É uma descoberta excitante: graças a uma anã castanha, os astrónomos desenvolveram um novo método para detetarem planetas longe do nosso Sistema Solar – ou seja, exoplanetas. Para isso, usaram ondas de rádio!

Anãs Castanhas

À medida que as nuvens de gás cósmico se contraem, tornam-se mais densas e quentes. Quando a temperatura no seu centro atinge uns escaldantes 10 milhões de graus, essa zona central irrompe em chamas, e torna-se uma nova estrela brilhante. Mas nem todas as nuvens de gás que entram em colapso conseguem atingir as temperaturas extremas que são necessárias para o nascimento de uma estrela. As que não chegam a esse ponto são conhecidas como estrelas falhadas, ou ‘anãs castanhas’.

Tal como as estrelas, as anãs castanhas criam a sua própria luz, porque estão ainda assim muito quentes. Elas brilham em tons avermelhados, e emitem luz infravermelha, invisível (como a que sai dos nossos controlos remotos). Mas as anãs castanhas são mais pequenas, menos brilhantes e mais frias do que as verdadeiras estrelas.

Visão artística da anã castanha fria BDR J1750+3809. As linhas azuis representam as linhas do campo magnético. As partículas carregadas que seguem ao longo dessas linhas emitem ondas de rádio que foram detetadas pelo LOFAR, Algumas dessas partículas acabam por chegar aos pólos e dão origem a auriras semelhantes às que ocorrem na Terra. Imagem: ASTRON/Danielle Futselaar

Uma colaboração de sucesso

Na astronomia é muito comum que a colaboração entre várias organizações ou telescópios conduza a novos resultados entusiasmantes. Neste caso, uma colaboração entre a LOw Frequency Array (Rede de baixa frequência), que é um radio-telescópio na Europa, o telescópio Gemini North e a InfraRed Telescope Facility (Telescópio de infravermelhos) da NASA (ambos localizados em Mauna Kea, no Hawai’i, Estados Unidos) levou à primeira descoberta direta de uma anã castanha fria através da utilização das ondas de rádio!

Uma estreia na rádio

As ondas de rádio são um tipo especial de luz, que não conseguimos ver com os nossos ohos. Os radio-telescópios aqui na Terra, como os que foram usados nesta descoberta, são normalmente utilizados para investigar planetas, cometas, gigantescas nuvens de gás e poeira, estrelas e galáxias. Ao estudar as ondas de rádio que nos chegam vindas destas fontes, os cientistas podem descobrir do que são elas feitas e como se movimentam. As ondas de rádio são especialmente úteis porque não são afetadas pela luz do sol, por nuvens ou por chuva.

Antes disto, as anãs castanhas eram descobertas sobretudo através da luz ótica (a que podemos ver com os nossos olhos) e / ou da luz infravermelha (que atravessa poeiras e nuvens). Portanto, esta é uma estreia entusiasmante na rádio-astronomia. Passa a existir um novo método que permite que os cientistas descubram anãs castanhas, e este resultado também quer dizer que a astronomia deu um passo espetacular na aplicação da rádio-astronomia ao excitante campo da procura de exoplanetas.

Facto curioso: A temperatura no centro de uma anã castanha é inferior aos 3 milhões de graus. Isto é “frio” quando comparado com o que se passa no núcleo do Sol, onde se chega aos 16 milhões de graus!

Este Space Scoop baseia-se num Comunicado de Imprensa do NOIRLab

Space Scoop original (em inglês):

http://www.spacescoop.org/en/scoops/2043/new-sights-for-brown-dwarfs/

Classificação dos leitores
[Total: 0 Média: 0]