Estrela da tarde, estrela da manhã, estrela nenhuma
23.Set.- 29.Set.2016 (Portugal)
Nesta altura do ano, voltam tipicamente os crepúsculos mais coloridos ao nascer e pôr do sol. O horizonte banhado nas mais variadas tonalidades, brilho intenso a emanar onde pouco antes havia ou irá haver o Sol e “Ena, que estrela é esta ali ao pé?”.
Não é muito raro que esta pergunta se coloque no mesmo dia, tanto de manhã como ao fim da tarde. A resposta popular é, normalmente, que esta “é a estrela da manhã” e “é a estrela da tarde”.
Mas como pode isto ser? A mesma estrela duas vezes ao dia?
Pois, não pode ser, nem nunca poderá ser sem que haja primeiro uma grave alteração do trajeto da Terra. Nesse caso, porém, não haverá gente para presenciar este fenómeno.
O que aqui temos, no caso da alegada estrela da manhã, é o planeta Mercúrio, o qual está atualmente mais afastado do Sol, visto aqui da Terra. Por mera coincidência, Mercúrio em órbita solar está fisicamente na sua maior aproximação ao Sol.
No caso da estrela da tarde temos, de facto, o planeta Vénus. É Vénus que traz desde tempos remotos o atributo de estrela da tarde ou de estrela da manhã, conforme o caso.
Mas como já é sabido há muito, Vénus não é estrela nenhuma, por mais se pareça, assim, a olho nu.
Na manhã do dia 29, antes do nascer do sol, há Mercúrio bem destacado junto ao horizonte e uma Lua finíssima logo ao pé. A Lua está prestes a passar para a fase de lua nova, dia e meio mais tarde, por isso, mal dá nas vistas e é por isso que a conjunção entre os dois é tão bonita de ver. A distância mínima aparente entre a Lua e o planeta ocorre, infelizmente, já com o Sol acima do horizonte.
Em todo o caso, tanto de manhã como de tarde, uma câmara, telemóvel, ou o que houver de moderno com capacidade para tirar fotografias consegue registar nestes dias imagens fascinantes de ambos os lados do crepúsculo com planeta à vista.
Depois do dia 28, Mercúrio inicia o seu regresso para junto do disco solar. Vénus, por outro lado, irá continuar todo o resto do ano fazer o seu papel de planeta disfarçado de estrela da tarde.
Já agora, quantos crepúsculos há por dia? Pode deixar a sua resposta ou aposta nos comentários em baixo.
Fenómenos da semana
23.9. 10:56 Lua em quarto minguante
25.9. 01:46 Planeta anão 136472 MakeMake em conjunção.
26.9. 07:59 Júpiter em conjunção
28.9. 16:22 Mercúrio em periélio
28.9. 20:27 Mercúrio em elongação máxima oeste (17,9° oeste do Sol)
29.9. 09:32 Lua junto de Mercúrio (1° S Lua, última visibilidade ~7h)
Contacto para as crónicas sobre a atualidade celeste: ceu@astronomia.pt
Olá. Tenho visto ultimamente uma “estrela” muito brilhante por volta de 03:30 /4;00 HS da manhã. Isso procede? Um astro que só dá o ar de sua graça a partir de um horário específico?
Olá Mary Lucia,
a tal “estrela” deve ser o planeta Vénus (Jan 2019) que, na sua órbita visto da Terra, está na sua maior distância angular em relação ao Sol (dia 6 Jan), depois volta lentamente para perto do disco solar. Porém, durante as próximas semanas/meses Vénus continua fazer o papel de estrela da manhã. Uma hora depois de Vénus, mas duas horas antes do nascer do Sol, há ainda o planeta Júpiter que bem se destaca mesmo perto do horizonte, mas Vénus sempre irá parecer mais brilhante. Atualmente, Saturno, Mercúrio, Júpiter e Vénus estão do lado oeste do Sol e assim nascem antes do mesmo. Só Mercúrio pode ainda ser visto antes que a claridade do dia abafa qualquer luz vindo do céu estrelado.
Como sugere esta resposta, os planetas são dinâmicos (palavra planeta: antigo grego para estrela ambulante). Como tál, o que hoje se vê a certa hora, para o mês já vai ser diferente.
Uma vez que a Terra também orbita em torno do Sol, também mudamos o nosso ângulo de visão aos planetas e estrelas fixas em relação a posição do Sol.
Significa isto, a hora de visibilidade das estrelas não é sempre na mesma hora. Por regra, do início ao fim de um qualquer mês as estrelas nascem sensivelmente duas horas mais cedo (12*2h = 24h, após um ano estão outra vez no mesmo lugar na mesma hora).
O papel de “estrela da manhã” do planeta Vénus, ainda deve durar até Abril. Mas mesmo assim, não será na mesma posição (altura sobre o horizonte). Gradualmente Vénus nasce um pouco mais tarde, fica, portanto, um pouco mais baixo do que esteve semanas antes.
Boa noite, por favor, moro no Brasil, a cerca de 10 graus de latitude sul.Gostaria de saber, quais são os meses, em que posso ver Vênus de madrugada, como ” estrela dalva ” e quais os meses em que ele muda e aparece como ” estrela vesper”, no céu do Brasil.Procuro por essas datas, no Google, sem as encontrar.Grato, Tiburtino Lacerda.
Olá Tiburtino,
obrigado pela pergunta.
Atualmente Vénus está, visto da Terra, a Oeste do Sol e a aproximar-se dele. Isso faz Vénus de estrela da manhã até a aproximação ao Sol (ou seja, o ângulo entre Sol e Vénus, chamado elongação) ser demasiada e o Sol abafar o brilho de Vénus. Mas sendo tão perto do Sol, Vénus destaca-se apenas pouco acima do horizonte e não é bem esse o conceito de estrela de destaque.
Em Agosto, Vénus passa por detrás do Sol e reaparece do lado Este da nossa estrela em Setembro. Mas será preciso esperar até fins de Outubro para Vénus ter brilho e distância angular do Sol suficiente para se destacar, desta vez como estrela da tarde. As datas da maior distância angular entre Sol e Vénus, a elongação máxima, segue na pequena tabela.
24.Mar 2020 – 46° Este (estrela da manhã)
13.Ago 2020 – 45° Oeste (estrela da tarde)
29.Out 2021 – 47° Este (estrela da manhã)
20.Mar 2022 – 46° Oeste (estrela da tarde)
Sensivelmente dois meses em torno destas datas, Vénus se destacará no céu ainda escuro ou a escurecer/aclarar.
Olá! Vi hje uma “estrela” antes do nascer do sol em torno de 5:20 da amanhã. O quê poderia ser?
