A ciência é para ti
A ciência é para ti
Nas próximas semanas, o NUCLIO e o Portal do Astrónomo abrem-se a uma colaboração estreita com a Soapbox Science. Esta iniciativa, que celebra o seu 10º aniversário, vai pela primeira vez ter lugar em Lisboa, ainda que, devido às presentes circunstâncias sanitárias, de forma virtual. Através dela, 10 fantásticas mulheres cientistas vão, no dia 19 de Setembro, apresentar a sua extraordinária investigação!
Assim, vamos apresentar durante agosto e setembro artigos escritos pelas cientistas que tomarão parte no evento deste ano, sobre a sua investigação, o seu percurso profissional e as suas aspirações, bem como as experiências de ser mulher na área STEMM.
Começamos com algumas palavras sobre a visão e a missão desta plataforma global de divulgação pública, seguidas da apresentação da equipa Soapbox Science Lisbon.
Soapbox Science é uma iniciativa de divulgação pública sem fins lucrativos, para promover as mulheres na ciência e na investigação, através do envolvimento público.
Fundada no Reino Unido em 2011 por duas investigadoras, as biólogas Dra. Nathalie Pettorelli e Dra. Seirian Sumner, a Soapbox Science promove eventos que transformam áreas públicas numa arena de aprendizagem pública e debate científico, e que chegam da Europa à África, e da América do Norte à América do Sul, bem como à Austrália. O formato dos eventos é inspirado pelo ‘Speaker’s Corner’ no Hyde Park de Londres, uma arena histórica para a liberdade de expressão e debate público, que ajudou a criar uma democracia aberta no Reino Unido.
A fim de atingir um público vasto, os eventos Soapbox Science têm geralmente lugar em áreas públicas movimentadas, tais como passeios à beira-rio, parques públicos, praças urbanas e praias. Este ano, devido à pandemia da COVID-19, a maior parte dos eventos estarão online, permitindo a participação de todos, onde quer que estejam!
A Soapbox Science tem dois objetivos centrais: 1) levar a ciência de ponta aos membros do público que não interagem frequentemente com a ciência ou cientistas, de uma forma acessível, divertida e muito estimulante; e 2) promover e apoiar as mulheres na Ciência, Tecnologia, Engenharia, Matemática e Medicina. Queremos aumentar a visibilidade das mulheres, fornecer inspiração e modelos para as jovens cientistas em início de carreira, e melhorar a consciência da riqueza da investigação que é conduzida pelas mulheres na área STEMM em todo o mundo. Por conseguinte, os nossos eventos apresentam listas de oradoras, utilizando uma definição inclusiva de “mulher” e “feminino”, acolhendo contribuições de mulheres trans e pessoas não-binárias. Saiba mais neste pequeno video.
Quem é a equipa do Soapbox Science Lisbon:
Simone Lackner (@MagSimal) é uma cientista multidisciplinar, licenciada em Biologia Molecular, pela Universidade de Viena; realizou o seu trabalho de tese de mestrado na Universidade de Yale e depois concluiu um doutoramento em Neurociência de Sistemas pela Universidade NOVA de Lisboa – ITQB, tendo desenvolvido a sua tese no Programa de Neurociência Champalimaud no Centro Champalimaud para o Desconhecido. Actualmente, Simone é investigadora pós-doutorada no Grupo Data Science and Policy Group na Nova School of Business and Economics. A sua investigação actual centra-se no desenvolvimento de novos métodos para compreender as atitudes públicas em relação à ciência e o papel que os preconceitos cognitivos desempenham na formação de opinião e na partilha de Fake News.
Oihane Horno obteve o seu bacharelato em Física na Universidade do País Basco, e depois mudou-se para a Holanda, onde fez o seu mestrado em Neurociência na Universidade de Maastricht. Agora está baseada em Lisboa, onde está a fazer o seu doutoramento na fundação Champalimaud. Está a realizar um projecto de colaboração entre os Cortical Circuits e os laboratórios de Theoretical Neuroscience, onde estuda a comunicação da área inter-cérebro do córtex visual.
Catarina Gomes realizou a sua licenciatura em Engenharia Biomédica no Instituto Politécnico de Setúbal, tendo posteriormente realizado um mestrado na mesma área no Instituto Superior Técnico. Na sua tese de mestrado abordou o tema de bioengenharia de células estaminais, desenvolvendo o seu trabalho no Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET). Em paralelo, concluiu um Master em Monitorização de Ensaios Clínicos e Medical Affairs no Centro de Estudos Superiores da Indústria Farmacêutica (CESIF). Atualmente, Catarina conduz a sua investigação no iBET focando-se na utilização de modelos de neuro-esferóides produzidos em bioreatores, para o estudo do papel dos astrócitos na neuroinflamação.
Nas próximas semanas teremos assim as contribuições individuais de 10 cientistas.
⬇︎ Clique, abaixo, para ler cada uma das partes deste tema
Joana Neto concluiu em 2010 a Licenciatura e o Mestrado em Engenharia Biomédica, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. A sua tese de mestrado foi realizada no Departamento de Ciência dos Materiais e recebeu em 2011 um prémio da European Materials Research Society. Em 2018 ela recebeu da Universidade Nova de Lisboa o grau de Doutora em Nanotecnologia e Nanociências. O trabalho de doutoramento foi desenvolvido numa colaboração entre três instituições – o Centro Champalimad para o Desconhecido e o CENIMAT|i3N em Portugal, e o Sainsbury Wellcome Centre no Reino Unido. A Joana fez também parte do projecto Neuroseeker, financiado pelo FP7 europeu. Durante o doutoramento, o seu trabalho foi amplamente divulgado em conferências, artigos em revistas científicas com peer-review, participação em eventos públicos, além do ensino e orientação de estudantes de licenciatura e mestrado. Além disso, grande parte dos dados que utilizou foi disponibilizada online, e foi depois utilizada por vários grupos na produção de publicações em revistas de alto nível, num reconhecimento do mérito e da qualidade dos dados recolhidos que permitiram grandes contribuições para o avanço do conhecimento. Desde 2018 que Joana Neto é investigadora de pós-doutoramento no CENIMAT|i3N.
Para mais informações, consulte https://joanapneto.github.io/about/
Em criança, passei longas horas a sonhar e imaginar outros mundos, perdida nos meandros da serra algarvia, com o mar quente no horizonte. Quando entrei na escola primária, éramos 10 crianças no total, dos 6 aos 10 anos, uma só professora e uma só turma com todas as idades. Nessa mesma escola tive muita dificuldade nos primeiros dois anos, e teria provavelmente uns 7 anos quando ouvi alguém dizer com muita certeza na voz que “os rapazes são melhores a matemática”. Eu, uma criança ingénua mas teimosa (perguntem aos meus pais), decidi então que eu seria o que eu quisesse e não algo que era expectável. Agora, com 33 anos, vejo que ao longo da vida se espera que as raparigas sejam muitas coisas (bonitas, educadas, quietas…), e ao mesmo tempo pequenas quando comparadas com os rapazes.
Contra todas as expectativas fui uma aluna excepcional, e isso incluindo a educação física, porque ficava furiosa quando diziam que os rapazes eram melhores a desporto. Acabei o secundário com média de 19. Nessa altura surgiu a pressão para ir para a Faculdade de Medicina. Mas nos exames cedi à pressão, e não entrei no curso por uma ou duas décimas. O meu plano B foi inscrever-me no curso de engenharia biomédica da FCT-UNL, que tem uma forte base em física. Quando comecei a ter aulas adorei, e decidi ficar. O meu plano B tornou-se no plano A.
Amigos para a vida foram feitos, e posso dizer que foram dos melhores anos da minha vida. No meu 4º ano de curso decidi fazer intercâmbio, e fui para o Brasil, para a USP de Ribeirão Preto, onde, entre as festas mais incríveis de sempre, estava também algo que influenciaria o meu futuro e a minha carreira, a disciplina de Neurociência Computacional.
Quando regressei, comecei a tese de mestrado no Departamento de Ciência dos Materiais, e depois tive uma bolsa de investigação no CENIMAT. Com estes projectos de investigação percebi que adorava a área de dispositivos e sensores que fazem a interface com o corpo humano. Durante este período tive mentores e colegas excepcionais, que me ensinaram e me introduziram na investigação.
Apercebi-me também que a curiosidade pelas Neurociências tinha ficado, e com o apoio da Profª. Elvira Fortunato propusemos para o meu doutorameto um projeto de colaboração com o investigador Dr. Adam Kampff da Fundação Champalimaud, que implicava a aplicação de novos materiais e tecnologias em dispositivos usados para medir o sinal elétrico do cérebro.
O meu doutoramento foi incrível. Conhecer e explorar o mundo das Neurociências e fazer a ponte com o mundo da Nanotecnologia e dos Materiais foi uma experiência única. Trabalhei em três institutos, duas cidades (Lisboa e Londres), e com pessoas extraordinárias. Fiz parte de um projeto europeu sem precedentes, para implementar e testar uma nova tecnologia para medir o sinal do cérebro com alta resolução espacial e temporal, e deste modo detetar detalhes que antes eram impossíveis de observar.
Durante o doutoramento pude vivenciar a ciência com alegria, por vezes com frustração e tristeza, mas sempre com honestidade e persistência, procurando sempre dar o meu contributo nas equipas com que trabalhei e na comunidade científica.
A ciência pode ser muito poderosa quando despojada de egos e preconceitos. É bela, forte e pode mudar o mundo, tal como uma mulher num mundo dominado por homens.
Olá, eu sou a Inês Mendes, e sou actualmente estudante de doutoramento no Instituto de Medicina Molecular e no University Medical Center de Groningen.
A minha educação superior começou em 2011, na Licenciatura em Biologia Celular e Molecular, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Depressa descobri – logo no segundo semestre – que programar é fixe, graças a uma disciplina que não era muito popular, de nome “Programação para as Ciências Experimentais”, onde aprendi Octave. Fiz uma árvore filogenética, de base, usando apenas alguma lógica e muitas linhas de código, e foi lindo! Quis saber que mais podia ser feito, e como poderia isso ajudar na minha principal área de interesse, a Biologia. Depois de algumas negociações com as direcções de vários departamentos, consegui frequentar algumas aulas de introdução à programação, onde aprendi sobretudo C, enquanto fazia a licenciatura seguindo o plano de curso, dirigido à microbiologia. Consegui mesmo fazer um internato de um mês no Laboratório de Microbiologia de um hospital público.
Quando chegou a hora de escolher um tema para o mestrado, em 2014, a paixão pela programação levou-me ao Mestrado em Bioinformática e Biologia Computacional da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde pude aprofundar temas mais clássicos da ciência computacional, como a programação orientada a objectos, bases de dados e processamento de dados. Familiarizei-me com várias linguagens de programação como Python e Java, e com o ambiente Linux. Em 2015, para a minha tese, combinei o amor pela microbiologia com as minhas recém-adquiridas competências em bioinformática, e comecei um projecto de análise de dados genómicos de um patógeno humano, no Instituto de Medicina Molecular, no Laboratório Mário Ramirez. Fiz uso de uma série de ferramentas de acesso livre, e desenvolvi os mesu próprios scripts em Python para analisar genomas de Streptococcus dysgalactiae obtidos em diversas fontes (animais e humanas). Desde essa altura que sou membro do Laboratório, na qualidade de bioinformátca.
Em 2018 iniciei o doutoramento em Bioinformática, no qual me tenho concentrado na questão da reprodutibilidade, especialmente relevante na análise de dados clínicos. Tornei-me familiar com vários pacotes de software e continuo a aumentar o meu conhecimento de diversas linguagens e ferramentas.
Outra área que me desperta muito interesse é a aplicação de métodos de Machine Learning a dados genómicos, mas devo confessar que ainda estou bastante céptica quando a eles. Outro grande interesse meu é a utilização da cloud, pela possibilidade de mobilizar grande poder computacional a baixo custo.
Para resumir os meus últimos anos na investigação, o que tenho feito é aplicação, validação e acreditação de métodos computacionais para microbiologia clínica. Trata-se de algo rotineiro na maior parte dos laboratórios de referência pelo mundo, graças à redução dos custos da sequenciação de alto débito e às várias vantagens que se podem obter ao “abrir” o genoma de patógenos a partir de amostras clínicas. Ajuda-nos a compreender melhor as doenças, a sua transmissão e a eficácia dos tratamentos, coisas que tradicionalmente requerem múltiplos métodos muito exigentes em tempo e trabalho; mas este novo tipo de dados exige também o conhecimento necessário para compreender tudo o que é assumido à partida, e assim interpretar correctamente os resultados. No meu trabalho de doutoramento pretendo ajudar a colmatar esta brecha através da avaliação da reprodutibilidade das diversas ferramentas computacionais disponíveis, da dinamização da utilização de ferramentas que permitam reprodução e partilha de software, e do desenvolvimento de novas ferramentas e serviços que permitam o seu uso intuitivo por toda a comunidade.
