguesa no Space Scoop

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