Olá Patrícia,
sugeria, para o futuro, ser mais específico quanto a localização, pois com uns >2000 estrelas visíveis em qualquer momento (noite) é difícil dizer algo com certeza.
Se, na hora indicada, a “estrela” foi vista do lado onde nasce o Sol, de certeza trata-se de Vénus.
Se do lado oposto, a coisa complica-se. Há três objetos bem brilhantes. Mais perto do horizonte, de tonalidade avermelhada, há a estrela Antares no Escorpião.
Acima desse e provavelmente o mais brilhante dos três é o planeta Júpiter. E bem mais alto, mas brilhante na mesma há Saturno.
Qual deles terás visto?
Estou em julho dia 22 de 2020.vejo toda madrugada uma estrela enorme que o brilho espalha de tão grande ela.assim as 20hrs ela não está ali,só que qndo é de madrugada ela está ali tão brilhando.ela fica no meio sabe entre o lado por do sol e nascer do sol.
Olá Dieci,
da forma como descreve o brilho, a minha primeira resposta para a origem dessa luz teria sido claramente: o planeta Vénus.
Apesar de bem alto no céu e o objeto de aspeto estelar mais brilhante em todo o céu do momento, de madrugada, Vénus está definitivamente mais do lado do nascer do sol.
O que poderá ser, então, a estranha estrela?
Sensivelmente uma hora ou pouco mais antes do nascer do sol, quase a meio do seu arco diário (de leste para oeste) no céu, brilhante e de cor alaranjada e bem alto há o planeta Marte.
Marte está atualmente na constelação Peixe, por baixo da constelação da Baleia (Cetus), ambas constelações formam uma região celeste com poucas estrelas notórias. Como tal, Marte efetivamente se destaca bem.
Todavia, da forma como descreve o brilho…continuo achar que se refere ao planeta Vénus. Para as distinguir: Marte apresenta uma tonalidade alaranjada, Vénus é branco.
Num local absolutamente escuro, sem qualquer luz artificial a grande distancia, a luz de Vénus é de tal maneira brilhante que consegue iluminar a paisagem (como a lua em certas fases) e é possível observar a sombra projetada pelos objetos em redor.
Marte, infelizmente, nunca consegue chegar a tamanha luminosidade como Vénus.
Como o sol de dia e as estrelas ditas fixas de noite, todo o céu revolve de leste para oeste. Bem, o que gira é a Terra, nós vemos a projeção desse movimento, como a paisagem a passar numa carro em andamento. Por isso, às 20 horas as estrelas que estão sobre o horizonte já deram uma grande volta quando observamos a mesma zona do horizonte de madrugada, antes do nascer do sol. Alias, só o que às 20 horas está do lado leste ainda é visível, mas agora do lado oeste. Todo o resto já se pôs no oeste. Enquanto no leste, ao longo da noite, nasceram as coisas ainda escondidas pelo corpo da Terra sobre o qual estamos.
Marte nasce pouco antes das 23 horas (24.7.2020) e chega ao seu ponto mais alto do trajeto diário no Norte (para o hemisfério sul) pouco antes das 5 horas.
Vénus nasce perto das 3:30 horas. Convém esperar uma hora após a hora do nascer, para o respetivo planeta sair do quer que seja junto do horizonte. A hora indicada assume um horizonte plano.
Fico curioso em saber, qual dos dois se confirma ser a tal luz brilhante descrita. Vénus ou Marte…ou será nenhum deles?
Céus limpos
Eu também vi várias vezes esse brilho por volta de 4h40 e 5h00 da manhã, e confesso que como você fiquei espantada com o tamanho e brilho intenso. Depois de umas pesquisas baixei um aplicativo que ajuda a localizar constelações e planetas com muita facilidade. O App confirmou ser Vênus mesmo 🙂
Olá Luana,
Vénus afasta-se da Terra para, na sua órbita, se esconder atrás do Sol. Mais distante, mais pequena fica num telescópio e tecnicamente devia também diminuir o brilho.
Mas, estando quase do lado de lá do Sol, a metade iluminada do planeta fica cada vez mais virado para nós. Semelhante à lua em fase crescente, Vénus caminha para Vénus cheia e, como tál, fica cada vez mais brilhante. Assim, a perda de brilho devido à distância é compensada pelo aumento do brilho devido à fase.
O nosso planeta vizinho ainda pode ser visto como estrela da manhã notável por bem mais algum tempo este ano.
Aplaudo a iniciativa de a Luana ter procurada a origem da luz que viu (Vénus, como se verificou) e de ter instalada uma app que futuramente ajudará na identificação de objetos celestes ou orientação no céu em geral.
Céus limpos
Quais os planetas visíveis em dezembro?
Olá eu sou do RJ é sempre vejo uma estrela andando no céu às 19:30, ela passa todos os dias e nesse horário, já faz uns 3 anos q venho observando ela, nunca consigo respostas do q seja.
Olá Carolina,
obrigado pelo contacto.
Na hora indicada, o planeta Vénus está no oeste (pôr do sol) e bem destacado perto do horizonte. Porém, ao longo de um mês, todos os objetos celestes avançam para oeste e nascem/poisam 2h mais cedo. Só alguns os planetas, p.ex. Vénus, conseguem contrariar este movimento por algum tempo devido ao seu movimento próprio e o nosso em torno do Sol.
Mas jamais uma estrela ou planeta aparece todos os dias na mesma hora e isso por três anos.
Por isto, e dada a particularidade de o objeto “andar” no céu, a minha primeira sugestão é de se tratar de um satélite.
Podes visitar o site Heavens above e verificar nas previsões para a noite se encontras o objeto que poderá corresponder ao que tu vês no céu. Ao clicar numa das horas verás o mapa do céu e o trajeto do satélite selecionado. Talvez isto te ajuda resolver a enigma.
Por falta de certezas (o meu céu é do outro hemisfério e nada anda ai sempre na mesma hora), existem mais possibilidades, embora menos prováveis. P.ex.: um helicóptero distante que tem de voltar para casa sempre na mesma hora.
Se descobrires o que é/era, podes deixar aqui uma resposta com esta informação para outros de RJ com semelhante questão verem a sua curiosidade satisfeita.
Boas pesquisas
EU CONSIGO VER E MOSTRAR PARA AS PESSOAS ESSA ESTRELA OU PLANETA DURANTE O DIA, DESDE MEUS NOVE ANOS DE IDADE OBSERVO ISSO, JÁ CONSEGUIR AVISTA-LA ATE AS 14;00
Olá Ronaldo,
obrigado pelo comentário.
Evidentemente, com alguma sorte, dá para “tropeçar” por acaso sobre a luz do planeta no grande azul celeste.
Uma vez que se sabe em qual lugar o planeta se deve encontrar a uma dada hora em plena luz solar, é mais fácil de o encontrar (outra vez).