O meu interesse pela Soapbox tem a ver com o facto de ter começado por frequentar uma Licenciatura num domínio tradicionalmente feminino, mas numa escola com uma população estudantil predominantemente masculina, já que oferece sobretudo cursos na área da Engenharia. Como o meu interesse pela programação começou nessa altura, as diferenças de género em função do tema de estudo saltaram-me à vista. Era frequente ser a única mulher numa aula de programação, enquanto nas aulas de biologia acontecia o inverso. Quando entrei para o Mestrado em Bioinformática, era uma de apenas três mulheres num conjunto de 25 estudantes. O mesmo tem aocntecido ao longo da minha carreira, onde sempre tenho feito parte de grupos de investigação dominados por homens. E não creio que seja um caso de discriminação, ou que haja campos mais adequados aos homens; é mais o caso de falta de noção de que existem mulheres de sucesso neste campo dominado por homens, mulheres realizadas que chegaram ao topo apesar do seu género. Não sou propriamente adepta da “discriminação positiva” no campo das STEM, já que isso continua a ser discriminação, mas quero muito ajudar a que os mais jovens tenham consciência de que, se uma rapariga gosta de computadores e de ciência, e de fazer muitas perguntas, não há nada de errado nisso. E que as jovens possam crescer e progredir nas áreas que escolherem, sejam elas quais forem, sem terem de se ver “corrigidas” e “ajudadas” por causa do seu género.
Para mais informações, consultar:
- Google Scholar: https://scholar.google.com/citations?user=1aAT8n4AAAAJ&hl=pt-PT
- ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3090-7426
- CienciaVITAE: https://www.cienciavitae.pt/en/BC17-7B4F-737C
Uma palestra em sapatos Oxford
Lembro-me da primeira conferência em que participei, quando era apenas uma aluna de mestrado, e vi uma oradora que me fez pensar: “Uau, eu quero ser como ELA!”. Trabalho em bioinformática/biologia computacional, uma área dominada por homens, e eu era a única aluna de bioinformática do meu laboratório (algo que ainda hoje está por mudar!). Infelizmente, não havia muitas cientistas mulheres de referência para eu admirar, e por uma infinidade de razões diferentes: a estratificação social, (a falta de) interesse em tecnologia, as mentalidades, etc. Mas vi essa senhora apresentar, com um vestido elegante e uns lindos sapatos de salto alto, e a representar tudo o que eu queria alcançar: ela mostrava-se confiante, inteligente, envolvente e em controlo. Ela foi brutal. Foi então que ouvi o … “Porque é que ela está a usar aquele vestido?”, o “Quem é que ela pensa que é?” e, claro, o “Ela é gira!”. Notem que esses comentários foram proferidos tanto por participantes masculinos como femininos.
Alguns anos depois, foi a minha vez de fazer uma apresentação numa conferência. Já não era uma aluna de mestrado, mas sim uma aluna de doutoramento, e uma apresentação oral é uma Cena Importante. Comecei a preocupar-me tanto com “o que devo vestir” como com o “o que devo dizer”. Escolhi um vestido e uns sapatos de salto alto. Foi enervante descer as escadas do hotel e sentir o olhar das outras pessoas… porque eu estava a usar um vestido. Parecia que eu gritava “Eu sou mulher! Olhem para mim!”. Este sentimento seguiu-me durante todo o dia. No dia seguinte usei calças e uma camisa e a sensação foi totalmente diferente.
Senti que, pelo menos na minha experiência, trabalhando numa área dominada por homens, as pessoas primeiro olham para ti e só depois ouvem o que estás a dizer. Quando abraças a tua feminilidade, na forma como te vestes, por exemplo, as pessoas vêem esse aspecto primeiro e reparam no facto de que és mulher, e só depois estão disponíveis para ouvir o que tens para dizer (com vários graus de atenção). Não estou a dizer que este é um fenómeno global, mas acontece. Talvez porque infelizmente ainda seja uma novidade (como assim, uma mulher a programar?), ou talvez porque mulheres de vestido não sejam normalmente consideradas inteligentes? Ou capazes? Ou confiantes e envolventes?
Independentemente das razões, durante algum tempo eu decidi ser muito mais discreta… Tentando envolver as pessoas com as minhas palavras e a minha ciência e não com a minha aparência, ou com o género com o qual me identifico – mas jogar com isso não será cooperar com esses estereótipos? Sugerir que uma mulher não pode abraçar a sua feminilidade e ao mesmo tempo ser uma boa cientista? Como se a inteligência e a aparência não combinassem? Como aquela cientista (porque é isso que ela era) no meu primeiro congresso, quero mostrar que a capacidade não se reflete na maneira como te vestes ou como te apresentas. Não está codificado no teu cromossoma sexual. As meninas não precisam de escolher se querem “ser inteligentes” ou “ser bonitas”. Um@ cientista pode apresentar um trabalho incrível com sapatos de salto alto, ténis ou mocassins.
Apesar de toda a desigualdade que existe, algumas mentalidades são mais fáceis de mudar do que outras. E para ti, jovem cientista que queres arrasar com esse vestido novo, ou aquele blazer incrível, ou AQUELES sapatos, faz isso. Quebra essa imagem do cientista de sucesso que é branco, masculino, despenteado, em sapatos oxford. Somos mais do que o que parecemos.
Edite Figueiras, técnica sénior de microscopia, trabalha no grupo Vision to Action, liderado por Michael Orger na Fundação Champalimaud. Figueiras é formada em Engenharia Biomédica, com doutoramento em Física Aplicada. Durante a sua carreira desenvolveu diferentes microscópios ópticos para estudar diferentes fenómenos biológicos. Trabalhou em diferentes laboratórios europeus, nomeadamente no Grupo de Electrónica e Instrumentação (Portugal), na BioMediTech (Finlândia), no International Iberian Nanotechnology Laboratory (Portugal), no National Physical Laboratory (Reino Unido) e na Fundação Champalimaud (Portugal).
Olá, eu sou a Edite.
Estudei Engenharia Biomédica no Departamento de Física da Universidade de Coimbra e desde 2008 que trabalho na área da óptica biomédica. Actualmente, trabalho na Fundação Champalimaud, onde desenvolvo microscópios ópticos para estudar a actividade cerebral e o comportamento do peixe-zebra durante a apresentação de estímulos visuais.
O meu trabalho consiste em utilizar lasers, lentes, espelhos e outros instrumentos para construir um microscópio específico que nos vai ajudar a perceber melhor um determinado fenómeno biológico. Na imagem podemos ver um microscópio em construção. Mais imagens podem ser vistas no Instagram (@orger_lab).
Na minha participação no SoapBox vou falar sobre microscópios ópticos, ou seja, microscópios que, tal como os nossos olhos. usam luz para ver o que nos rodeia, só que conseguem ver detalhes que têm dimensões inferiores ao diâmetro de um fio de cabelo. Vou mostrar os diferentes componentes de um microscópio e o que é que podemos descobrir quando olhamos para o mundo microscópico. Finalmente vamos ver como podemos transformar os nossos telemóveis num microscópio. Se quiserem experimentar, só precisam ter convosco o vosso telemóvel, um ponteiro laser para gatos e massa adesiva do tipo bostik.
Sara Silva Pereira é investigadora de pós-doutoramento especializada em tripanossomas, parasitas microscópicos que podem infectar virtualmente todo e qualquer animal na Terra. O seu trajecto profissional teve início em 2012, como investigadora na London School of Hygiene and Tropical Medicina, onde pesquisou ferramentas de diagnóstico para a leishmaniose e a doença de Chagas. Mudou-se depois para a Universidade de Liverpool, para fazer o doutoramento focado na diversidade antigénica dos tripanossomas africanos. Durante esse período desenvolveu o VAPPER, a primeira ferramenta automática de análise da diversidade antigénica dos tripanossomas. Aplicou esse conhecimento em infecções naturais e experimentais de gado e moscas tsetse no Reino Unido, Quénia e Brasil, o que permitiu a caracterização dos antigénios que se expressam e permitiu avanços em estudos de vacinologia. Em 2019 recebeu uma Bolsa Marie Sklodowska-Curie que lhe permitiu ingressar no laboratório de Luísa Figueiredo no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, em Lisboa. Os seus interesses centram-se nos mecanismos de adesão dos tripanossomas às paredes dos vasos sanguíneos, e no impacto que esse facto tem na progressão da doença e seu desfecho clínico.
Tinha cerca de doze anos quando decidi que queria fazer um doutoramento, mas o campo de especialização foi mudando ao longo dos anos. Primeiro, fui inspirada pelos números, e imaginava-me como professora universitária de matemática. Ainda me lembro do olhar estranho dos meus professores do sétimo ano ao ouvirem as minhas aspirações, mas sempre fui uma aluna excelente, logo isso não seria completamente inconcebível. Quando fui apresentada ao mundo da medicina forense por algumas séries de televisão, mudei de ideias e a ciência tornou-se o meu amor mais forte. (Ser inspirada por um programa de televisão provavelmente não é a resposta mais elegante, mas tudo bem…).
Aos 16 anos, e depois de ser rejeitada ou adiada por quatro faculdades de medicina no Reino Unido, tinha duas opções: ou me tornava médica em Portugal, ou me formava em Ciências Biomédicas no Reino Unido. Matriculei-me na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra para o ano seguinte, como rede de segurança, mas arrisquei e mudei-me para Londres. A faculdade de medicina era uma opção mais segura, mas, naquela época, seis anos mais um doutoramento pareciam uma vida inteira. Olhando para trás, passei tanto tempo a estudar para me tornar investigadora como o que teria que estudar para ser médica, mas gosto de acreditar que sou mais feliz.
Eu gostava de ler sobre doenças infecciosas e microorganismos. (E, claro, o céu cinzento de Londres também me fez sonhar mais com destinos tropicais!). Então, procurei laboratórios de pesquisa que pudessem receber-me a meio da minha licenciatura para obter alguma experiência prática em investigação científica e doenças tropicais. Encontrei um, na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, onde aprendi muito sobre os parasitas Leishmania e Trypanosoma cruzi. Num laboratório de medicina tropical aprende-se a importância do networking e das colaborações. Também aprendi que o trabalho de campo pode ser das experiências mais gratificantes. Durante todo o doutoramento. e agora no pós-doutoramento, mantive a minha paixão por tripanossomas bem nutrida. Pude viajar para o exterior, conhecer pessoas de diferentes origens e culturas, aprender como a ciência (e a vida) funcionam noutros lugares. Nesta área, aprendemos a tornar-nos mais práticos, menos apegados, menos consumistas e mais conscientes.
Acho que o aspecto mais fascinante do meu trabalho é que podemos escrever histórias verdadeiras. A investigação é como um quebra-cabeças gigante feito de outros mais pequenos. Encontramos uma peça e construímos um pequeno puzzle em torno dela, até que faça sentido. Eu adoro a investigação em meio académico, por isso espero poder fazer isto para o resto da minha vida. No entanto, a cultura científica é dura e eu não recomendaria esta vida a ninguém, a menos que se seja verdadeiramente apaixonado. A academia pode ser dolorosa: é difícil encontrar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, o equilíbrio de género ainda está longe de ser alcançado, a concorrência é enorme, fracassamos diariamente e nunca nos sentimos bons o suficiente. Mas também temos a liberdade de seguir as nossas ideias, descobrir coisas e falar sobre elas. Imaginam o quão maravilhoso é isto? Quando gostamos da ciência, encontramos forças para lutar, e acredito que ainda há muito pelo que lutar.
Ah, e nunca é chato. Os cientistas são “pessoas dos sete ofícios”:
- Fazer ciência pura? Sim!
- Escrever artigos? Sim!
- Design gráfico? Sim!
- Falar em público? Sim!
- Angariar fundos? Sim!
- Ensinar? Sim!
- Gerir pessoas, projetos e orçamentos? Sim!
Estou a escrever este artigo enquanto carrego um bebé de 37 semanas. Conseguem adivinhar qual será o meu próximo desafio? Tenho a certeza que será divertido, muito divertido. E o melhor de tudo é que vou criar uma filha que vai saber que as mulheres podem ser o que desejarem e atingir o que quiserem.
