Missão Juno oferece-nos uma viagem no infravermelho ao Polo Norte de Júpiter
A NASA divulgou um filme da região polar norte de Júpiter, no infravermelho, com dados de imagem obtidos pelo instrumento JIRAM (Jovian InfraRed Auroral Mapper) a bordo da sonda Juno (missão da NASA a Júpiter), mostrando um enorme ciclone sobre o polo norte cercado por oito tempestades mais pequenas que chegam a atingir os 4600 quilómetros de diâmetro. O filme foi revelado durante a Assembleia Geral da União Europeia de Geociências, em Viena, Áustria, na passada quarta-feira, 11 de abril.
O instrumento JIRAM pode medir temperaturas 50 a 70 quilómetros abaixo dos topos das nuvens de Júpiter, fornecendo novas informações sobre como são geradas as tempestades. As áreas amarelas visíveis na atmosfera do planeta são mais profundas e mais quentes e as áreas mais escuras são menos profundas e mais frias. As temperaturas variam entre os -13 e os -83 graus Celsius.
“Antes da Juno, podíamos apenas imaginar como seriam os polos de Júpiter,” disse Alberto Adriani, do Instituto de Astrofísica e Planetologia Espacial, em Roma, e investigador da Juno. “Agora, com a sonda a sobrevoar os polos a uma curta distância, é possível recolher imagens no infravermelho dos padrões climáticos polares de Júpiter e dos seus enormes ciclones numa resolução sem precedentes.”
Nesta animação, somos levados ao polo norte de Júpiter para percebermos os aspetos 3D do ciclone central da região e dos 8 ciclones que o circundam. O filme utiliza imagens provenientes de dados recolhidos pelo instrumento JIRAM a bordo da missão Juno, durante a sua quarta passagem sobre o planeta. As câmaras infravermelhas detetam a temperatura da atmosfera de Júpiter e dão informações sobre os poderosos ciclones nos polos. Na animação, as zonas amarelas são as mais quentes (mais profundas na atmosfera de Júpiter) e as zonas escuras são mais frias (menos profundas na atmosfera). Nesta imagem, a “temperatura de brilho” mais alta é de cerca de -13 °C e a mais baixa de aproximadamente -83 °C. A “temperatura de brilho” é uma medida da radiação, a 5 µm, que viaja a partir do topo da atmosfera em direção a Juno, expressa em unidades de temperatura. Crédito: NASA/Juno.
Os investigadores da Juno divulgaram também novos resultados que explicam como gira o interior deste planeta gigante.
“Graças ao incrível aumento de precisão dos dados gravitacionais da Juno, ficámos a conhecer melhor o interior de Júpiter,” disse Tristan Guillot, da Universidade Côte d’Azur, em Nice, França, também investigador da Juno. E acrescentou: “As zonas e cinturas que vemos a girar na atmosfera a diferentes velocidades estendem-se por cerca de 3000 quilómetros. Neste ponto, o hidrogénio torna-se suficientemente condutor para ser arrastado numa rotação quase uniforme pelo poderoso campo magnético do planeta.”
Os investigadores revelaram ainda um novo modelo do campo magnético de Júpiter com base em dados recolhidos durante as primeiras oito órbitas da sonda.
A missão Juno, da NASA, ofereceu a primeira imagem do dínamo que alimenta o campo magnético de Júpiter. O novo panorama global revela irregularidades inesperadas e regiões com intensidades de campo magnético surpreendentes. As linhas do campo magnético emergem do planeta nas áreas a vermelho e retornam nas áreas a azul. Crédito: NASA/Juno.
O mapa mostra irregularidades inesperadas, com mais atividade magnética aparente no hemisfério norte de Júpiter que no hemisfério sul. A meio caminho entre o equador do planeta e o polo norte existe uma área onde o campo magnético é muito poderoso e positivo (vermelho), ladeado por áreas de menor intensidade e de orientação negativa (azul). No hemisfério sul, o campo magnético é invariavelmente negativo.
Júpiter é em geral considerado como um corpo mais ou menos fluido e ainda não se sabe a razão para tais diferenças.
“Começamos a perceber que o campo magnético de Júpiter é diferente de tudo o que imaginámos,” disse Jack Connerney, um dos principais investigadores da Juno. “As investigações sobre o ambiente magnético de Júpiter realizadas pela Juno representam o início de uma nova era no estudo de dínamos planetários.”
Fontes da notícia: Astronomy Now e NASA.
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