Todavia, a experiência mesmo com grupos de pessoas tem demonstrado, que o olho procura, mas a todos custa encontrar essa luz. Mesmo durante a passagem para o crepúsculo.
Quantas vezes não procurei Vénus para observações diurnas e, mesmo com apoio de telescópio, foi em vão.
Nessas alturas teria muito apreciado ter essa sua sensibilidade de deteção.
Gosta de desafios? Tenta encontrar Mercúrio. Atualmente está junto do Sol e indeteável, mas em 1 de Outobro 2020 terá a sua maior distância angular (Sol/Mercúrio).
O (auto-)desafio seria não só encontrar o planeta, mas de o encontrar o mais cedo possível entre agora e o dia 1.10.
Mais perto do sol, mais brilhante será Mercúrio. Talvez, ao fim do mês de Agosto, já consegue a proeza.
Mercúrio fica do outro lado do sol (comparada à Vénus), será visível antes do pôr do Sol e, no caso do Ronaldo, talvez muito antes disso.
Boa sorte
Vc ainda vê ela? Ainda vejo as 19:30, e já vi 2 delas, iam pra lados opostos
Se, durante uma parte da noite, dois objetos no céu se deslocam em direções opostas, pode-se dizer, com elevado nível de certeza, que não se trata de estrelas, nem planetas ou seja que for astronómico. Satélites artificiais são uma opção razoável. Existem apps que permitem consultar, para uma dada localidade e hora, os astélites que irão passar no céu. Aconselho experimentar uma dessas.
Boa noite! Sou estudante de Mestrado em Linguística e estou investigando os nomes dados para a Estrela da Manhã e para a Estrela da Tarde, entre outros, no corpus do Atlas Linguístico do Brasil e fiquei fascinada com tua explicação sobre, de manhã ser o Planeta Mercúrio e a tarde ser o Planeta Vênus. Nunca tinha visto que eram astros diferentes, mas que sempre que se tratava do Planeta Vênus. Onde mais posso encontrar sobre isso? Aqui no portal tem mais posts falando sobre isso?
Obrigada!
Olá Ana,
muito obrigado pelo comentário e a observação.
A designação estrela da manhã e a da estrela da tarde pode ser encontrada na mitologia grega. Phosphoros como a estrela da manhã (lat. lucifer – o portador de luz) e Hesperos para a estrela da tarde. Plínio. o Velho, escrevo ao matemático e filósofo Pitágoras de Samos (sec. 6 AC) descrevendo que a natureza das duas figuras mitológicas se resumia ao planeta Vénus.
Como tal, a observação que se costuma tratar de Vénus é correta.
Porém, em certas alturas do ano, o planeta Mercúrio destaca-se de tal maneira no céu, que, pelo mero brilho, pode ser visto como sendo a estrela da tarde ou de manhã…depende da hora. Por vezes Mercúrio e Vénus estão do mesmo lado do Sol e fazem concorrência um ao outro, mas Vénus quase sempre ganha com maior brilho.
Mas na falta de Vénus, Mercúrio pode ser a estrela bem dominante por cima do horizonte e receber o título que normalmente se refere a Vénus.
Os antigos sabiam mais ou menos quando Vénus andava à frente ou seguia o sol e assim quando o planeta fazia o seu papel de estrela da manhã/tarde.
Os babilónios tinham um registo meticuloso dos tempos de nascer e pôr de Vénus (https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A1bua_de_V%C3%AAnus_de_Ammisaduqa). Nós, hoje em dia, tão raramente olhamos para o céu ou damos por o que se passa, que o mero brilho de Mercúrio ou de Vénus sozinho fará uma pessoa pensar ou lembrar-se do termo estrela da manhã/tarde.
Não sendo uma definição regulamentada, podemos dar nós a liberdade de designar tanto Vénus como Mercúrio como estrela da manhã/tarde se, sozinho no respetivo horizonte, assim o céu e a hora o sugere. Mas o papel efetivamente cabe a Vénus.
Semelhante “erro de observação” pode ser induzido pelos planetas Júpiter ou Saturno quando um deles for avistado perto do horizonte em torno do crepúsculo, Mas tanto um como outro tem uma tonalidade amarelada, que os destacam de Vénus ou de Mercúrio como o seu branco quase puro.
Quanto a outros artigos referentes à estrela da manhã/tarde creio no atual Portal do astrónomo não há, até a data, outro texto. Talvez no antigo portal (https://portaldoastronomo.org/portal-vintage/) haja algo.
Então a estrela que aparece aqui em Cruzeiro – SP, logo depois do crepúsculo, pode ser esse tal de Vênus ? Ela tem uma cor branca, e é bem brilhante. Pensei que fosse Júpiter…
Olá Wilson,
obrigado pelo comentário e a pergunta.
Assumindo que, ao fim do dia, estás a olhar para oeste (o lado onde o sol se pôs), o objeto mais brilhante perto do horizonte nessa zona do céu é atualmente Vénus (Maio 2020). Júpiter teria uma fraca tonalidade ligeiramente amarelada, mesmo nos dias de maior brilho e melhor visibilidade. Aliás, neste momento em que escrevo esta resposta, Júpiter só nasce perto da meia-noite.
Facto curioso a parte. Vénus, como planeta interior, mostra fases como a nossa lua, embora é preciso um telescópio pequeno para ver. Apesar desse brilho impressionante que atualmente vemos em Vénus, só sensivelmente um quarto da superfície iluminada está virada para a Terra. Vénus tem atualmente o aspeto da Lua crescente mais ou menos 4 dias após a lua nova. Só que, com Vénus é o contrário, atualmente temos Vénus minguante. No início de Junho Vénus passa a ser, por assim dizer, Vénus nova.
Na sua órbita, Vénus aproxima-se do sol (visto da Terra), passa entre sol e Terra e torna-se assim invisível, tanto devido ao brilho do sol, que impede ver o planeta, e por estamos a olhar para a traseira não iluminada de Vénus.
Mas atenção, atualmente o pôr de Vénus é perto das 20:30 horas (18:30 no fim do mês). Mesmo com Vénus abaixo do horizonte permanecem duas estrelas bem notórias e brancas acima do horizonte oeste. A mais brilhante é Sírius no Cão Maior e a estrela mais brilhante de ambos os hemisférios. Perto dela e nada tímida quanto ao brilho encontramos Procyon, no Cão Menor. Até de desaparecer, Vénus seria a mais brilhante dos três objetos.
Espreita!
Grom
Você me disse que esse planeta – Júpiter – somente aparece por volta das 00:00 h, mas em qual lado / direção ? Pois a estrela brilhante que vejo aparecer aqui – Vênus – é na direção do Sol poente – leste – por volta das 18:00, e sumindo nessa direção, baixando no poente às 20:00 h…
Olá Wilson,
a beleza dos pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste) é que eles são independentes do ponto de observação e com isso do hemisfério.