O meu nome é Mariana e cresci numa cidade solarenga no sul de Portugal, dividindo o meu tempo entre a escola, o desporto e a leitura. Sempre gostei de tantas coisas diferentes que nunca tive a certeza do que queria seguir profissionalmente, já que uma série de profissões muito diferentes, desde bombeira a astrónoma, me pareciam muito interessantes e divertidas.
Contudo, aos 18 anos, quando chegou a altura de decidir que curso seguir na faculdade, não tinha a certeza se estava mais interessada em física ou biologia. Mesmo antes de terminar o processo de candidatura ao ensino superior, descobri um curso que mostrava que estas duas áreas podiam ser aliadas para desenvolvimento e aplicação de tecnologias aos problemas relacionados com os cuidados de saúde, e portanto mudei-me para Lisboa para estudar Engenharia Biomédica no Instituto Superior Técnico, que faz parte da Universidade de Lisboa.
Enquanto os meus dias eram passados a estudar matemática, física, electrónica e fisiologia, aprendendo sobretudo a desmontar problemas em questões mais simples, para as resolver sequencialmente, apercebi-me de que queria focar-me nos problemas e questões científicas em aberto na área da biologia. Foi nessa altura que tive o primeiro contacto com a biologia computacional, uma área multidisciplinar que aplica conceitos matemáticos, de estatística e de computação para investigação em biologia, algo que encaixa perfeitamente com os meus interesses. Por isso, juntei-me a um laboratório especialista nesta área, o laboratório de Transcritómica de Doença no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, em Lisboa, onde estou neste momento a aprender a tornar-me cientista através de um doutoramento (que é basicamente um novo “nível” no “jogo” que é a formação académica) em que estou a tentar compreender melhor as funções das células através do estudo das moléculas que estas produzem em cada instante. Ainda não sei o que gostaria de fazer a seguir, mas ter chegado até aqui mostrou-me que para mim, e para muitas pessoas com quem me tenho cruzado, a felicidade e realização no trabalho de investigação científica vem de podermos continuar sempre a questionar e de poder responder a essas questões de uma perspectiva interdisciplinar, onde podemos usar o melhor de dois mundos e onde não temos de escolher entre física e biologia.
Cresci num lugar simples e amigável
Nasci e cresci numa pequena cidade solarenga no sul de Portugal, e vivia numa casinha pequena com um grande quintal, com horta, árvores de fruto e animais para tratar, onde fui conhecendo os sabores doces e amargos dos legumes e da fruta directamente da árvore – bem, fui rápida a descobrir os doces. Por viver muito perto do mar, a praia era a mais comum (e a melhor) forma de acabar as minhas tardes depois da escola. Aprender a experimentar foi sempre o mais natural, e ser rapariga nunca fez com que isso fosse diferente.
Nunca senti qualquer tipo de discriminação
Não me consigo lembrar de uma única vez em que me tenham dito ou feito sentir que não poderia fazer isto ou aquilo por ser uma rapariga. Talvez tenha contribuído o facto de a minha família não seguir os estereótipos de género comuns, visto que quem cozinhava e quem fazia as compras costumava ser o meu pai, mas a verdade é que nunca senti essa forma de discriminação. Mesmo na faculdade, numa escola de engenharia onde a esmagadora maioria dos alunos (e professores) eram homens, e onde era comum eu ser a única rapariga de entre todos os alunos a estudar na biblioteca, sempre senti que isso era normal, por ser a consequência natural de haver mais rapazes do que raparigas a querer estudar engenharia.
Até que ouvi dizer que as mulheres têm salários diferentes (leia-se, substancialmente inferiores) dos homens
Até que um dia ouvi algo que também me foi comunicado como sendo normal: que as mulheres ganham em geral menos que os homens. Nas diversas áreas, mas também em ciência. Mais concretamente, segundo o relatório “She Figures” de 2018 da Comissão Europeia, em 2014 as mulheres empregadas em áreas de investigação e desenvolvimento ganhavam em média 17% a menos do que os seus colegas homens. Refiro-me ao salário para exactamente as mesmas funções. Este relatório, que se baseia em indicadores da situação de (des)igualdade de género em investigação e inovação na União Europeia, mostra ainda que esta discrepância salarial se acentua com a idade. Como é que é possível? Isto revoltou-me e fez-me tentar perceber as razões. Entre outros factores, aprendi num curso para alunos de doutoramento da Organização Europeia de Biologia Molecular (EMBO) através das acções do programa “Women in Science” (https://www.embo.org/science-policy/women-in-science.html) que uma das razões tem a ver com a chamada auto-discriminação das mulheres: o facto de subestimarem as suas capacidades e preparação para um determinado desafio, muito mais do que os homens. De forma simples, as mulheres são em geral menos autoconfiantes do que os homens, acabando por arriscar menos em processos de candidatura ou negociar salários inferiores ao dos homens em casos de posições com condições negociáveis.
Que valores estamos a transmitir?
Qual pode ser a razão para que as raparigas cresçam em geral com menos confiança do que os rapazes? Isto mostra que os nossos valores enquanto sociedade estão ainda muito aquém do que seria de esperar num mundo em que os direitos de homens e mulheres estejam equilibrados. Comecei este texto a descrever um pouco a minha infância feliz e alguns passos que se seguiram, pois para mim tudo se resume a ter construído confiança. Ao longo do meu ainda muito curto percurso académico, tenho percebido que, em geral, cada passo que damos é uma subida de nível, em que o nervoso miudinho de acharmos que não somos capazes serve como impulsionador das ferramentas que fomos ganhando com os níveis que já passámos. No meu caso pessoal, houve diferentes razões para me sentir assustada com o nível seguinte, mas nenhuma dessas razões estava relacionada com ser mulher. O aprender por tentativa e erro e a normalidade de estudar numa escola tipicamente masculina enquanto fui atingindo os meus objectivos, deu-me a confiança para olhar para o futuro e acreditar que teria as mesmas oportunidades que um colega homem. Raparigas que, como eu, querem tornar-se cientistas, têm de receber o apoio e o conforto para se sentirem confiantes para avançar para o seu próximo nível. Além da basilar igualdade de oportunidades, nós enquanto sociedade temos a obrigação de não permitir que estereótipos de género afectem a confiança que raparigas (ou qualquer pessoa) necessitam para quererem subir de nível.
Eu sou Belisa e, no momento, sou pesquisadora de pós-doutorado no Laboratório de Física Biológica, no Instituto de Física, da Academia Polonesa de Ciências. Sou física, trabalho com simulações computacionais e iniciei na pesquisa científica desde a graduação no Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, quando ganhei uma bolsa de pesquisa para iniciação científica. Durante a graduação e mestrado, ambos no mesmo departamento, investiguei vórtices em sistemas supercondutores. Em seguida, fiz o doutorado no Grupo de Teoria da Matéria Condensada da Universidade da Antuérpia, Bélgica, onde estudei sistemas compostos de nanosensores de nanotubo de carbono para detecção de nanopartículas, com possível aplicação em detecção de biomarcadores de doenças, e propriedades da água quando confinada em canais nanoscópicos, como parte do contexto de buscar novas soluções para filtragem e dessalinização.
Após toda uma formação acadêmica direcionada à física da matéria condensada, eu me redescobri no campo interdisciplinar da biofísica. Eu investigo sistemas e processos biológicos do ponto de vista da física. Eu quero entender como e por que tais sistemas se comportam como tal, da perspectiva de interações, energia e dinâmica. Minha pesquisa atual é focada nas chamadas proteínas intrinsecamente desordenadas (PIDs). PIDs são proteínas que não têm uma estrutura bem definida e possuem funções das mais variadas, estando ligadas, por exemplo, às origens de doenças neurodegenerativas e na formação de organelas importantes no transporte de substâncias a nível celular. Ou seja, em uma proteína, não somente a estrutura, mas também a dinâmica e até o meio em que ela se encontra contribuem e são determinantes para sua função no corpo humano. E eu quero entender como elas se comportam tanto individual quanto coletivamente.
Lembro de, quando criança, em algum momento, dizer que queria ser cientista. Naquela época, eu me imaginava de jaleco branco e rodeada de soluções borbulhantes das mais variadas cores. Não foi a primeira nem a última coisa que quis ser e nunca imaginaria que, ao me tornar cientista, iria passar longe daquele estereótipo montado na minha cabeça de criança e presente na cabeça de muito adulto também.
Eu escolhi a física e, como parte do curso de graduação, aprendi um pouco de programação. Logo em seguida, tive meu primeiro contato com o uso de simulações computacionais voltadas para a pesquisa científica e com todo o potencial que essa abordagem tem a oferecer. A forma de se fazer ciência vai se moldando às demandas, limitações e possibilidades de novas descobertas e avanços tecnológicos. A evolução constante de equipamentos computacionais trouxe a possibilidade de fazer modelagem, simulações e experimentos in silico e, assim, me tornei uma “cientista de escritório”: sem jaleco, sem soluções borbulhantes, mas com um mundo de possibilidades na tela do computador a minha frente.
Apesar de, no dia a dia, passar a maior parte do tempo na frente de um computador, meu formato de trabalho não limitou minha mobilidade, muito pelo contrário. O próprio ambiente científico incentiva a mobilidade e, durante a graduação e mestrado no Brasil, tive a oportunidade de participar de diversos congressos e encontros científicos onde pude apresentar meu trabalho e conhecer cientistas de todo o mundo. Segui então para o doutorado, desta vez na Bélgica, onde também já tinha passado uma curta estadia durante o mestrado. Agora, vivo na Polônia e, no futuro, quem sabe mais até onde a ciência vai me levar?
Para implementar simulações computacionais, primeiramente modela-se o sistema baseando-se em aspectos matemáticos, físicos e/ou estatísticos. O sistema é então representado por meio de códigos numéricos usando uma linguagem de programação. Seguir essa abordagem me permitiu estudar sistemas dos mais variados em diferentes níveis de detalhes, assim como investigar processos que não são completamente captados por experimentos em laboratório. Atualmente, tenho unido a física à biologia, também por meio de simulações computacionais. Essa união tem potencial para um caminho poderoso, onde experimentos in silico, isto é, experimentos realizados via simulações computacionais, apresentam uma alternativa possível para a substituição, redução e/ou refinamento de testes em animais em experimentos laboratoriais.
Em todos os temas que investiguei e investigo, em comum, além do uso de simulações computacionais, está um senso de propósito. Eu sou movida não apenas pela curiosidade, mas também por uma vontade genuína de contribuir para expandir o conhecimento necessário para enfrentar grandes desafios em nossa sociedade. E eu acredito que isso somente pode ser completamente alcançado se a ciência for levada para além dos limites dos ambientes acadêmico e de pesquisa. Como cientista, eu sinto que é meu dever tornar a ciência mais democrática e acessível.
Nesse processo de aproximar produção científica e sociedade, aspectos culturais não podem ser negligenciados. Como mulher e parte de um grupo sub-representado no ambiente científico, sinto a necessidade de conscientização das problemáticas vividas por mulheres nesse meio. Medidas para combater o êxodo de mulheres cientistas ainda são adotadas de maneira muito tímida. Quero, então buscar formas de tornar o ambiente científico mais atrativo e interessante para meninas e mais acolhedor para mulheres. Acredito um caminho é participar de iniciativas de divulgação científica visando aumentar o interesse (não somente, mas principalmente) de meninas e aumentar a representatividade feminina nos ambientes acadêmico e científico. O caminho adiante é longo, mas minha vontade de torná-lo mais gratificante é crescente.
Sou a Amparo, uma estudante de Doutoramento em Neurociências na Universidade de Lisboa. Sou uma neuropsicóloga clínica que investiga as relações entre as emoções, a empatia e o cérebro, na tentativa de perceber como os nossos afetos se manifestam através do estudo de patologias psiquiátricas e neurológicas.
Uma mente à procura do cérebro
Como estudante de psicologia na minha terra natal, o Chile, esperava envolver-me com pacientes do tipo que se vê nos livros e filmes: imaginei-me a tratar alguém com a psicose de Raskolnikov, ou talvez uma amnésia global. Sendo criada num país espalhado pelas feridas de um passado colonial, onde o patriarcado e o sexismo ainda estão profundamente enraizados na nossa cultura, comecei a desenvolver um fascínio pelo facto de a genética, o ambiente e depois, a epigenética, as doenças, o património, o estatuto socioeconómico, desempenharem todos um papel distintivo nas (im?)previsíveis formas em que a mente se desenrola. Durante os meus anos de faculdade fiquei espantada ao descobrir, através das teorias de desenvolvimento de Piaget e da psicanálise, como todos estes fatores se entrelaçam com o progresso da psicologia como ciência.
