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A análise dos dados obtidos nas últimas duas semanas pela equipa de investigação da Missão DART (Double Asteroid Redirection Test), da NASA, mostra que o impacto cinético da nave com o asteroide alvo, Dimorphos, alterou com sucesso a órbita do asteroide. Esta conquista marca a primeira vez que se conseguiu alterar propositadamente o movimento de um objeto celeste e a primeira demonstração em grande escala da tecnologia de deflexão de asteroides.

Esta imagem do Telescópio Espacial Hubble da NASA, obtida a 8 de outubro de 2022, mostra os detritos da explosão da superfície de Dimorphos 285 horas após o asteroide ter sofrido o impacto intencional da nave DART da NASA, a 26 de setembro. A forma da cauda de detritos foi mudando ao longo do tempo. Os cientistas continuam a estudar este material e o seu movimento no espaço, a fim de compreenderem melhor o asteroide. Créditos: NASA/ESA/STScI/Hubble.

“Todos nós temos a responsabilidade de proteger o nosso planeta. Afinal, é o único que temos”, disse Bill Nelson, administrador da NASA. “Esta missão mostra que a NASA está a tentar preparar-se para o que quer que o Universo nos traga. Provámos que levamos a sério a defesa do planeta. Este é um momento decisivo para a defesa planetária e para toda a humanidade, o que mostra o compromisso da excecional equipa da NASA e dos seus parceiros em todo o mundo”.

Antes do impacto da DART, Dimorphos levava 11 horas e 55 minutos a orbitar o seu asteroide hospedeiro, Didymos.Desde a colisão, ocorrida a 26 de setembro, que os astrónomos têm usado telescópios terrestres para medir alterações no intervalo de tempo dessa órbita, podendo agora confirmar que o impacto da nave alterou em 32 minutos a órbita de Dimorphos em torno de Didymos, encurtando-a para 11 horas e 23 minutos.Esta medição tem uma margem de incerteza de aproximadamente 2 minutos.

Antes da colisão, a NASA tinha definido uma alteração mínima de sucesso do período orbital de Dimorphos, de 73 segundos ou mais. Estes primeiros dados mostram que a DART superou este ponto de referência mínimo em mais de 25 vezes.

“Este resultado é um passo importante para compreender o efeito total do impacto da DART com o seu asteroide alvo”, disse Lori Glaze, diretora da Divisão de Ciência Planetária da NASA, na sede da NASA, em Washington. “À medida que forem chegando novos dados, os astrónomos poderão avaliar melhor se, e de que modo, uma missão como a DART pode ser usada no futuro para ajudar a proteger a Terra da colisão com um asteroide, no caso de descobrirmos um a vir na nossa direção.”

A equipa está ainda a adquirir dados com a ajuda de observatórios terrestres em todo o mundo – bem como de instalações de radar, como o radar planetário Goldstone do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, na Califórnia, e o Observatório Green Bank da NSF (National Science Foundation), em West Virginia.Os investigadores estão a atualizar a medição do período com observações frequentes para melhorar a sua precisão.

A atenção está agora a mover-se para a medição da eficiência da transferência de momento na colisão de DART, a aproximadamente 22530 km/h, com o seu alvo. Isto inclui uma análise mais aprofundada do “material ejetado”: as muitas toneladas de rocha do asteroide que foram deslocadas e lançadas no espaço pelo impacto. O recuo produzido por esta explosão de detritos aumentou substancialmente o impulso da DART contra Dimorphos – algo semelhante a um jato de ar a sair de um balão, que lança o balão na direção oposta.

Para compreendermos com sucesso o efeito do recuo do material ejetado, são necessárias mais informações sobre as propriedades físicas do asteroide, como as características da sua superfície e se é ou não resistente. Estas questões ainda estão a ser investigadas.

“A missão DART ofereceu-nos alguns dados fascinantes sobre as propriedades dos asteroides e a eficácia de um elemento de impacto cinético como tecnologia de defesa planetária”, disse Nancy Chabot, chefe de coordenação da DART no Laboratório de Física Aplicada (APL) da Johns Hopkins, em Laurel, Maryland. “A equipa da DART continua a analisar este rico conjunto de dados para compreender totalmente este primeiro teste de defesa planetária de deflexão de asteroides.”

Para esta análise, os astrónomos vão continuar a estudar imagens de Dimorphos obtidas na abordagem terminal da DART e com o satélite LICIACube (Light Italian CubeSat for Imaging of Asteroids), da Agência Espacial Italiana, para conseguir uma estimativa aproximada da massa e da forma do asteroide. Dentro de aproximadamente quatro anos, o projeto Hera da Agência Espacial Europeia irá também realizar estudos detalhados de Dimorphos e Didymos, com particular ênfase na cratera provocada pela colisão de DART e medições precisas da massa de Dimorphos.

O Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins construiu e operou a nave DART e gere a Missão DART para o Centro de Coordenação de Defesa Planetária da NASA, no âmbito de um projeto do Planetary Missions Program Office da agência. As instalações que têm vindo a contribuir para as observações utilizados pela equipa da DART para obter este resultado são as seguintes: Goldstone, Observatório Green Bank, Telescópio Swope no Observatório Las Campanas no Chile, Telescópio Dinamarquês do Observatório de La Silla no Chile, e as instalações da rede global de telescópios do Observatório Las Cumbres no Chile e África do Sul.

Nem o Dimorphos nem o Didymos representam qualquer perigo para a Terra, antes ou depois da colisão controlada.

 

Fonte da notícia: NASA

Tradução: Teresa Direitinho

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