P.ex., ao olhar para um mapa do mundo, leste fica sempre do lado direito, tanto faz se for visto do Brasil ou de Portugal.
A nossa Terra gira como um todo sempre na mesma direção para leste, o que faz o firmamento estrelado (ou o sol de dia) aparentemente rodar para oeste. Como um carro que anda para frente, mas para o observador no interior aparentemente a paisagem lá fora vem na sua direção e desaparece para trás.
Dito isto, significa que todas as estrelas e coisas no céu (bem, excepto pássaros e aviões) nascem na direção leste e, depois de uma boa volta, desaparecem no oeste.
Visto da superfície da Terra, os planetas e a lua encontram-se sempre próximo do mesmo caminho que o sol descreve projetado no céu (a eclíptica).
Voltando para a atual estrela da tarde, Vénus.
Após um dia cansativo de aquecer a paisagem ou, se encoberto, a parte de cima das nuvens, o sol põe-se no oeste. Que fica nas bandas de Paraguai, para quem está em Cruzeiro, SP. Nestes dias isto ocorre sensivelmente por volta das 17h30 no teu fuso horário. Vénus segue o sol duas horas mais tarde e deita-se cada dia 3 minutos mais cedo.
Quanto ao planeta Júpiter, este nasce às 22h24 e todos os dias uns 4 minutos mais cedo. Como acima descrito, nasce no leste (lado nascente), o que requer, para quem está nas bandas de Cruzeiro, SP, olhar sensivelmente na direção geral onde se encontra Rio de Janeiro.
Mas como o planeta gigante leva algum tempo para subir sobre o horizonte e dar nas vistas, a hora já avançou um bocado.
Se tiveres uma vista razoavelmente desobstruída para o horizonte leste, recomendo espreitar. Júpiter será o objeto mais brilhante acima desse lado do horizonte. Todavia, um pouco por baixo de Júpiter há outra “estrela” de brilho destacado…eis Saturno. Mesmo junto de Júpiter fica também o planeta anão Plutão, mas este é infelizmente invisível aos nossos meios do quotidiano.
Espero ter conseguido resolver as incógnitas ou dúvidas…caso contrário, basta formular outra pergunta.
Talvez queiras colocar aqui a tua experiência visual, se o céu e a hora permitiram ver ou observar os dois planetas gasosos gigantes.
Céus limpos
Grom
Ontem à noite, no horário que você me disse, eu vi os dois gigantes a leste. Tenho aqui em casa um telescópio japonês da marca Denkar, com 800 mm de distância focal, e objetiva de 60 mm. Com uma Barlow 5x e duas oculares Ploss de 7,5 mm e 10 mm, tentei focalizá-lo, em vão. Que magnitude é necessária para se obter uma focalização ideal desses astros ? Vi na internet um telescópio que promete 670 x de amplitude, será que isso basta ?
Olá Wilson,
a tua experiência não é nova…infelizmente…já explico.
No fim dou uns conselhos para o teu instrumento…mas primeiro vão as respostas às perguntas (a colocada e as não colocadas):
Há algumas regras simples para telescópios e há conceitos físicos e seus limites que determinaram as tais regras.
No que respeita a amplificação, esta não devia ultrapassar 2,5 vezes (mais senstato é 2x) o diâmetro da objetiva expressa em mm.
A amplificação ideal de um telescópio com 60 mm de abertura, como o teu, situa-se na ordem dos 85x (abertura / 0,7).
O máximo seria então 150x. Mas isso só faria sentido empregar, assumindo os componentes ópticos são excelentes, estar uma noite de ar límpida, sem turbulências e observando bem acima do horizonte.
A amplificação é calculada, entre outras, por dividir a distância focal da objetiva pela a da ocular.
Portanto no caso da Plössl de 10 mm isto dá 800/10 = 80x
Na outra ocular já passas das 106x.
Aposto, que mesmo numa noite e atmosfera bem boa, mais de 100x num telescópio desses já roça além da margem de produzir uma imagem satisfatória.
Agora, vai ainda a Barlow de 5x? Bem… isso são 400x e 530x…presumo, que dispensa elaboração.
Como em qualquer telescópio, há um limite de resolução…isto é, o pormenor mais pequeno que a lente (ou espelho) projeta separadamente no ponto focal. A objetiva concentra a imagem que consegue captar, como todos os pormenores físicamente ao seu alcance, num minúsulo ponto central. No teu telescópio esse é a 800 mm de distânica da lente. Depois utilizamos outra lente, a ocular, para pegar naquela minúscula imagem e amplificamos-a para o nosso gosto. Mas não podemos amplificar essa imagem para mostrar algo que a objetiva não lá consegue colocar devido ao seu limite de resolução. Podemos amplificar infinitamente, mas além da amplificação máxima somente aumentamos os defeitos nos componentes óticos.
Para uma explicação menos visual e mais correta recomendo pesquisar por disco de Airy (Airy disk em ingl.).
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Quanto a telescópios que se anuncia conseguirem amplificar 670x.
Digamos, que achavas de um anúncio de automóvel que propõe que o carrro a venda consegue 500 km/h? Publicidade enganosa? Não necessariamente. Mesmo um VW carrocha antigo consegue isso…em queda livre. Portanto, consegue, embora não necessariamente para o prazer dos ocupantes.
O mesmo se aplica a um telescópio capaz de amplificar 670x. O teu instrumento atual consegue…basta colocar uma ocular de 6 mm e a tal Barlow e lá estás…e não deve divergir nada da imagem com ocular de 10 mm e Barlow.
Enfim, fazendo o cálculo inverso 670/2,5 dá cerca de 275 mm de abertura. Se não for um exagero completo, seria, na gíria dos astrónomos amadores, provavelmente um “10 polegadas”. Mas será que tem os 10″ (254 mm)? Duvido que haja amadores com um telescópio desses que seriamente já observaram a 670x.
Na nossa atmosfera normalmente a imagem já dá para fugir acima dos 300x…e isso com telescópios bem bons e até maiores.
A amplificação empregável é um indicador errado e deixa sérias dúvidas na publicidade e quem a propaga como elemento determinante ou para a qualidade.
Determinante, em primeiro lugar, para um telescópio é a sua abertura. A distância focal é igualmente relevante também, mas seria escolhida em função da finalidade que se pretende dar ao instrumento.
Para não exceder o texto ainda mais, o meu conselho sério para qualquer iniciante e amante das estrelas…vão para um encontro de amadores com observação nocturna. Vejam através dos diversos telescópios, os amadores adoram partilhar e deixam toda gente ver. Façam perguntas sobre o tipo de instrumento, as dimensões e para que cada instrumento é principalmente utilizado pelo seu dono…e através da imagem verão rapidamente as diferenças.