Passei os meus primeiros dois anos de prática clínica numa unidade de hospitalização psiquiátrica. Fui recomendada a ajudar no tratamento de “pacientes internados” que sofriam de uma vasta gama de “condições mentais”*. O denominador comum que partilhavam era que, no momento da hospitalização, todos eles estavam a passar por crises graves.
Nunca esquecerei o dia em que uma “paciente” foi trazida numa cadeira de rodas. Não só tinha perdido a capacidade de mexer as pernas, como também a sua sensibilidade. A causa não tinha sido determinada, e nenhum tratamento estava a funcionar com ela. Quando os médicos a examinaram, as respostas reflexas e mesmo as reacções a estímulos dolorosos estavam completamente ausentes. Mas depois de uma, apenas uma sessão de hipnose, ela foi subitamente capaz de se levantar… e correu imediatamente para fora da porta diretamente para os braços do seu marido e dos seus filhos! Fiquei chocada. Como tinha ela encontrado alívio sintomático na psiquiatria em vez de no seu tratamento anterior no departamento de neurologia?
Também me lembro vividamente de outro “paciente”: Entorpecido, sem qualquer motivação ou iniciativa, incapaz de se envolver em qualquer actividade, ao ponto de parecer completamente ausente. Ele não estava triste, assustado ou paralizado; apenas perdido em apatia. Um homem de 45 anos de idade com quase 2 metros de altura, a sua velha mãe lutava arduamente para tomar conta dele. Sem qualquer registo clínico na nossa instituição, o seu caso tornou-se um autêntico mistério. Um dia, alguém reparou em duas pequenas cicatrizes no seu couro cabeludo, totalmente cobertas por cabelo castanho grosso. Um exame de ressonância magnética mostrou então inequivocamente que ele tinha sofrido danos cerebrais (soubemos mais tarde que ele tinha sido submetido a uma cirurgia cerebral havia alguns anos). Estas descobertas levaram-nos a compreender os seus sintomas e a razão pela qual o seu tratamento actual não estava a funcionar. Pensei na quantidade de sofrimento que poderia ter sido poupado se o tivéssemos mandado fazer uma ressonância magnética mais cedo. Fiquei cada vez mais incomodada com o facto de a neurologia e a psiquiatria serem departamentos completamente separados, e só podíamos ter acesso ao primeiro sempre que podíamos afirmar ter uma “razão suficientemente boa”.
Com estas e outras experiências sob a minha alçada, passei a estudar neuropsicologia clínica. Isto provou ser precisamente o que eu procurava, a peça em falta pronta a preencher a lacuna que se tinha alargado durante a minha prática de campo. Tinha-me aventurado às maravilhas da mente; agora queria olhar mais de perto para a sua relação com o cérebro. Mudei-me para Buenos Aires, uma cidade magnífica e estimulante no país vizinho do meu, para embarcar num programa de 2 anos muito exigente. Muitas palestras e sessões de prática clínica com crianças e adultos estavam à minha espera.
O processo de me tornar uma neuropsicóloga foi uma experiência espantosa que guardo entre as melhores da minha vida. No entanto, em breve, mais uma vez, comecei a pensar que ainda faltava algo crucial. A interacção entre a mente e o cérebro parecia traduzir-se quase exclusivamente no campo das doenças neurológicas, como a demência ou a paralisia cerebral. No entanto, doenças psiquiátricas ou sintomas psicológicos que (ainda) não têm diferenças estabelecidas na estrutura cerebral, tais como distúrbios de personalidade, não se encontravam em lugar algum nas minhas unidades curriculares. Haverá processos psicológicos “puros” que não possam ser rastreados até ao cérebro? Inversamente, existem doenças cerebrais sem quaisquer implicações psicológicas?
A partir destas perguntas dei um salto para a disciplina das Neurociências Afectivas, que estuda processos afectivos tais como emoções e empatia através da lente do funcionamento do nosso cérebro. Evidentemente, compreender questões complexas a partir desta perspectiva não implica reduzi-las à interacção de um monte de células cerebrais. Contudo, não podemos ignorar o facto de que fenômenos psicológicos, tais como as emoções, existem porque foram úteis para o desenvolvimento evolutivo da nossa espécie. O medo, por exemplo, desempenhou um papel fundamental na nossa capacidade de evitar e escapar aos predadores. Esse circuito cerebral antiquíssimo ajudou-nos a sobreviver e a prosperar… a diferença é que o que desencadeia o medo nas circunstâncias modernas muito provavelmente não seria uma ameaça à nossa integridade física, tal como quando nos apercebemos de que há uma conta que nos esquecemos de pagar!
Como neuropsicóloga clínica e agora candidata ao doutoramento em neurociência da Universidade de Lisboa, tenho continuado a trabalhar com “pacientes” neurológicos e psiquiátricos. Actualmente estou imersa num estudo aprofundado do processamento emocional na enxaqueca, medindo o desempenho enquanto registramos a activação cerebral com ressonância magnética funcional.
Sou apaixonada pela discussão em torno do dualismo que existe entre psicologia (mente) e neurologia (cérebro), emoção (sentimento) e cognição (saber). Ao escolher o caminho que me levou até este ponto, adotei um mantra pessoal – e até certo ponto científico. Sempre que sinto que não encontrei tudo o que esperava, tento ouvir as minhas emoções e tomá-las conscientemente em consideração, considerando-as tão relevantes como factos ou conhecimentos. Espero que achem a minha experiência útil quando se questionarem sobre o que faz sentido para vocês na vossa própria prática profissional.
*Uso aspas ao referir-me a doentes e doenças mentais para ter em mente que o que foi rotulado como perturbação mental mudou ao longo da história, não só por razões científicas mas também por razões políticas (caso em que a homossexualidade foi considerada um desvio sexual até aos anos 70).
Marta C. Lopes é Professora Assistente na Universidad Carlos III de Madrid. Obteve o seu doutoramento em 2019 na Nova School of Business and Economics da Universidade Nova de Lisboa, com uma tese de título “Essays on Job and Unemployment Protection: The Impacts on Unemployment Duration, Wages, and Fertility”. Durante o doutoramento esteve no University College London, onde trabalhou no Centre for Microdata Methods and Practice (CeMMAP), entre 2015 e 2019. Depois disso, passou um ano em Florença, no European University Institute, com uma bolsa Max Weber de pós-doutoramento. Desde Fevereiro de 2019 é também investigadora afiliada no IZA. Os temas de investigação que mais a apaixonam são Economia do Trabalho, Economia Familiar, Economia Pública e Econometria Aaplicada.
Econ(ã)omia
Ao contrário de alguns colegas que encontrei pelo caminho, eu apenas decidi tirar o curso de Economia à última da hora, e o mesmo aconteceu com o doutoramento. Apesar de não ter sido uma decisão planeada, hoje faço investigação e leciono Economia ao nível universitário, e tenho a certeza que não seria mais feliz noutro trabalho qualquer.
Em pequenina quis ser pianista, pintora, poeta, tudo o que envolvesse criatividade. Será que deixei esse sonho para trás? Não. Tanto a investigação como o ensino académico requerem precisão, mas isso não implica que a criatividade seja diminuta. Comecemos pela música. Sabiam que existe um campo de investigação em Economia que é dedicado a esta indústria? Por exemplo, da autoria de um dos Economistas que mais aprecio, Alan Krueger, o livro Rockeconomics explora o mundo da música (em especial, mas não só, do Rock) para explicar conceitos económicos – seja na explicação dos diferentes preços dos bilhetes para concertos e festivais, ou na análise da decisão de publicar músicas em serviços streaming em vez de vender CDs. O mesmo se pode pensar para os leilões de obras de arte e para a análise de poemas que se tornaram mais famosos, porque Economia é a análise do que traz às pessoas mais utilidade, seja esta medida em dinheiro ou, de uma maneira mais subjetiva, em felicidade. Costuma-se dizer que o dinheiro não é tudo na vida. Eu digo que nem na vida, nem na Economia.
Da origem da sua palavra, Economia significa “gestão da casa”. Ora, na gestão de uma casa é tão importante a gestão do orçamento como a organização das pessoas, do espaço, do tempo, e das actividades. Assim, na Economia, existe sempre um campo mais financeiro, chamemos-lhe assim, que envolve analisar a soma dos rendimentos que entram em casa, e, de acordo com as preferências e necessidades de cada elemento do agregado familiar, decide-se então o que comprar, em que quantidade e a que preço, e ainda, quanto se deve poupar (e investir). No entanto, para uma casa feliz, é ainda importante tomar outras decisões que não envolvem necessariamente dinheiro, como por exemplo, as horas das refeições, o tempo dedicado ao estudo, e até decisões mais permanentes do que rotineiras como o casamento, o divórcio, a fecundidade, a emigração, entre outras.
É este último campo de decisões que mais me fascina. No meu doutoramento especializei-me em Economia do Trabalho. Ao longo dos últimos anos, respondi a questões como: qual a probabilidade de amanhã encontrar um emprego de que eu gosto se eu decidir hoje não aceitar um emprego de que gosto menos? Se ficar mais tempo desempregada, terei uma penalidade no meu salário? Devo ter filhos em qualquer altura da minha carreira ou devo esperar por um contrato permanente que me dê segurança de rendimentos? Estou desempregada e nunca fui empreendedora, mas se o Estado me der uma ajuda financeira devo iniciar um negócio próprio? É verdade que todas estas questões têm um lado financeiro, mas por último o que se pretende é maximizar a utilidade do indivíduo, que se mede não só em termos monetários mas também em satisfação pessoal e concretização de objetivos de vida.
Assim, espero que este artigo desmistifique a ideia de que os Economistas SÓ pensam em poupar, maximizar rendimentos, e amealhar impostos. Economia é a gestão da casa, a todos os níveis. Esta casa pode ser tão pequena como a casa de uma pessoa solteira, ou maior, como uma empresa, um município, uma região, um país, ou um agregado de países, como a União Europeia. Utilizamos muita Matemática, sim, mas igualmente importante é a escrita com que transmitimos as nossas conclusões aos decisores destas casas, a criatividade que colocamos nos gráficos que resumem as nossas descobertas investigativas, e a maneira como nos expomos em aulas, conferências académicas, televisão, ou sessões no Parlamento.
Amaranta Kahn é desde há pouco tempo (2020) investigadora pós-doutorada no CIIMAR, e dedica-se actualmente ao estudo da incorporação de ácidos gordos exógenos em cianobactérias, e das suas implicações na ecologia aquática destes seres. Obteve o seu doutoramento em 2019, em biologia molecular e bioquímica no Weizmann Institute of Science (orientada por Ed Bayer), em colaboração com o National Renewable Energy Laboratory (orientada por Yannick Bomble). Antes disso, concluiu um mestrado em biologia molecular, na École Normale Supérieure Paris. Actualmente, os seus interesses de investigação centram-se na microbiologia molecular, bioquímica, metabolómica e lipidómica. Amaranta adora os desportos extremos e, nos tempos de lazer, gosta de acampar, estar no mar e dançar com amigos.
Amaranta, como é que chegaste ao lugar em que estás agora?
Nasci e cresci em Paris (embora tenha vivido em Jakarta, entre as três semanas e os dois anos de vida). Comecei a estudar as ciências da vida em Paris, em várias universidades, à procura dos programas que mais me interessavam. Mudei-me para Telavive para trabalhar no meu mestrado, indo e vindo a Paris para concluir a parte curricular. Por fim resolvi ficar em Telavive, para aproveitar ao máximo a fantástica oportunidade científica que me foi apresentada no Weizmann Institute, e para gozar a qualidade de vida
que a cidade oferece, quando se olha para o que tem de bom. Ao fim de mais cinco anos, concluí o meu doutoramento no Weizmann Institute of Science. Durante este período, passei quatro meses num laboratório parceiro do instituto, no estado do Colorado, a 1800 metros de altitude, rodeado de montanhas ainda mais altas.
Essa é a coisa de que mais gosto na investigação: abre-te as portas para muitos países, e és mesmo incentivada a viajar! Depois de me doutorar, queria continuar a trabalhar num laboratório, e num ambiente académico, pelo que comecei a procurar um lugar para realizar um pós-doutoramento. Pesquisei por todo o mundo, em lugares perto do mar e com tempo agradável. Procurava um laboratório onde pudesse aprender novas técnicas e desenvolver as minhas ideias, alargar as minhas capacidades sem deixar de empregar as que já possuía.
