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Foi descoberto o segundo asteroide troiano da Terra

Uma equipa internacional de astrónomos, liderada pelo investigador Toni Santana-Ros da Universidade de Alicante e do Instituto de Ciências do Cosmos da Universidade de Barcelona (ICCUB), confirmou, após uma década de buscas, a existência do segundo asteroide troiano da Terra, até agora encontrado: 2020 XL5. Os resultados do estudo foram publicados na revista Nature Communications.

Nesta ilustração, o asteroide pode ver-se em primeiro plano no canto inferior esquerdo. Os dois pontos brilhantes por cima dele são a Terra (direita) e a Lua (esquerda). O Sol surge brilhante à direita na imagem. Crédito: NOIRLab/NSF/AURA/J. da Silva/Spaceengine/M. Zamani (NOIRLab da NSF).

Os objetos celestes que vagueiam pelo Sistema Solar sentem a influência gravitacional de todos os outros corpos massivos que o constituem, incluindo o Sol e os planetas. Se considerarmos apenas o sistema Sol-Terra, as leis da gravidade de Newton afirmam que existem cinco pontos nos quais se anulam entre si todas as forças que atuam sobre um objeto localizado em cada um desses pontos. São os chamados pontos de Lagrange, e são áreas de grande estabilidade. Os asteroides troianos da Terra são pequenos corpos que orbitam nos pontos de Lagrange L4 ou L5 do sistema Sol-Terra.

Os resultados obtidos confirmam que 2020 XL5 é o segundo asteroide troiano terrestre transitório que se conhece, e tudo indica que permanecerá troiano (isto é, estará situado no ponto de Lagrange) durante quatro mil anos, pelo que se classifica como transitório. Os investigadores estimaram as dimensões do objeto (tem aproximadamente um quilómetro de diâmetro, sendo maior do que o outro asteroide troiano da Terra conhecido, 2010 TK7, de 0,3 quilómetros de diâmetro) e fizeram também um estudo do impulso que necessitaria um foguete para alcançar o asteroide a partir da Terra.

Embora já se saiba há décadas que existem asteroides troianos em outros planetas, como Vénus, Marte, Júpiter, Urano e Neptuno, foi apenas em 2011 que se descobriu o primeiro asteroide troiano da Terra. Os astrónomos descreveram muitas estratégias de observação para a deteção de novos troianos terrestres. “Houve muitas tentativas prévias para descobrir troianos terrestres, incluindo estudos in situ, como a busca na região L4, realizada pela missão OSIRIS-Rex da NASA, ou a busca na região L5, realizada pela missão Hayabusa-2 da JAXA”, observou Toni Santana-Ros, autor da publicação, acrescentando que “todos os esforços dedicados não tinham até agora permitido descobrir qualquer novo membro desta população”.

Este diagrama mostra os cinco pontos de Lagrange do sistema Sol-Terra. Créditos: NOIRLab/NSF/AURA/J. da Silva/M. Zamani (NSF’s NOIRLab).

O fraco sucesso destas buscas pode ser explicado pela geometria de um objeto a orbitar os pontos L4 ou L5 do sistema Sol-Terra, visto do nosso planeta. Estes objetos são em geral observáveis perto do Sol. A janela de tempo de observação entre o asteroide que se eleva acima do horizonte e o nascer do Sol é, por isso, muito pequena. Assim, os astrónomos têm de apontar os telescópios para um ponto muito baixo no céu onde as condições de visibilidade são más e com a desvantagem da luz solar iminente, que satura a luz de fundo das imagens pouco depois de se ter começado a observação.

Para resolver este problema, a equipa realizou uma busca com telescópios de 4 metros capazes de observar nestas condições, e foram finalmente obtidos dados do telescópio de 4,3 m Lowell Discovery, no Arizona (Estados Unidos), e do telescópio de 4,1 m SOAR, operado pelo NOIRLab da National Science Foundation, em Cerro Pachón (Chile).

A descoberta dos asteroides troianos da Terra é muito importante porque podem conter um registo das condições iniciais de formação do Sistema Solar, já que os troianos primitivos podem representar alguns dos blocos que formaram os planetas, e ainda acrescentam restrições à evolução dinâmica do Sistema Solar. Além disso, os troianos da Terra são candidatos ideais para possíveis missões espaciais futuras.

Como o ponto de Lagrange L4 partilha a órbita com a Terra, são necessárias pequenas alterações na velocidade para podermos alcançá-lo a partir do nosso planeta. Isto implica que uma sonda precisaria de uma quantidade de energia muito baixa para permanecer na sua órbita partilhada com a Terra, mantendo uma distância fixa. “Os troianos da Terra podem vir a tornar-se as bases ideais para uma exploração avançada do Sistema Solar; podem até ser uma fonte de recursos”, concluiu Santana-Ros.

A descoberta de mais troianos da Terra irá melhorar o nosso conhecimento da dinâmica destes objetos desconhecidos e irá possibilitar uma melhor compreensão da mecânica que lhes permite ser transitórios.

 

Fonte da notícia: Universitat de Barcelona

Tradução: Teresa Direitinho

 

New Earth Trojan asteroid

An International team of astronomers led by researcher Toni Santana-Ros, from the University of Alicante, the Institute of Cosmos Sciences of the University of Barcelona (ICCUB) and the Institute for Space Studies of Catalonia (IEEC), has confirmed the existence of the second Earth Trojan asteroid known to date, the 2020 XL5, after a decade of search. The results of the study have been published on February 1 in the journal Nature Communications.

In this illustration, the asteroid is shown in the foreground in the lower left. The two bright points above it on the far left are Earth (right) and the Moon (left). The Sun appears on the right. Credit: NOIRLab/NSF/AURA/J. da Silva/Spaceengine/M. Zamani (NSF’s NOIRLab).

All celestial objects that roam around our solar system feel the gravitational influence of all the other massive bodies that build it, including the Sun and the planets. […] Read the original article at Universitat de Barcelona.

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