A partir de hoje, 15 de Setembro, Saturno deixa de estar sob permanente vigilância de um emissário humano. A sonda Cassini conclui a sua missão com um mergulho na atmosfera do gigante dos anéis, onde será rapidamente destruída. Os seus fragmentos espalhar-se-ão e nunca mais poderão ser recuperados. Porquê?

A verdade é que não é a primeira vez que uma missão espacial acaba desta forma. Há uns anos, a Galileo conheceu um destino similar, depois de vários anos a estudar o sistema de Júpiter. Tal como nessa altura, a principal razão para adoptar esta solução é a de garantir que não haja qualquer possibilidade de contaminação de um dos satélites onde se acredita que podem existir condições para a vida. E isso poderia suceder, já que não haveria forma de controlar a trajectória futura da sonda por entre um planeta gigante e o seu vasto cortejo de satélites. Portanto, a Cassini foi orientada, nestes últimos meses, para executar uma série de órbitas que a fizeram passar entre Saturno e os anéis, e por fim para chocar com o próprio planeta.

Foi uma missão duradoura, que levou a incontáveis descobertas, resolveu algumas questões e lançou muitas outras, sobre Saturno, os seus anéis e as suas luas, sobretudo Titã e Encelado. Um grande número de artigos científicos e livros foram produzidos; conferências tiveram lugar; sites e blogs de agências espaciais e cientistas envolvidos na missão surgiram como cogumelos. A informação, como é habitual nos nossos tempos, está quase toda disponível por essa internet fora.

 

 

Podíamos por isso falar aqui do espantoso ambiente de Titã, com os seus lagos de hidrocarbonetos, ou das “riscas de tigre” de Encelado, por onde se escapa água para o espaço. Ou das minúsculas luas que orbitam Saturno no meio dos anéis. Ou de muitos outros temas.

Mas… a Cassini passou muitos anos a viajar em torno de Saturno. A capturar inúmeras imagens

daquele que é (depois da Terra…) o mais belo dos planetas – certamente o mais inspirador quando observado ao telescópio. E é isso que celebramos hoje aqui: a beleza deste gigante distante, as paisagens alienígenas que só os nossos extraordinários engenhos espaciais nos permitem contemplar.

 

 

 


Até sempre, Cassini, e obrigado!

 

(Crédito de todas as imagens: NASA/JPL)

 

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