Descobri o que parece o laboratório perfeito para mim, num ambiente marinho sustentável, com uma equipa jovem, amigável e dinâmica: o Cyanobacterial Natural Product Laboratory, fundado e dirigido por Pedro Leão, no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, em Matosinhos (Porto).
Quem, ou o que é que te inspirou a seguir uma carreira na ciência?
Quando tinha 12 anos, queixei-me ao meu tio de que não gostava das aulas de biologia que tinha na escola, e que as achava aborrecidas de morrer. Ele era designer gráfico, e explicou-me que também não tinham sido as aulas preferidas dele, mas que ainda assim havia nelas qualquer coisa de mágico: a biologia ajuda-nos a compreeender a ver o mundo e a vida à nossa volta de uma perspectiva diferente. Até nos permite procurar por coisas que não conseguimos ver com os nossos olhos, fazer as perguntas que nos apetecer e obter as ferramentas que nos permitem encontrar as respostas por nós mesmos! A partir desse dia comecei a gostar cada vez mais de ciência. Além disso, ainda uma criança, adorava fazer experiências: era a oportunidade de usar equipamento engraçado (óculos, batas, luvas, etc.), de trabalhar em sítios pouco habituais (salas refrigeradas, caixas sem oxigénio, etc.) e com instrumentos que me obrigavam a usar as mãos e a cabeça, um bocado como se estivesse num filme todas as semanas!
Qual o aspecto mais fascinante do teu trabalho/pesquisa?
O que mais me fascina no meu “trabalho” é o facto de sermos estudantes eternos. Estamos a ser pagos para estudar. As pessoas perguntam-me: afinal, quando é que acabas de estudar (uma vez que um doutoramento leva tempo). E eu respondo-lhes: nunca! Mesmo que sejas uma professora, continuas a estudar todos os dias. Temos que ler muito, escrever, tentar perceber milhões de coisas novas, trocar conhecimento com muitos outros cientistas. Podemos escolher trabalhar em qualquer coisa que nos pareça interessante, e não há limites para as questões que podemos levantar. Não há forma de isto ser aborrecido (mesmo ao fim de muito tempo), e temos imensa liberdade, para lá de estarmos a ajudar o mundo a melhor entender os seus segredos biológicos e químicos!
O que é que primeiro te atraiu na Soapbox Science?
A minha paixão é a investigação em alterações ambientais e biotecnologia sustentável. Acredito que partilhar uma paixão é uma forma de a manter bem viva. Ao mesmo tempo, acredito que a ciência e a investigação existem para levar mais conhecimento a toda a gente (não apenas à comunidade científica), e para debater livremente com outras pessoas, de forma a fazer surgir novas questões científicas. Assim, participar em eventos de promoção do acesso à ciência para todos, bem como ajudar a ampliar a comunidade de adeptos da ciência, é algo extremamente importante para mim. Como mulher, estou muito ciente dos tremendos obstáculos que as mulheres enfrentam ao longo da vida (profissional, mas não só), o que fortaleceu a minha vontade de me juntar à comunidade Soapbox. Integrar-me na comunidade feminina nas ciências é algo que tem um tremendo significado para mim, e não tive ocasião de o fazer até agora.
Resume numa palavra as tuas expectativas para o dia do evento.
DIVERSÃO!
Se pudesses alterar uma única coisa na cultura científica actual, o que seria?
Acabava com a questão: “para que é que isto serve?”. A ciência pura não é marketing para uma companhia que quer vender um produto. Os cientistas trabalham no aprofundamento e disseminação do conhecimento, não deviam precisar de justificar a sua actividade em termos dos proveitos que podem ser obtidos através dela. Nem em termos de aplicações, nem nos de publicações com elevados factores de visibilidade.
Qual seria a tua recomendação principal a uma mulher que esteja a fazer um doutoramento e a pensar seguir uma carreira académica?
Acabei o meu doutoramento há pouco, pelo que diria a qualquer mulher aquilo que disse a mim mesma: nunca desistas dos teus sonhos e planos de carreira por receio de falhares quando resolveres ter filhos. Não penses nos teus planos de carreira como obstáculos aos teus planos pessoais, nem vice-versa. Não te deixes intimidar pelos homens, e menos ainda pelos poderosos, sejam eles homens ou mulheres, só porque falam mais alto. Não te preocupes demasiado, e percebe que nessa fase estamos a fazer aquilo que queremos realmente fazer, e que nos faz felizes. Não penses que não serás capaz de fazer o que queres, porque, se chegaste ao nível do doutoramento, isso quer dizer que deves poder decidir e fazer o que é bom para ti e aquilo em que és boa.
Por outras palavras, creio que hoje em dia, ao nível do doutoramento, temos suficiente liberdade e opções para decidir continuar ou começar a estudar o que queremos. Portanto, não devemos permitir que ninguém nos detenha. 😀
Chamo-me Adriana Sánchez-Danés, e sou líder de grupo na Fundação Champalimaud. Nasci em Olot, uma linda cidade que fica numa área vulcânica chamada “La Garrotxa”, perto dos Pirinéus, na Catalunha, em Espanha. Quando era pequena costumava passear pelas florestas de La Garrotxa, e adorava observar a natureza da área. Sempre fui muito curiosa, e estava sempre a perguntar aos meus pais e professores os porquês e os comos das coisas que via. E foi assim que tudo começou: afinal de contas, o trabalho de uma cientista é precisamente o de perceber o como e o porquê dos processos biológicos e de tentar encontrar as respostas para as questões da biologia.
Sempre me fascinou a forma como as células que constituem o nosso corpo e os corpos de plantas e outros animais funcionam. Existem centenas de diferentes tipos de células no nosso corpo, mas todos eles têm origem durante o nosso desenvolvimento, naquilo a que chamamos células estaminais embrionárias. Estas células dão origem a todos os tipos de células que existem nos nossos corpos, dos neurónios no cérebro aos cardiomiócitos que batem nos nossos corações. As células embrionárias também dão origem às chamadas células estaminais adultas: por outras palavras, as que residem nos nossos órgãos quando somos adultos. As células estaminais adultas substituem as células que morrem nos tecidos humanos, e participam na sua regeneração em caso de dano. Mas se sofrem mutações e perdem o controlo da sua auto-renovação, podem levar a doenças como o cancro.
Tanto durante o meu doutoramento como no pós-doutoramento e na investigação que faço actualmente, tenho-me concentrado nas células estaminais. Ao longo de todos estes anos, estudei-as de diferentes ângulos , enquanto colaborava com cientstas de várias disciplinas, o que foi extremamente enriquecedor. No meu doutoramento, demonstrámos que as células estaminais podiam ser usadas para modelar desordens neurodegenerativas complexas, como a doença de Parkinson. Durante o pós-doutoramento, mostrámos que as células estaminais da pele estão na origem do mais comum cancro cutâneo, o carcinoma das células basais. Agora na Fundação Champalimaud, o meu grupo está focado na investigação do papel que as células estaminais desempenham no surgimento de cancros em adultos e crianças.
Portanto, se querem conversar sobre o papel das células estaminais desde o desenvolvimento à vida adulta, juntem-se a nós no Soapbox Science Lisbon!
Se tiver quaisquer questões, contacte-nos: soapboxscience.lisbon@gmail.com
Registe-se aqui para assistir gratuitamente ao evento.
Siga-nos, e espalhe a palavra!
Twitter: @LisbonSoapbox
Instagram: soapbox_science_lisbon
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LinkedIn: soapbox science Lisbon
Criado por A. Marta Ferreira – https://amartaferreira.com/
Science is for you
In the coming weeks, NUCLIO and Portal do Astrónomo will work in close collaboration with Soapbox Science. This event, now celebrating its 10th anniversary, will for the first time take place in Lisbon; however, given the current health emergency, it will be a virtual meeting. Nonetheless, on 19 September, 10 fantastic women scientists will have the opportunity to present their most excellent research!
We will publish a series of short articles written by the speakers taking part in this year’s event, about their research, their personal and professional careers, and their experiences of being a woman in the STEMM field.
To begin with, here’s a few words about the vision and the mission of this global platform for public dissemination, and a presentation of the Soapbox Science Lisbon team.
Soapbox Science is a non-profit initiative for public dissemination, aiming at the promotion of women in science and research, through public engagement.
It was founded in 2011, in the UK, by two research biologists, Dr. Nathalie Pettorelli and Dr. Seirian Sumner, and it promotes events that can transform public areas into an arena for public learning and scientific debate, reaching from Europe to Africa, North to South America, and even to Australia. The event format is inspired by ‘Speaker’s Corner’ in London’s Hyde Park, an historical arena for freedom of speech and public debate that helped create an open democracy in the UK.
In order to reach a broad audience, Soapbox Science events usually take place in busy public areas such as riverside walks, public parks, town squares and beaches. This year, due to the COVID-19 pandemic, most of the events will be online, allowing attendance from wherever you are!
Soapbox Science has two core aims: 1) to bring cutting-edge science to members of the public who may not have set out to interact with science or scientists in an accessible, fun, and unintimidating way; and 2) to promote and support women in Science, Technology, Engineering, Mathematics and Medicine. We want to increase visibility for women, provide inspiration and role models for budding young female scientists, and improve awareness of the wealth of research that is conducted by women in STEMM around the world. Our events therefore feature an all-women speaker list, using an inclusive definition of “woman” and “female”, welcoming applications from trans women and non-binary people. Find out more in this short video.
Who is in the Soapbox Science Lisbon team:
Simone Lackner (@MagSimal) is a multidisciplinary scientist with a degree in Molecular Biology from the University of Vienna; she performed her master thesis work at Yale University, and she earned a Ph.D. in Systems Neuroscience from Universidade NOVA de Lisboa – ITQB, having developed her thesis at the Champalimaud Neuroscience Programme at the Champalimaud Center for the Unknown. Currently, Simone is a post-doctoral research fellow at the Data Science and Policy Group at Nova School of Business and Economics. Her current research focuses on developing new methods to understand public attitudes towards science and the role that cognitive biases play in opinion formation and Fake News sharing.
Oihane Horno earned her Bachelors degree in Physics at the University of the Basque country, and after that she moved to the Netherlands, where she did her Masters in Neuroscience at Maastricht University. Now she is based in Lisbon, where she is doing her PhD at the Champalimaud Foundation. She is doing a collaborative project between the Cortical Circuits and the Theoretical Neuroscience labs, where she studies the inter-brain area communication of the visual cortex.
Catarina Gomes completed her bachelor’s degree in Biomedical Engineering at the Polytechnic Institute of Setúbal, having subsequently completed a master’s degree in the same area at Instituto Superior Técnico. In her master thesis she addressed the topic of stem cell bioengineering, developing her work at the Institute of Experimental and Technological Biology (iBET). In parallel, she completed a Master’s Degree in Clinical Monitoring and Medical Affairs at the Center for Higher Studies in the Pharmaceutical Industry (CESIF). Currently, Catarina is conducting her research at iBET focusing on the use of neurospheroid models produced in bioreactors, to study the role of astrocytes in neuroinflammation.
In the coming weeks we will see the individual contributions of 10 scientists.
⬇︎ Click below to read each part of this theme
Joana Neto graduated and received her M.Sc. in Biomedical Engineering in 2010 by the Faculdade de Ciências e Tecnologia of the Universidade Nova de Lisboa. Her thesis work was developed within the Materials Science Department, and in 2011 it received an award from the European Materials Research Society. In 2018, she received her Ph.D. in Nanotechnology and Nanosciences by the Universidade Nova de Lisboa. Her PhD project was developed in a collaboration between 3 institutes – Champalimaud Center for the Unknown and CENIMAT!i3N in Portugal, and Sainsbury Wellcome Centre in the United Kingdom. Joana was also a team member of Neuroseeker, a FP7 European project. During her PhD, the dissemination of her work was achieved through conferences, peer-reviewed journals, participation on public engagement activities, teaching and mentoring undergrads and master students. Moreover, a great amount of her data was made available online. These have been used by several groups to publish in top-ranked journals, recognizing the merit and quality of the data acquired, and contributing to the advancement of knowledge. Since 2018, she is a post-doc researcher at CENIMAT|i3N.
