Observatórios unem-se para revelar raro asteroide duplo
Novas observações feitas por três dos maiores radiotelescópios do mundo revelaram que um asteroide descoberto no ano passado não é afinal apenas um objeto, mas dois. Os asteroides, cada um com cerca de 900 metros de comprimento, orbitam-se mutuamente.
O asteroide próximo da Terra 2017 YE5 foi descoberto através de observações realizadas a 21 de dezembro de 2017 pelo pelo Morocco Oukaimeden Sky Survey, mas até ao final de junho deste ano não eram conhecidos quaisquer detalhes sobre as suas propriedades físicas. Este é apenas o quarto asteroide binário de “massa igual” detetado, e é formado por dois objetos quase idênticos em tamanho, que se orbitam. As novas observações oferecem-nos as imagens mais detalhadas até hoje obtidas deste tipo de asteroide.
Três dos maiores radiotelescópios do mundo uniram-se para mostrar um raro asteroide duplo. 2017 YE5 é apenas o quarto asteroide binário próximo da Terra observado, em que os dois corpos são aproximadamente do mesmo tamanho e não se tocam. Este vídeo mostra imagens de radar do par, recolhidas pelo Goldstone Solar System Radar, o Observatório de Arecibo e o Observatório Green Bank. Crédito: Jet Propulsion Laboratory.
A 21 de junho de 2018, o asteroide 2017 YE5 fez sua maior aproximação ao nosso planeta (pelos próximos 170 anos, pelo menos), chegando até à distância de aproximadamente 6 milhões de quilómetros da Terra (cerca de 16 vezes a distância entre a Terra e a Lua). Observações realizadas na Califórnia, nos dias 21 e 22 de junho, com o GSSR (Goldstone Solar System Radar) da NASA mostraram os primeiros sinais de que 2017 YE5 poderia ser um sistema binário. As observações revelaram dois lobos distintos, porém a orientação do asteroide era tal que os cientistas não podiam ver se os dois corpos estavam juntos ou separados.
Um grupo de cientistas do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, já tinha planeado observar 2017 YE5, e este grupo foi alertados pelos colegas de Goldstone sobre as propriedades únicas do asteroide. A 24 de junho, a equipa juntou-se a investigadores do GBO (Observatório Green Bank), em West Virginia, e os dois observatórios foram usados numa configuração de radar biestática (com Arecibo a transmitir o sinal de radar e Green Bank a receber o sinal de retorno). Juntos, puderam confirmar que 2017 YE5 consiste em dois objetos separados. A 26 de junho, Goldstone e Arecibo confirmaram de forma independente a natureza binária do asteroide.
As novas observações obtidas entre os dias 21 e 26 de junho indicaram que os dois objetos giram em torno um do outro uma vez a cada 20-24 horas. A confirmação foi conseguida com observações em luz visível das variações de brilho, feitas por Brian Warner no Centro para Estudos do Sistema Solar em Rancho Cucamonga, Califórnia.
As imagens de radar mostram que os dois objetos são maiores do que inicialmente sugeria o seu brilho óptico combinado, indicando que não refletem tanta luz solar quanto um asteroide rochoso típico. 2017 YE5 é provavelmente tão negro como o carvão. As imagens de Goldstone, obtidas a 21 de junho, também mostram uma diferença relevante na refletividade de radar dos dois objetos, um fenómeno que não foi anteriormente observado num conjunto de mais de 50 outros sistemas binários de asteroides estudados pelo radar desde 2000 (porém, a maioria desses sistemas binários consiste num objeto grande e num satélite muito mais pequeno). As diferenças de refletividade surgem também nas imagens de Arecibo e sugerem que os dois objetos podem ter densidades, composições junto à superfície ou rugosidades de superfície diferentes.
Os cientistas estimam que cerca de 15% dos asteroides próximos da Terra com mais de 200 metros sejam binários compostos por um objeto grande e um satélite muito menor. Outros 15% serão binários de contacto, nos quais dois objetos de tamanho semelhante estão em contacto. Binários de massa igual, como 2017 YE5, são muito mais raros.
A descoberta da natureza binária de 2017 YE5 oferece aos cientistas uma importante oportunidade para aperfeiçoarem o conhecimento sobre diferentes tipos de binários e estudarem os mecanismos de formação entre os binários e os binários de contacto, que podem estar relacionados. A análise combinada das observações de radar e ópticas pode permitir estimar as densidades dos objetos que compõem 2017 YE5, o que irá ajudar a compreender melhor a sua composição e estrutura interna, bem como a sua formação.
Fonte da notícia: JPL
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