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Para fechar.
O teu telescópio atual é capaz de mostrar a fase de Vénus, mesmo ao cair da noite pouco acima do horizonte…será uma imagem que não consegues focar para nitidez, mas para entender a fase dá (igualmente em Mercúrio).
O teu telescópio mostra, se não for deficiente em termos óticos, duas bandas equatoriais em Júpiter e facilmente as quatro luas principais.
Também mostra o anel em torno de Saturno e umas luas, embora mais difícil de determinar qual é lua, qual é estrela.
O problema, presumo por experiência de décadas com público, é a expectativa…com a ocular de 10 mm (e sem a Barlow, please, esquece a Barlow), estás já a beira do limite sensato.
Não vale a pena amplificar mais num instrumento de 60 mm de abertura. Significa isso, os planetas darão sempre discos muito pequenos na ocular…são as leis da ótica.
Maior e mais só com bem mais abertura.
Cada telescópio, por mais pequeno que seja, tem o seu céu próprio. Desde que as óticas estão em condições, basta explorar o céu em que o instrumento consegue brilhar. 60 mm de abertura não é para ver pormenores em planetas, não. Quer dizer, é e dá para ver, como apontei, mas com imagem restrita em detalhe e definitivamente em diâmetro na ocular.
O teu instrumento deve ser bestial na lua (até meia-lua, depois o brilho não tem piada). Usando um mapa lunar e procurar/identificar as crateras, explorar as marés e serras, seguir o progresso diário da sombra neles. Ver luzes em zonas claramente em plena noite, como se um habitante lunar deixou as luzes acesas em casa. Caminhar na lua é mesmo giro…deixa o tempo, o olho procurar, a mente vaguear.
Guarda a Barlow para outros instrumentos…troca a de 7,5 mm por uma de 20 mm ou mesmo 25 mm (Plössl) e explore o além do sistema solar. A nebulosa de Orionte é canja para o teu instrumento. As Pleiades facilíssimos e lindas (a baixa amplificação…p.ex. menos de 20x ). Com uma película Mylar adequada ou película de filtro solar da Baader (é barrato) e construir com esta um filtro para a entrada da objetiva podes apreciar manchas solares todos os dias…mal que o novo ciclo solar volta em força.
Ver os componentes de estrelas duplas ou múltiplas até certa separação também é possível. P.ex. Albireo (beta Cygni) na cabeça do Cisne com as suas duas cores consegues ver com um olho fechado (pun intended)….fica de momento perto da zona de Júpiter.
E estás no Brasil…tens as galáxias vizinhas, as nuvens de Magalhães, que aqui no norte não há, nem substituo. Ou o gigantesco enxame globular Omega Centauri, cujo diâmetro excede o tamanho visual da lua…apenas não é tão brilhante. Importa céu mesmo escuro e limpo.
Experimentar é meu conselho. Procurar um mapa estelar com alguns objetos de céu profundo adequado marcados e um da lua, usar apenas luz vermelha escura com o olho adaptado à escuridão e não exceder as expectativas são a melhor forma de começar explorar o céu…por vezes melhor até com binóculo ou olho nú.
Lamento não ser mais sucinto…talvez consegues, após uma noite de exploração, contar aqui o que viste e como achaste a experiência.
Céus limpos
Então na sua opinião, o que influencia na amplitude máxima de um telescópio é a abertura da objetiva – lente principal – mas na grande maioria dos sites comerciais que visitei, eles raramente referem esse dado técnico, limitando-se a colocar a distância focal, entre outros. Que abertura seria ideal, para um iniciante como eu, que somente quer visualizar alguns planetinhas ? Tenho emaii, pode me mandar maiores detalhes por lá, genyus3000@gmail.com.
Caro Wilson,
a amplificação máxima aplicável não é apenas uma opinião minha. Tecnicamente nada impede ampliar a imagem do ponto focal milhares de vezes, mesmo no teu telescópio atual.
O que torna o resultado nada satisfatório são dois fatores.
O primeiro é a capacidade de resolução do telescópio, ou seja, o mais pequeno pormenor que a objetiva/espelho principal consegue separar.
Isto é determinado pela abertura, ou seja, o diâmetro da objetiva/espelho. Semelhante à uma imagem muito pequena…podes fazer zoom milhares de vezes, mas não consegues ver mais pormenor do que por origem lá esteja…só tornas a imagem cada vez pior (pixelado, se for digital).
O segundo fator é a luminosidade da imagem. Mais amplias a imagem, mais escuro e menos contrastado ela se torna. Isto também depende unicamente da abertura do instrumento.
Portanto e resumido, num telescópio, o que conta é o diâmetro da objetiva/espelho principal.
A distância focal, que junto com o tipo de telescópio determina o seu tamanho físico, tem menor relevância. O que pode faltar em distância focal, para efeitos de amplificação, sempre pode ser ultrapassado ao utilizar oculares com menor distância focal (lembrar…amplificação = distância focal da objetiva / dist.focal da ocular).
Muito em voga é a astrofotografia…e ai convém um mínimo de distância focal, para maximizar o campo de céu exposto, o máximo de luz concentrado e redução do tempo de exposição (igual conceito como em máquinas fotográficas com teleobjetivas).
O dilema no teu caso é, para observar os planetas e pormenores na sua superfície estarias num campo muito específico na astronomia. Planetas são minúsculos, portanto requerem grande abertura para obter um máximo de pormenor (p.ex. calotas polares em Marte) e luminosidade após amplificação. Preferencialmente ainda uma grande distância focal nativa, para não ter que recorrer a oculares de distância focal muito curta com preço muito elevado.
Telescópios para planetas são tipicamente do tipo Maksutov (espelho principal e lente corretor na entrada), mas terão proveito mais reduzido noutras áreas, como o céu profundo em objetos extensos (nebulosas etc.). Não recomendo menos de 170 mm de abertura…o que torna o instrumento algo dispendioso.
Com lentes como objetiva principal (refratores), como no teu atual telescópio, precisavas no mínimo 120 mm de abertura para ver a maioria dos pormenores planetários (150 mm seria mais indicado). Porém, lentes sofrem dos efeitos da refração da luz, as diversas cores não focam no mesmo ponto, o que torna a imagem menos nítida e produz uma aura azulada em torno do objeto observado. Somente refratores apocromáticas (lentes múltiplas que corrigem o efeito da refração) seriam recomendáveis. Mas o seu custo é proibitivo para a grande maioria.
A única solução é sempre um compromisso.