For more information please check https://joanapneto.github.io/about/
As a child, I spent long hours dreaming and imagining other worlds, lost in the intricacies of the Algarve mountains, with the warm sea on the horizon. When I entered school, there were 10 children in total, from 6 to 10 years old, a single teacher and a single class with all the kids. In that same school I had a lot of difficulties in the first two years, and when I was probably 7 years old I heard someone saying with a lot of certainty in his voice, that “boys are better at maths”. I, a naive and stubborn child (just ask my parents), decided then that I would be what I wanted to be and not something that was expected. Now I’m 33 years old, and I see that, throughout life, girls are expected to be many things (beautiful, polite, quiet…) and at the same time a small thing when compared to boys.
Against all expectations, I was an exceptional student – and that included physical education, because I was furious when someone said that boys were better at sports. I finished high school with a GPA of 19. At that time, I felt the pressure to go to medical school. But during final exams I couldn’t withstand the pressure, and did not make it. After this, I enrolled in a biomedical engineering course at FCT-UNL, which had a strong physics component. When I started taking classes, I loved it and decided to stay. My plan B became plan A.
Friends for life were made, and I can say that I had some of the best years of my life. In my 4th year, I did an exchange in Brazil, at USP in Ribeirão Preto, where, among the most incredible parties ever, there was also something that would influence my future and my career, the discipline of Computational Neuroscience.
When I returned, I started my master’s thesis in the Materials Science Department and then got a research scholarship at CENIMAT. With these research projects I realized that I loved developing devices and sensors that interface with the human body. During this period, I had exceptional mentors and colleagues who taught me a lot and introduced me to research.
Also, I realized that I wanted to explore the field of Neurosciences, and with the support of Professor Elvira Fortunato we proposed for my PhD a collaboration project with the researcher Dr. Adam Kampff from the Champalimaud Foundation, which involved the application of new materials and technologies in devices used to measure the electrical signals of the brain.
My PhD was incredible. Learning and exploring the world of Neuroscience and making the bridge with the world of Nanotechnology and Materials was a unique experience. I worked in three institutes, two cities (Lisbon and London), and with extraordinary people. I was part of an unprecedented European project to implement and test a new technology to measure signals from the brain with high spatial and temporal resolution, which had the ability to detect details that were previously impossible to observe.
During my PhD I was able to experience science, with happiness, sometimes with frustration and sadness, but always with honesty and persistence, always trying to make my contribution to the research teams and to the scientific community.
Science can be very powerful when stripped of egos and prejudices. She is beautiful, strong and can change the world, just like a woman in a world dominated by men.
Hey, I’m Inês Mendes, and I’m currently a PhD student at Instituto de Medicina Molecular and The University Medical Center Groningen.
My higher education started in 2011; I went for a Cellular and Molecular Biology degree, at the Faculdade de Ciências e Tecnologia of the Universidade Nova de Lisboa, but I soon discovered, right on my second semester, that programming is cool, thanks to a not very popular class called “Programação para as Ciências Experimentais”, where I learned Octave. I made a phylogenetic tree, from scratch, only with a little logic and a lot of lines of code, and it blew my mind! I wanted to know what else it was possible to do, and how that could help in my main area of interest, Biology. With a little negotiation with several heads of departments, I managed to attend a few introductory programming classes, where I learned mostly C, during my bachelor degree, all the while following my biology course plan with an inclination for microbiology. I even interned for a month in the Microbiology Lab at SAMS hospital.
When the time came to pick a Master degree in 2014, the love of programming guided me to the Master in Bioinformatics and Computational Biology in the Faculdade de Ciências of the Universidade de Lisboa, where I was able to dive deeper into classical computer science subjects, like object-oriented programming, databases, and data processing. I’ve become familiar with a variety of different programming languages, like Python and Java, and with the Linux environment. In 2015, for my master thesis I combined the love of microbiology with my newly acquired bioinformatic skills and I began my project in analysis of genomic data of a human pathogen in Instituto de Medicina Molecular, at the Mário Ramirez Lab. I used a variety of open source tools, and developed my own scripts, in Python, for the analysis of Streptococcus dysgalactiae genomes recovered from different sources (both human and animal). Since then I remained a member of the MRamirez Lab as a Bioinformatician, where I developed and maintained in-house tools and scripts and performed various analyses using a variety of open source tools.
In 2018 I began a PhD in Bioinformatics where I’ve been focusing on reproducibility, especially relevant when analysing clinical data. I’ve become familiar with several container softwares and orchestrators, such as Docker, Singularity and Shifter and Docker-Compose, and workflow managers, such as Snakemake and Nextflow. I still do most of my programming in Python, but I’ve been slowly trying to move from creating tools for the command line to web applications where the interaction is more intuitive and appealing to the user. For that I’ve been learning JavaScript (React), REST-APIs, and Django (Python).
Another field I’m very interested in is the application of Machine Learning methods to genomic data, but to be honest I’m still very skeptical about it. Another big interest of mine is the use of cloud systems as an HPC is a very expensive resource and these services offer the possibility of mobilizing high computational power.
I could summarize my latest years in research as application, validation and accreditation of computational methods for clinical microbiology. This is something that is already routine in most reference laboratories around the world, thanks to the decreasing costs of high throughput sequencing and the various advantages that come with “unlocking” the genome of pathogens from clinical samples. It helps us better understand disease, transmission and treatment efficacy that traditionally require multiple methods that are often time and labour consuming, but this new type of data comes with the requirement of the necessary expertise to understand the caveats, and correctly interpret the results. I aim, with my PhD, to help close this gap by assessing reproducibility of the several computational tools available, to dynamize the use of tools to ease reproducibility and shareability of software, and to develop new tools and web services that are intuitive to use for the whole community.
Regarding my interest in SoapBox, I started out in a very traditionally female domain with my first degree, but in a very male-populated school, as it was mainly catering to engineering courses. With my interest in programming starting around that time, the differences in gender based on theme of study were very prominent. I was often the only female in a programming class, while the opposite would happen in biology classes. When I enrolled in the Bioinformatics Master, I was one of only three women in a population of 25 students. The same has happened throughout my career, where I’ve always integrated research groups dominated by males. And I don’t believe it’s a case of discrimination, or that there are fields that are tailored more towards the man, it’s more a case of lack of awareness that there are females in this male dominated field that are successful, that are accomplished, and that they achieved that often despite their gender. I’m not one that is a fan of “positive discrimination” when it comes to the STEM field, as it’s still discrimination, but I very much aim to bring awareness to the younger generations: that if a girl likes computers, and science, and asking questions, that is okay. And that that girl might be able to grow up and progress in whatever area of her choosing without being second guessed due to her gender.
For more information, please check:
- Google Scholar: https://scholar.google.com/citations?user=1aAT8n4AAAAJ&hl=pt-PT
- ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3090-7426
- CienciaVITAE: https://www.cienciavitae.pt/en/BC17-7B4F-737C
A lecture in Oxford shoes
I remember the first conference I attended, when I was just a baby Master student, and I saw a speaker that made me think “Gosh, I want to be just like HER!”. I work in the very male-dominated field of bioinformatics and computational biology and, at the time, I was the only female bioinformatics student in my lab (the joke’s on me, because that still holds true today). Unfortunately, there weren’t a lot of female role models for me to admire, for a myriad of different reasons: the social stratification, the (lack of) interest in tech, the mindsets, you name it. But I saw this lady present, wearing a lovely dress and gorgeous high heels, and she represented all I wanted to achieve: she was confident, smart, engaging, and in control. She was awesome. And then I heard it… the “Why is she wearing a dress like that?”, the “Who does she think she is?”, and of course the “She’s hot!”. Mind you, some of these comments were said by both male and female participants.
A few years later, it was my turn to make a presentation at a conference. I was no longer a Master student, but now a PhD student, and an oral presentation was a big deal. So I got to thinking about “what should I wear?”, just about as much as “what should I say?”. I picked a dress and some high heels. It was nerve-racking going down the hotel stairs and feeling people staring… because I was wearing a dress. It felt like I was screaming “I am female! Look at me!”. That same feeling followed me throughout the entire day. The next day I wore pants and a shirt, and the feeling was totally different.
In my experience, being involved in a very male-dominated field, at first people look at you, and only then do they listen to you. When you embrace your femininity – for instance, in the way you dress – people first see you, and how female you are, and only then will they listen to you (with various degrees of attention). I’m not saying this is a global phenomenon, but it happens. Maybe because it’s unfortunately still a novelty (look, a girl doing programming!), or maybe because girls in dresses aren’t typically associated with smarts? Or capability? Or confidence and being engaging?
Regardless of the reasons, for a while I decided to be a lot more low key… Trying to engage people with my words and my science, and not with how I look, or what gender I identify with – but isn’t playing into this reinforcing those stereotypes? Implying that a woman can’t embrace her femininity and still be a damn good scientist? Like brains and looks don’t go together? Like that scientist (cause that’s what she was) in my very first congress, I want to show that capability isn’t reflected in how you dress or how you look. It’s not coded in your sex chromosome. Girls don’t have to pick if they want to “be smart” or “be pretty”. A scientist can present amazing work rocking stiletto heels, tennis shoes or loafers.
For all the inequality that exists, some mindsets are easier to change than others. And for you, a young scientist that wants to rock that new dress, or that awesome looking blazer, or THOSE shoes: do it. Break that image of the successful scientist that is white, male, and unkempt, in oxford shoes. We’re more than what meets the eye.
Edite Figueiras is an optical microscopy developer, working at Vision to Action Lab, led by Michael Orger at the Champalimaud Foundation. She is a Biomedical Engineer with a PhD in Applied Physics. During her career, she developed and applied different optical setups using different technologies to unravel biological phenomena happening at diverse time and spatial scales. Figueiras worked in different European laboratories including Electronic and Instrumentation group (Portugal), BioMediTech (Finland), International Iberian Nanotechnology Laboratory (Portugal), National Physical Laboratory (UK) and Champalimaud Foundation (Portugal).
Hi, I am Edite.
I studied Biomedical Engineering in the Physics Department of the University of Coimbra, and since 2008 I work in the area of biomedical optics. I work at the Champalimaud Foundation, where I build optical microscopes to study brain activity and the behaviour of zebrafish during visual stimulus.
I use lasers, lenses, mirrors and other equipment to build a specific microscope that will help us to understand a particular biological phenomenon. The pic shows a microscope under construction. You can see more of that in Instagram (@orger_lab).
In my participation in SoapBox I will present optical microscopes, i.e., microscopes that, just like our eyes, use light to see the world, but can capture details smaller than the diameter of a hair strand. I will show the different components of a microscope and what we can find when we look at the microscopic world. Finally, we will turn our mobile phones into a microscope. If you want to try it you just need to have your mobile phone, a laser pointer cat toy and bostik adhesive.
Sara Silva Pereira is a post-doctoral fellow specialised in trypanosomes, microscopic parasites that can infect virtually any animal on Earth. Her professional path started in 2012 as a research intern at the London School of Hygiene and Tropical Medicine, searching for diagnostic tools for Leishmaniasis and Chagas’ disease. Then, she moved to the University of Liverpool to pursue a PhD in antigenic diversity of African trypanosomes. During her PhD, she developed VAPPER, the first automated tool to analyse trypanosome variant antigen diversity. She applied this knowledge to experimental and natural infections of cattle and tsetse flies in the UK, Kenya, and Brazil, which allowed for the characterisation of expressed antigens and is now driving vaccinology studies. In 2019, she won a Marie Skłodowska-Curie Individual Fellowship to join the laboratory of Luísa Figueiredo, at Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, in Lisbon. She is interested in the mechanisms of trypanosome binding to blood vessels and its impact on disease progression and clinical outcome.
I was probably twelve when I decided I wanted to do a PhD. The field of expertise changed throughout the years, though. First, I was inspired by mathematics, so I would see myself as an academic, teaching it to university students. I still remember the strange looks on my GCSE teachers’ eyes when hearing my aspirations, but I was always a straight-A student, so that would not be completely inconceivable. However, when I was introduced to the world of forensic medicine by some TV shows, I changed my mind and science became my strongest love. (Being inspired by a TV show is probably not the classiest answer, but oh well…).
At the age of 16, and after being either rejected or deferred by four medical schools in the United Kingdom, I had two options: either becoming a doctor in Portugal, or graduating in Biomedical Sciences in the UK. I secured my spot at the Medical School in Coimbra for the year ahead, as a safety net, but I still moved to London. Medical school was a safer option, but, at that time, six years plus a PhD looked like a lifetime. Looking back, I spent as much time studying to become a researcher as I would have to become a doctor, but I like to believe that I am happier.
I enjoyed reading about infectious diseases and tiny bugs. (And of course, the grey of London also made me dream about tropical destinations!). So, I searched for research laboratories that could host me half-way through my degree to get some hands-on experience in science and tropical diseases. I found one, at the London School of Hygiene and Tropical Medicine, where I learned a lot about the parasites Leishmania and Trypanosoma cruzi. In a tropical medicine lab, you learn the importance of networking and collaborating in science. I also learned that field work can be the most rewarding experience. Throughout the PhD, and now the Post-doc, I kept my love for trypanosomes well nurtured. I have been able to travel abroad, to know people from different backgrounds and cultures, and to learn how science (and life) works in other places. In this journey, you learn to become more practical, less attached, less consumerist, and more aware.
I guess the most fascinating aspect of my work is that we get to write true stories. Research is like a giant puzzle that is made of smaller ones. We find a piece and we build a small puzzle around it until it makes sense. I love academic science, so I hope I can continue to do so for the rest of my life. However, the scientific culture is tough and I would not recommend this life to anyone unless they are truly passionate about it. Academia can be painful: work-life balance is hard to find, gender balance is still far from reach, competition is huge, failure meets you daily and you never feel good enough. But then, you get to pursue your ideas, discover things and talk about them. How wonderful is that? When you love it, you find the strength to fight, and there is still a lot to fight for.
Oh, and it is never boring. Scientists are ‘people of the seven crafts’:
- Proper science? Check!
- Writing articles? Check!
- Graphic design? Check!
- Public speaking? Check!
- Fundraising? Check!
- Teaching students? Check!
- People, project, and financial management? Check!
I am writing this blog post whilst carrying a 37-week old baby bump, so you can guess what my next challenge will be. I am sure it will be fun, so much fun. And the best of all, I will raise a daughter who will know that women can be whatever they like and achieve whatever they set their minds to.
My name is Mariana, and I grew up in a sunny small town in the south of Portugal, dividing my days between school, sports and reading. I liked so many things that I was never sure what I wanted to do as a job, as a whole universe of jobs ranging from firefighter to astronomer, seemed super interesting and fun.
At 18, however, when I needed to decide on what I wanted to focus on for college, I was not sure whether biology or physics interested me the most to pursue as a professional career. Just in time for college application, I learned that these fields could be combined into developing technologies and be applied to human health, and I decided to move to Lisbon to study Biomedical Engineering at Instituto Superior Técnico, part of the Universidade de Lisboa.
While intensively studying maths, physics, electronics and physiology, and mostly learning how to split problems into smaller ones and solve each one after the other, I realised I would like to focus on solving biological problems and scientific questions. That was when I heard about computational biology, an interdisciplinary field that applies mathematics, statistics and computation concepts into solving biological questions, something that totally matched my interests. Thus, I joined the (computational biology) Disease Transcriptomics Lab at Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, in Lisbon, and I am now learning how to become a scientist by doing a PhD (which is basically another level in the game of academic education) where I am trying to better understand cellular functions by looking at the set of molecules a given cell produces in a given moment. I don’t really know where I want to go next, but reaching this state has shown me that in my case, as for many people I have met, the joy in scientific research comes from keeping questioning and addressing these questions from an interdisciplinary angle, where you can use the best of both fields and don’t need to pick between physics and biology.
I grew up in a very friendly environment
Born and raised in a sunny small city in the south of Portugal, I grew up in a small house with a big backyard, with fruit trees and farm animals to take care of, where I learned the bitter and sweet flavours of different types of vegetables, fruits and plants by trying them directly from the tree – well, I was fast in discovering the sweet ones. Being very close to the ocean, ending an afternoon of classes by the beach would be the most typical (and of course, the best) way to finish my day. Learning (and failing) by trying (just like in science) was a typical behaviour in general, and being a girl never made that difference.
Never during my young life I felt discrimination
I can’t remember a single time when I was told that I would not be able to achieve this or that because I was a girl. Maybe it is also related with the fact that my family was far from the typical gender-biased stereotype, as my father was commonly the one cooking and going to the groceries store, but I never felt that sort of discrimination in my life. Even when in college, in a male-dominated engineering school where I would frequently find myself as the only female student in the library, that always felt normal, as it was the consequence of more men than women wanting to study engineering.
Until I heard that women are paid differently (I mean, substantially less) than men
Then I heard about something that was also considered normal: that women earn in general less than men. Across all fields, but also in science. More specifically, according to the “She Figures” 2018 report from the European Commission, women employed in scientific R&D activities earned on average 17% less than their male colleagues in 2014. For the exact same job. This publication, that provides indicators for the gender (in)equality situation in research and innovation across the European Union, also shows that this gender pay gap increases with age in the EU. How come? This made me really uncomfortable and I went to search for the reasons for such a pay gap. I was part of a group of PhD students having a course at the European Molecular Biology Organisation (EMBO), where we learned about the EMBO’s “Women in Science” actions (https://www.embo.org/science-policy/women-in-science.html) and where they critically discussed data regarding this issue. There, I learned that one of the main reasons that feeds this inequality is something that can be stated as women self-discrimination: women (sometimes unconsciously) rate themselves as less capable than men and that, in general, makes them apply less frequently or ask for less money when it comes to negotiating hiring conditions.
What are we teaching young girls?
What is the reason for young girls to grow up with less confidence (in general) than boys? This means our cultural beliefs as a society are still far from what would be expected in a gender-balanced world. I started this text by telling you about my simple youth in the countryside and some of the steps that followed, but it all comes back to building confidence for me. I have discovered that each step you take looks like a level-up moment where you always feel you are not good enough, but being safe and comfortable gives you the confidence to risk and take the chance to go to the next level. In my particular case, there were several reasons why I would feel afraid about going to the next level, but none of them was related to being a woman. Learning by trying and failing as a young girl, and feeling welcome and normal in a male-dominated school while managing to achieve my goals gave me the confidence to see my future as having the same opportunities that any man colleague would have. Young women that want to become scientists should always be given the support and comfort to feel confident enough to go to their next level, just like a man would. Besides equal opportunities, we as a society need to work very hard to prevent intrinsic stereotypes from damaging the confidence that a young girl (or anyone) would need to get her goals achieved and to feel confident enough to go to the next level.
I am Belisa and I am currently a postdoctoral researcher at the Laboratory of Biological Physics of the Institute of Physics, Polish Academy of Sciences. I am a physicist, I work with computational simulations and I began my scientific research since my undergraduate studies at the Department of Physics of the Federal University of Pernambuco, Brazil, when I got a scholarship for scientific initiation. During my undergrad and Masters studies, both in the same Department, I studied vortices in superconducting systems. Then, I did my PhD in the Condensed Matter Theory Group at the University of Antwerp, Belgium, where I studied systems composed of carbon nanotube based nanosensors for detection of nanoparticles, with possible application to the detection of biomarkers of diseases, and properties of water confined in nanoscopic channels, aiming new filtration and desalination solutions.
After a whole academic training focused on condensed matter physics, I discovered my passion for the interdisciplinary field of biophysics. I investigate biological systems and processes from a physical point of view. I want to understand how those systems behave as they do and why, from the basis of interactions, energy and dynamics. My current research is focused on the so-called intrinsically disordered proteins (IDPs). These are proteins that do not have a well defined structure. IDPs can have several different functions, being linked for example to the principles of neurodegenerative diseases and to the formation of organelles that are important to transport substances at a cellular level. Therefore, in a protein, not only structure but also dynamics and even the surrounding environment are determinant to its function in the human body. My main goal is to understand both their individual and collective behavior.
I remember as a kid saying I wanted to be a scientist. By then, I could see myself in a white coat surrounded by bubbling multicolored solutions. It was neither the first nor the last thing I wanted to be and I could never imagine that by becoming a scientist I would be so far from that stereotype created in my head and so frequently present in many grown up heads.
I chose physics and as part of my undergraduate studies, I learnt a bit of programming. Shortly thereafter, I had my first contact with computational simulations targeted to scientific research and with all the potential this approach has to offer. The way of doing science depends on the demands, limitations and possibilities of new discoveries and technological advancements. The constant evolution of computational devices have brought the possibility of performing computational modelling and simulations, as well as in silico experiments and enabled me to become an “office scientist”: no white coat, no bubbling solutions, but with a world of possibilities on the computer screen in front of me.
Despite spending most of the time in front of the computer on a daily basis, my working style did not limit my mobility, quite the contrary. The scientific environment itself contributes to a high mobility and during my undergraduate and Masters studies in Brazil I had the opportunity to participate in several scientific conferences and meetings, where I could present my work and meet scientists from all over the world. Later I pursued my PhD, at this time in Belgium, where I already had a short stay during my Masters. Now I live in Poland and, in the future, who knows where else science will take me?
To implement computational simulations, the system is first modelled based on mathematical, physical and/or statistical aspects. A presentation of the system is then created by means of numerical codes using a programming language. Having followed this approach had enabled me to study the most distinct subjects at different levels of detail, as well as to investigate processes that cannot be fully observed in laboratory experiments. In my current research, physics and biology meet by means of computational simulations. This interdisciplinary field has the potential to become a powerful path, where in silico experiments – experiments performed via computational simulations – appear as a possible alternative towards replacement, reduction and/or refinement of animal tests in laboratory experiments.
In all the subjects I had studied and kept studying, besides the use of computational simulations, there is a sense of purpose. I am moved not only by curiosity, but also by a genuine will to contribute in extending the knowledge needed to tackle basic challenges faced by society. And I believe this can only be fully accomplished if science is taken beyond the limits of scientific and research environments. As a scientist, I feel it is my duty to make science more democratic and accessible.
In the process of bringing scientific production closer to society, cultural aspects cannot be neglected. As a woman and part of an under-represented group in the scientific environment, I feel the need to bring awareness to the issues faced by women in such an environment. Measures to stop the exodus of women in science have been only locally adopted so far. Therefore, I want to search for alternatives to make the scientific environment more attractive and interesting to girls and more welcoming to women. I believe that a way to pursue that is participating in initiatives of scientific dissemination aiming to increase the interest among young girls and increase female representativity in the academic and scientific environments. The way ahead is long, but I have an increasing will to make it more rewarding.
I am Amparo, a neuroscience PhD student at Universidade de Lisboa. I’m a clinical neuropsychologist that researches the relationships between the emotions, empathy and the brain with the hope to understand how our affections manifest through the study of psychiatric and neurologic pathologies.
A mind looking for the brain
As a psychology student in my homeland, Chile, I looked forward to engaging with patients of the kind you see depicted in books and movies: I imagined myself treating someone with Raskolnikovs’ psychosis, or maybe global amnesia. Being raised in a country scattered with the wounds of a colonial past, where patriarchy and sexism are still deeply rooted in our culture, I started developing a fascination with the fact that genetics, environment and then, epigenetics, diseases, heritage, socioeconomic status, all play a distinctive part in the (un?)predictable ways in which the mind unravels. During my college years I was astounded to find, through Piaget’s developmental theories and psychoanalysis, how all these factors are entwined with the progress of psychology as a science.
I spent my first two years of clinical practice at a unit for psychiatric hospitalization. I was commended to help with the treatment of “inpatients” that suffered from a broad range of “mental conditions1”. The common denominator they shared was that at the moment of
hospitalization, they were all undergoing severe crises.
I will never forget the day a “patient” was brought in a wheelchair. Not only had she lost the ability to move her legs, but also her sensitivity. The cause had not been determined, and no treatment was working on her. When doctors examined her, reflex responses and even reactions to painful stimuli were altogether missing. But after one, merely one hypnosis session, she was suddenly able to stand up… and promptly ran out the door straight into the arms of her husband and children! I was shocked. How had she found symptomatic relief in psychiatry rather than in her previous treatment at the neurology department?
I also vividly recall another “patient”: Numb, lacking all motivation or initiative, unable to engage in any activity, to the point where he seemed completely absent. He was not sad, scared or paralized; just lost in apathy. A 45 year old man almost 2 meters tall, his old mother struggled hard to take care of him. With no clinical record at our institution, his case became an authentic mystery. One day, someone noticed two tiny little scars in his scalp, fully covered by thick brown hair. A magnetic resonance exam then showed unequivocally he had suffered brain damage (we later learned he had undergone brain surgery some years ago). These findings led us to understand his symptoms and why his current treatment was not working. I thought about the amount of suffering that could have been spared had we had him scanned earlier… I was increasingly bothered by the fact that neurology and psychiatry were completely separate departments, and we could only have access to the former whenever we could claim to have a “good enough reason”.