Um desses compromissos seria um telescópio tipo Newtoniano, sensivelmente de 200 – 250 mm de abertura (mais é sempre melhor) e razão focal na ordem de f/8 ( = dist.focal / diâmetro). Esses instrumentos são mais económicos, dão bons resultados, mas tem o inconveniente de serem volumosos. Requerem uma montagem (base) mecanicamente exigente e pesada…o que é algo caro.
Um compromisso para a montagem e o telescópio é um Dobsoniano (google it). São telescópios Newtonianos numa base puxada a mão. Servem perfeitamente e não custam. Tem ainda a vantagem de colocarem a posição da ocular a uma altura confortável (muitas vezes dá para observar sentado). Este tipo de instrumento satisfará a sede pelos planetas, mas deixa aberta a opção de ir além….nebulosas, galáxias etc.
Mais uma vez….faz-te um favor, procure um clube de astronomia por perto ou um encontro de amadores. Experimente ou acompanha uma noite e rapidamente verás que tipo de instrumento faria sentido para o teu gosto atual e qual serviria se o gosto evoluir (o que fará de certeza).
Desaconselho a ti e todos que leiam isto….não comprem um telescópio pelo anúncio. As promessas e a realidade são quase sempre diametralmente opostas e sempre a desfavor das expectativas. Em cada 100 telescópios vendidos, 95 acabam de vez no armário. A causa é quase sempre a falta de informação correta (o que faz esse instrumento e como), a expectativa (o que ver e como) e o desconhecimento (p.ex. encontrar objetos no céu, observar o que?).
Olá e bom dia ! Cacei na web o modelo de instrumento que recomendaste, e o mais acessível é esse aqui. Notar que ele não possui as características que vc citou – abertura de 75 mm e razão focal f/4 – pq a partir dos 150 mm de abertura, os preços passam a ser, digamos, astronômicos… Esse aí cabe no meu magro orçamento, saindo por R$ 340,00
Características
Marca Bluetek
Modelo BM-DDOB300
Abertura 76 mm
Tipo de telescópio Astronômico
Material do tripé Alumínio
Desenho óptico Refrator
Monte Dobson
Descrição
O Telescópio Bluetek Dobsoniano 76MM BM-DOB300 ” é um telescópio para iniciantes. Em 1609, Galileu Galilei olhou pela primeira vez através de seu telescópio, e mudou para sempre a ciência. Sua descoberta sólida, refutou a crença predominante de que a Terra era o centro do Universo. Ao longo da história, cientistas como Johannes Kepler e Isaac Newton revolucionaram o design dos telescópios.
O poder de observação deste Telescópio
Em boas condições climáticas, o Telescópio Dobsoniano Bluetek 76MM BM-DOB300, é perfeito para iniciantes. Grande conjunto de cerca de desempenho de visualização astronômica. Espelhos revestidos e aluminizados para proporcionar imagens de qualidade e resolução. Cuidadosamente projetado para combinar a facilidade de portabilidade, uso extremo e um desempenho consistente em um pacote acessível. Possui um poder de captação de luz suficiente para permitir boa visualização da Lua e suas crateras, e simples estudos de galáxias, aglomerados de estrelas e nebulosas.
Especificações:
Tipo: Newtoniano
Montagem: Dobsoniana
Diâmetro da Objetiva: 76 mm
Distância Focal: 300 mm
Luminosidade: f/4
Aumento Efetivo (Potência Útil): 150 vezes
Oculares: 6MM E 20MM
Barlow 2x
Acessórios Inclusos:
Oculares 6mm e 20mm
Barlow 2x
Montagem Dobsoniana
Manual de Instruções em Inglês e Português
Vivo aqui em Lisboa é por volta das 20:00 até às 22:00 vejo essa estrela em destaque no céu. Me chamou atenção por ela ter desaparecido . Tirei algumas fotos e vídeos! Simplesmente brutal
Olá Marilia,
obrigado pelo comentário e a observação.
Nestes dias, mal que o Sol desaparece e Vénus timidamente aparece através do resto da luz do dia, deverá ser possível, pelo menos nas fotografias tiradas, notar outra “estrela” ainda mais perto do horizonte (talvez requer edição de fotografia dos níveis de claro/escuro). Caso encontrares isso numa das imagens (improvável no vídeo), fica a saber que conseguiste, além de Vénus, captar o planeta Mercúrio. Ambos estão atualmente visíveis. Mercúrio é menos brilhante, parece mais pequeno e mais perto do horizonte e desaparece por volta das 22h. Vénus deita-se cerca 50 minutos mais tarde.
Porém, até o fim do mês, Mercúrio vai gradualmente deitar-se mais tarde e aproximar-se de Vénus (aparente, vistos no nosso céu, não na realidade do sistema solar). Alias, nos dias 21 e 22 de Maio os dois estarão quase no mesmo ponto do céu, separadas por menos de um grau angular (~ moeda de 1 cent visto a distância do braço todo esticado).
Sugestão minha, se o tempo e o céu permitir e caso nas fotos tiradas realmente aparecem os dois planetas: tirar iguais fotos todos os dias, ou sempre que possível, a partir do mesmo local e na mesma hora. Gostaria muito ter cópia disso, se for uma experiência bem sucedida.
Céus limpos
Oi moro no Brasil e aracaju e tida noite a partir da 18:00 vejo uma estrela muito brilhante no lado que o sol se ponhe mas ela vai se afastando no orinzinte até seu brilho sumi por volta das 19:00 hora o que pode ser tô curiosa e agora que o pentago revelou ter avistado ovinis tô um pouco asustada
Olá Aline,
obrigado pelo contato e a pergunta.
Do lado celeste ou astronómico a resposta é relativamente simples. Nestes dias, alias hoje e amanhã (21.5 e 22.5) Vénus e Mercúrio estão muito brilhantes e precisamente no quase mesmo ponto no céu, chamamos isso uma conjunção. Porém, os dois planetas parecem juntos projetados no céu apenas por uma questão de perspetiva. Na realidade estão obviamente bem afastados nas suas respetivas órbitas em torno do sol. Infelizmente esta conjunção é apenas visível mesmo rente do horizonte e na altura em ou após o sol se pôr. Deixando mesmo pouco tempo para mais do que o avistamento.
No entanto…estrelas e planetas e o que quer que seja posicionado além do nosso sistema Terra-Lua não anda visivelmente para trás. Quer dizer, devido a rotação da Terra, vemos os objetos desaparecer no lado oeste. Isto é infalível, até o dia que a Terra travar e inverter a sua rotação…ocorrência improvável e que, se ocorrer, certamente não deixa viva alma para ver.