With these and other experiences under my belt, I went on to study clinical neuropsychology. This proved to be precisely what I was looking for, the missing piece ready to fill the gap which had widened during my field practice. I had ventured to the wonders of the mind; now I wanted to take a closer look on how it relates to the brain. I moved to Buenos Aires, a magnificent, exhilarating city in the country neighboring my own, to embark in a very demanding 2-year program. Many lectures and clinical practice sessions with both children and adults were waiting for me.
The process of becoming a neuropsychologist was an amazing experience I treasure among the best in my life. However, soon I once again found myself wondering whether something crucial was still missing. The interaction between mind and brain seemed to translate almost exclusively into the field of neurologic diseases such as dementia or cerebral paralysis. Yet psychiatric illnesses or psychological symptoms which have (yet) no established differences in brain structure, such as personality disorders were nowhere to be found in my courses. Are there “pure” psychological processes which cannot be traced back to the brain? Conversely, are there brain conditions without any psychological implications?
From these questions I took a leap to the discipline of Affective Neuroscience, which studies affective processes such as emotions and empathy through the lens of the workings of our brain. Of course, understanding complex issues from this perspective does not entail reducing them to the interaction of a bunch of brain cells. Yet we can’t overlook the fact that psychological phenomena, such as emotions, exist because they were useful for the evolutionary development of our species. Fear, for example, played a key role in our capacity to avoid and escape predators. That ancient reptilian brain circuit helped us to survive and thrive… the difference is that what triggers fear in modern day circumstances most probably wouldn’t be a threat to our physical integrity, such as when we realize there’s a bill we forgot to pay!
As a clinical neuropsychologist and now a neuroscience PhD candidate to the University of Lisbon, I have carried on working with neurologic and psychiatric “patients”. Currently I am immersed in an in-depth study of emotion processing in migraine, measuring performance while registering brain activation with functional magnetic resonance. I’m passionate about the discussion around the dualism that exists between psychology(mind) and neurology(brain), emotion(feeling) and cognition(knowing). In choosing the path that has led me to this point, I have adopted a personal – and to some degree scientific – mantra. Whenever I feel I haven’t found all of what I am expecting, I try listening to my emotions and consciously take them into account, considering them as relevant as facts or knowledge. I hope you find my experience useful when asking yourself what makes sense to you in your own professional practice.
1 I use quotation marks when referring to patients and mental illnesses to keep in mind that what has been labeled as mental disorder has changed throughout history not only for scientific but for political reasons, (case in point being the fact homosexuality was considered a sexual deviation until the 1970’s).
Marta C. Lopes is an Assistant Professor (tenure track) at Universidad Carlos III de Madrid. She obtained her PhD in 2019, at Nova School of Business and Economics, Universidade Nova de Lisboa, with the thesis entitled “Essays on Job and Unemployment Protection: The Impacts on Unemployment Duration, Wages, and Fertility”. During her PhD studies, she visited University College London, where she was based at the Centre for Microdata Methods and Practice (CeMMAP), between 2015 and 2019. Afterwards, she spent one year in Florence, at the European University Institute, as a Postdoctoral Max Weber Fellow. Since February 2019 she is also a Research Affiliate at IZA. Her main research interests are Labour Economics, Family Economics, Public Economics and Applied Econometrics.
Eco(No)mics
Unlike some colleagues I met along the way, I only decided to do the Economics Degree at the last minute, and so was the decision to get a PhD. Although it was not a planned decision, today I research and teach Economics at university level, and I’m sure I wouldn’t be happier in any other job.
When I was a little girl, I wanted to be a pianist, a painter, a poet, just about anything that involved creativity. Did I leave that dream behind? No. Both research and academic teaching require precision, but that does not mean that creativity is gone. Let’s start with music: Did you know that there is a field of research in economics that is dedicated to this industry? For example, written by one of the Economists I appreciate the most, Alan Krueger, the book Rockeconomics explores the world of music (especially, but not only, Rock) to explain Economic concepts – either by explaining different ticket prices for concerts and festivals, or by analyzing the decision to make music available in streaming services instead of selling it via CDs. The same can be thought for art auctions and for the analysis of poems that have become more famous. Because Economics is the analysis of what brings people more utility, be it measured in money or, in a more subjective way, in happiness. It is often said that money is not everything in life. I say that neither in life nor in Economics.
From its origin, the word Economics means “management of the house”. In the management of a house, the management of the budget is as important as the organization of people, space, time, and activities. Thus, in Economics, there is always a more financial field, so to speak, which involves analyzing the sum of income earned by the household, and according to the preferences and needs of each member of the household, one then decides what to buy, in what quantity and at what price, and also how much to save (and invest). However, for a happy home, it is still important to make other decisions that do not necessarily involve money, such as meal times, time dedicated to study, and even more permanent than routine decisions such as marriage, divorce, fecundity, emigration, among others.
It is this last group of decisions that fascinates me the most. In my doctorate I specialized in Labor Economics. Over the last few years, I have answered questions such as: what is the probability of finding tomorrow a job that I like if I decide today not to accept a job that I like less? If I stay unemployed longer, will I get a penalty on my salary? Should I have children at any time in my career or should I wait for a permanent contract that gives me income security? If I am unemployed and have never been an entrepreneur, but the State gives me financial help, should I start my own business? It is true that all these questions have a financial side, but at the end of the day, the aim is to maximise the utility of the individual, which is measured not only in monetary terms but also in personal satisfaction and achievement of life goals.
This way, I hope that this article demystifies the idea that Economists ONLY think about savings, income maximization, and taxes collection. Economics is the management of the home, at all levels. This home can be as small as a single person’s home, or larger, as a firm, a municipality, a region, a country, or even an aggregate of countries, such as the European Union. We use a lot of Mathematics, yes, but equally important is the writing with which we convey our findings to the decision-makers in these houses, the creativity we put into the charts summarising our investigative discoveries, and the way we expose ourselves in classes, academic conferences, television, or sessions in Parliament.
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Amaranta Kahn is a recent post-doc researcher in CIIMAR (2020), currently studying cyanobacterial exogenous Fatty Acid incorporation and its implication on aquatic ecology in cyanobacteria. She obtained her PhD degree (2019) in molecular biology and biochemistry at the Weizmann Institute of Science (Ed Bayer) and in collaboration with the National Renewable Energy Laboratory (Yannick Bomble) Previously, she concluded an MSc in molecular biology at the École Normale Supérieure (Paris). Her current research interests reside in molecular microbiology, biochemistry, metabolomic and lipidomic. Amaranta is an extreme sport lover and, in her leisure time, she enjoys camping, being in the sea, and dancing with friends.
Amaranta Kahn, how did you get to your current position?
I was born and raised in Paris (after living from the age of 3 weeks to 2 years in Jakarta). I started to study life sciences in Paris, in several universities, following the programs that interested me the most. I moved to Tel-Aviv for my master internships, going back and forth to Paris to finish my master classes. Eventually, I decided to finally stay in Tel-Aviv to take advantage of the incredible scientific opportunity that was given to me at the Weizmann Institute, and to enjoy the quality of life that this city can provide if you look at the bright side. After 5 more years, I graduated from my PhD at the Weizmann Institute of Science. During my PhD, I spent 4 months in a partner laboratory in the state of Colorado, at 1800 meters of elevation, surrounded by mountains.
That is the first thing that I enjoy about research so much: it opens you the doors to many countries, you are even pushed to travel! After graduating, I wanted to keep working in labs, and in academia, so I looked for a place to do a post-doc. I looked all over the world, in places near the sea and with nice weather. I was looking for a lab that will teach me new technics, develop my way of thinking, broaden my skills while keeping using the ones I learned.
I found what seems to be the perfect lab for me, in a sustainable marine environment, with a young, friendly and dynamic team; the Cyanobacterial Natural Product laboratory, founded and directed by Pedro Leão, in the Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Matosinhos (Porto).
What, or who, inspired you to get a career in science?
When I was 12 years old, I was complaining to my uncle that I did not like my classes of life science at school, and that they bored me to death. Being a graphic designer, he explained to me that they were not his favorite classes either, but that there was some magic in them: life science helps you to understand and to see from a different perspective the world and life around us. It even allows you to look for things that you could not see with the human eye, to ask any questions that you would like, and to gain the tools to answer them yourself! Since that day, I started to love science more and more. On the top of it, since I was a kid, I loved doing experimental work: you get the chance to wear funny equipment (glasses, lab-coat, gloves, etc), to work in different unusual places (cold rooms, boxes without oxygen, etc), and to play with instruments, use your hands and not only your head, a little bit like in a movie, every week!
What is the most fascinating aspect of your research/work?
What fascinates me the most in my “work”, is the fact that we are eternal students. We are receiving money to study. People are asking me: when are you finally going to finish your studies (as a PhD is quite long). And I answer: never ! Even as a professor you are still studying every day. We should read a lot, write, understand millions of new things, exchange knowledge with a lot of other scientists. We can choose to work on everything that seems interesting to us, and there is no limit to the questions that you can ask. It cannot be boring (in the long term), and you are extremely free and are helping the world to better understand its biological and chemical secrets!
What attracted you to Soapbox Science in the first place?
Doing research on environmental changes and sustainable biotechnology is my passion. I believe that sharing a passion is a way to keep the passion alive. At the same time, I believe that science and research exist in order to bring more knowledge to everyone (not only the scientific community) and to brainstorm with other people to keep new scientific questions raising. Hence, participating in events promoting science access to everyone as well as extending the science lovers community is extremely important for me. Being a woman, as well as being very aware of the tremendous obstacles that women encounter through their life (professional but not only) gave me the strongest will to be a part of the Soapbox community. Joining the Women in Science community was always something meaningful to me, that I did not have the chance to do until now.
Sum up in one word your expectations for the day
FUN!
If you could change one thing about the scientific culture right now, what would it be?
I would change the: “what are you doing this for”? Fundamental scientists are not a marketing nor a selling company. We are working to dig into and spread knowledge, we should not need to justify it by how much profit we will gain from it. Neither in terms of application, neither in terms of high factor publication.
What would be your top recommendation to a woman studying for a PhD and considering pursuing a career in academia?
I just finished my PhD, so I would recommend to any woman what I would tell to myself: never give up about your dreams/career plans because of the fear of not succeeding while having children. Do not consider your career plans as obstacles to your personal plans or your personal plans as obstacles to your career. Do not be intimidated by men, and even less by men or women with power, because they speak louder. Not to be too stressed and to realize that at this stage we are doing what we are really willing to do and what makes us happy. Do not think that you are not able to do what you want, because if you got to the PhD level it means that you should be able to decide and to do what is good for you and what you are good at.
In other words, I believe that today, at the PhD level, we have enough freedom and degrees to decide to keep/start studying what we want. So we should not let anyone stop us 😀
My name is Adriana Sánchez-Danés and I am a group leader at the Champalimaud Foundation. I come from Olot, a beautiful city located in a volcanic area called “La Garrotxa” close to the Pyrenees in Catalunya (Spain). When I was a child I used to walk around the forests of la Garrotxa and I loved observing the nature there. I was always quite curious and I often asked my parents and teachers the reasoning behind how and why things work. And this is how it started: after all, the work of scientists is precisely to understand how and why biological processes work and try to find the answers to biological questions.
I have always been fascinated by how the cells that compose our body and the bodies of plants and other animals work. There are hundreds of different cell types in our body, and they all originate during our development from what we call embryonic stem cells. These embryonic stem cells give rise to all the different types of cells in our bodies, from the neurons in our brain to the cardiomyocytes that beat in our heart. Embryonic stem cells also give rise to the so-called adult stem cells: in other words, the stem cells that reside in our organs when we are adults. Adult stem cells replenish dying cells within tissues and participate in regeneration upon injury. But if stem cells mutate and lose control over their self-renewal they can lead to diseases such as cancer.
I have focused on stem cells during my PhD, postdoctoral and current research. During all these years, I have studied stem cells from different angles while collaborating with scientists from different disciplines, which has been extremely enriching. During my PhD, we demonstrated that the stem cells could be used to model complex neurodegenerative disorders such as Parkinson’s disease. During my postdoc, we showed that skin stem cells are at the root of the most common skin cancer, the basal cell carcinoma. Now, at the Champalimaud Foundation, my group focuses on studying the role of stem cells during adult and pediatric cancer formation.
So if you are interested to talk about the role of stem cells from development to adult life, please join us at Soapbox Science Lisbon!
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