O que podia explicar a tua observação do afastamento do horizonte oeste, talvez pode estar relacionado com a refração da luz junto do horizonte conjugado com alguma alteração drástica da pressão do ar…o que duvido seja o caso. Exemplo: quando estamos ai sentados a apreciar um belo pôr do sol, e vemos o disco solar tocar o horizonte…na verdade, o sol física e geometricamente já está por baixo do horizonte…visto de fora (da Terra), olhamos para nada. Este é um efeito da dita refração. Mas esse não faria o sol ou uma estrela no oeste afastar-se do horioznte de maneira claramente perceptível.
Alguns satélites e a ISS tendem andar no sentido inverso da rotação da Terra. Porém, estes seriam muito mais rápidos e não demorariam uma hora para desaparecer, seja abaixo do horizonte ou na sombra da Terra.
Dito isso, do meu ponto de vista da astronomia, não há explicação, desde que a tua observação seja efetivamente correta (a do afastamento).
Tocando a interpretação de se tratar de um ovni, admito, não vou nessa direção…nunca. Se extraterrestres efetivamente conseguirem e se davam ao trabalho de viajar milhares de anos (e gerações deles) desde da sua estrela até aqui, certo é e seria, que iremos saber disso por iniciativa deles e não por uma revelação de supostos segredos de estado. Alias, as tais informações reveladas referem-se a avistamentos de há muitos anos atrás. Portanto, nada aconteceu naquela altura, daí nada em relação a isto acontecerá agora.
Para a tua alma se tranquilizar, por favor. Embora acho totalmente fora de questão de alguma vez sermos visitados por extraterrestres, se tál acontecer (errar é humano, não é?), a população mundial rapidamente estaria a par disso.
Mesmo acontecendo uma visita, isto também não seria motivo forte para ficar realmente assustado. Extraterrestres com aspiração de nos eliminar ou de transformar em adubo para as suas plantas extraterrestres ou a procura de mão de obra de borla…não vão ficar em órbita a espera da nossa reação, mas sim…tratar do assunto em carteira deles imediatamente, para não deixar tempo de resposta (violenta) nossa.
Caso contrário…se eles vem em paz…bem, nada isso seria para assustar, apenas para redefinir a nossa visão do universo (de qualquer modo necessário para a maioria dos humanos) e reformular uns bons trechos nos livros religiosos.
De todo o que escrevi acima, a minha aposta, quanto ao fenómeno “da estrela” observada…desde que de origem celeste e não terrestre (nomeadamente avião, etc.)…vai para a conjunção de Vénus e Mercúrio.
Sugere-se observando e tentar discernir o que é aquilo que estás a ver. No outro hemisfério, não consigo reproduzir ou ver esse efeito.
Se descobres o que efetivamente observaste, deixa aqui novo comentário em resposta…estou tranquilo, mas como cientista sempre curioso.
Céus limpos
Moro no Brasil, estado de Sao Paulo. Ha pouco tempo atras eu via a leste, no por do sol, uma estrela bem perto do horizonte, que creio ser Venus. Nao estou vendo mais. To sentindo falta dela (risos) pois a via da janela de minha cozinha. Em que epoca ou meses ela voltara como estrela da tarde?
Olá Ivone,
obrigado pela pergunta. Assumo nesta resposta que a janela da cozinha está mesmo virada para leste, ou seja do lado em que nasce o sol.
Nesse caso, não se pode tratar de Vénus, nem de Mercúrio, pois estes estão sempre próximo do sol. Portanto, nascem ou desaparecem pouco antes ou depois dele, mas sempre do lado do sol, não do lado oposto.
Atualmente, por volta das 20 h locais ai, o que está sobre o horizonte leste e pode ter chamado a atenção é o brilho notável do planeta Júpiter. Ligeiramente mais abaixo dele, menos brilhante mas destacado há ainda Saturno.
Estrelas nascem no leste, ou seja, sobem no céu num arco que os leva para oeste. Se a estrela desapareceu (do campo de visão) da janela, isto terá de ser para cima. Portanto, deve bastar meter a cabeça fora da janela (previamente aberta) e olhar mais para cima, para confirmar que ainda está ai algures.
Para ter uma espreitadela ao planeta Vénus, nesta altura do ano, basta tomar o pequeno almoço na cozinha junto da dita janela por volta dos 5 ou 6 h da manhã. Perto do sol antes do seu nascer satisfaz o critério da proximidade, descrito acima, e, por ventura, o critério de receber o título da estrela da manhã.
Quanto a repetição da vista da janela ao pôr do sol com vista para leste…bem, para isso teria se saber exatamente a orientação da janela e a extensão do campo de visão (largura e altura sobre o horizonte abrangido). Sem estes elementos, pode se garantir que daqui a exatamente um ano + uma hora (= 21 horas locais) Saturno estará de volta sensivelmente na mesma posição e Júpiter segue aproximadamente uma hora mais tarde. Os dois terão, então, trocados o lugar em relação a este ano. Este efeito deve se ao progresso dos dois planetas nas suas respetivas órbitas em torno do sol.
Céus limpos
Eu, sou muito curioso, e costumo ficar admirando as estrelas, tenho observado que mercúrio que fica visível nas manhãs há leste no céu no por do sol, parece estar mas brilhantes e maior que o normal.
Olá Jonas,
obrigado pela pergunta. Assumindo que falamos do mesmo objeto, a tua observação está correta. Na pergunta referiste a manhã e leste, ambos coincidem com o nascer do sol. O pôr do sol, na mesma frase, porém, barralha um pouco a questão.
Decidi ficar pela manhã e o nascer do sol no leste, pois tanto Mercúrio como Vénus estão atualmente observáveis nas horas matinais na direção em que o sol irá aparecer.
Sensivelmente meia hora (e mesmo um pouco mais cedo) antes do nascer do sol é possível ver, mesmo muito perto do horizonte, o planeta Mercúrio (cor branca).
Bem mais acima e muito mais brilhante (cor branca) temos também o planeta Vénus. Vénus fica atualmente (9.Jul 2020) perto de uma estrela bem luminosa de cor avermelhada, Aldebaran (alfa Tauri) a estrela mais brilhante da constelação Touro.
E é verdade, desde que se tornou visível, Mercúrio tem aumentado de brilho. Cada quatro dias quase duplicou a sua luminosidade aparente
e continuará assim, embora menos acentuado, até agosto.
O objeto de aspeto estelar mais brilhante do momento é Vénus. Só que, ao invês de Mercúrio, a sua luminosidade parece mais constante.
Como é sabido, as órbitas de Vénus e de Mercúrio ficam dentro da órbita da Terra.
Visto da Terra, ambos os planetas passaram recentemente a linha de visão entre a Terra e o sol (a sua conjunção inferior). Agora ambos os planetas aparentemente (= visto da Terra) afastam-se do sol. O efeito visual para nós é semelhante ao das fases da lua. Quando a lua passa a linha entre Terra e sol temos lua nova, pois o lado não ilumninado está virado para nós. Uns dias mais tarde a lua fica mais distante do disco solar e começa mostrar a sua fase crescente, ficando cada vez mais brilhante. Mais ou menos o mesmo podemos observar em Mercúrio e Vénus, embora Mercúrio será bem mais notório quanto ao brilho. Conforme os planetas progridem na sua órbita, aumenta também a sua fase.
A lua crescente atinge e seu o brilho máximo aquando da lua cheia. Semelhante, no caso de Mercúrio, o seu brilho aumenta cada vez mais quase até o seu desaparecimento por detrás do disco solar (altura de Mercúrio cheio).
Com Vénus a situação é um pouco diferente. Embora o seu brilho devia aumentar, pois vemos cada vez mais do disco de Vénus iluminado, o planeta sofre ao mesmo tempo uma notável dimuniução de tamanho (diâmetro aparente). Isto deve-se ao facto de a distância entre a Terra e Vénus aumentar. Portanto, o aumento de brilho pela fase crescente é compensado pela redução do brilho, devido a diminução aparente do diâmetro de Vénus.
Com um telescópio pequeno (luneta) é possível ver as mudanças das fases em Vénus e mesmo em Mercúrio, a partir de um aumento de aproximadamente 30 vezes. Mercúrio deixa de ser visível, devido a proximidade ao sol e a luz do dia, o mais tardar no início de Agosto. Vénus permanece no seu papel de estrela da manhã ainda bem além do mês de Setembro.
Moro em Minas Gerais, Brasil
Consegui observar a olho nu um pontinho brilhante no céu por volta de 9:30 da manhã. Esse ponto brilhante é a mesma estrela mais brilhante do céu um pouco antes do nascer do sol. Isto é uma estrela ou um planeta? Gostaria de saber.
Olá Wanderlei,
obrigado pela pergunta.
O objeto de aspeto estelar mais brilhante antes do nascer do sol é de facto o planeta Vénus.
Ás 9:30 horas de manhã, o sol está no céu há cerca de três horas. Portanto, é dia, mais dia não é possível.
Em plena luz do dia, toda a luz de todas as estrelas e planetas afoga-se no enorme brilho do mar azul celeste.
Com uma excepção recorrente: Vénus
Admito, mesmo sabendo onde Vénus deve estar, foram poucas as vezes que a consegui detetar sem binóculos em plena luz diurna.
Portanto, o Wandeerlei está de parabéns. Com um elevado nível de certeza viu o nosso planeta vizinho Vénus.
Para confirmar, Vénus situa-se de momento a cerca de três palmos de mão aberto com braço estendido do lado oeste (no Brasil: a esquerda) do sol.
A meio caminho entre Vénus e Sol encontra-se o outro planeta interior Mercúrio, mas esse deve escapar uma eventual deteção por completo.
Obrigado pela explicação. Agora são 9:12 desta manhã de 29/07/2020 está um lindo dia de sol e consigo ver este ponto de luz no céu da minha janela.
Boa noite. Há uma estrela azulada e brilhante aparecendo no lado leste, de onde moro – Cruzeiro, estado de São Paulo, Brasil – e a menos que esteja enganado, parece ser o planeta Urano. Estarei enganado ?
Olá Wilson,
obrigado pela pergunta.
A estrela em questão é efetivamente uma estrela….qual delas porém, pode variar. Antes da meia-noite há uma data de estrelas muito brilhantes na zona leste.
A mais brilhante delas é a mais brilhante de todas as estrelas no céu em geral (fora do Sol). É Sirio, ou Sirius, na constelação do Cão Maior.
Mas na mesma zona há também a estrela Rígel (Rigel) na constelação do Orionte (Orion).
Mesmo rente do horizonte, pouco antes da meia-noite, ainda aparece outra estrela notória de cor branca ligeiramente que é Prócio (Procyon) no Cão Menor.
Decidir qual é qual é fácil, mas sem referencias para mim é impossível ser determinante.
Por ordem do brilho mais intenso, só das estrelas de luz quase brancas, lida Sìrio, seguido por Prócio seguido por Rígel.
A constelação de Orionte é a mais notória e fácil de identificar. Composto por um enorme retângulo de estrelas luminosas, demonstra no centro uma linha reta de 3 estrelas quase iguais e equidistantes (a cintura da figura do caçador Orionte). Das estrelas que formam os cantos do retângulo, Rígel é a mais brilhante, no canto oposto na diagonal situa-se Betelgeuze, igualmente bem luminosa mas de cor avermelhada.
Sírio fica um pouco afastado desse retângulo do Orionte, reinando com brilho algo sozinho em seu redor.
Prócio, no hemisfério Sul, fica por baixo das duas, formando a ponta de um triângulo quase unilateral com as outras duas estrelas tão luminosas e brancas.
O planeta Úrano, de facto de tonalidade azulada quando visto num telescópio de médio tamanho, situa-se a quase 45 graus angulares dessas três estrelas. Embora sob céu bem limpo e escuro possa ser avistado de olho desarmado, nunca se mostrava azul e jamais com esse brilho. Úrano fica sempre no limite de luminosidade detetável a olho nú.
Céus limpos
Boa Noite!
De repente comecei a ver uma estrela ou planeta Não sei realmente o que é, em todo caso parece com uma estrela, começo a ser perceptível a partir das 11 horas da manhã, mas Principalmente depois do meio dia vejo com mais clareza e por toda a tarde até anoitecer acompanho-a no Céu, já a noite ela fica bem grande e brilhosa.
Vcs podem me esclarecer melhor sobre esse fato interessante?
Gratidão!
Olá Anara,
ver uma estrela em plena luz do dia é de um modo geral quase impossível. Mesmo os planetas desaparecem perante o brilho do céu diurno. A única excepção (e com bastante sorte de a encontrar) pode ser Vénus durante a sua fase mais brilhante e seu maior afastamento aparente do disco solar (visto da Terra). Não vejo de momento outros candidatos. Para tentar confirmar se se trata de Vénus, basta medir o tempo entre o pôr do Sol e o pôr do objeto em causa. Vénus deverá desaparecer três horas depois do Sol tocar o horizonte e, até o seu ocaso, ser o objeto celeste mais brilhante em todo o céu. Sem indicação da localidade e hora+orientação no céu (N, S, etc.) não creio que me lembro de outra opção. Mas mesmo com esses elementos apostaria de momento mais em Vénus. As alternativas seriam quase todos de origem artificial (p.ex. satélite).
Portanto…recomendo tentar ao fim da tarde, ver a hora do pôr do Sol e esperar e ver quando se põe o objeto em causa. Se o intervalo for sensivelmente 3 horas, então é/foi Vénus.
Se as horas não coincidem, pode sempre voltar aqui e talvez indicar mais elementos (ver acima).
Boas observações