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Voyager 1 deteta ‘murmúrio’ de plasma para lá do Sistema Solar

A Voyager 1 – uma das duas sondas Voyager da NASA, lançada há 44 anos e que é atualmente o objeto feito por humanos mais distante no espaço – está ainda operacional, à medida que se vai afastando cada vez mais da Terra.

Ilustração da sonda Voyager 1, que prossegue a sua viagem pelo espaço interstelar. Créditos: NASA/JPL/Provided.

Há muito que a sonda saiu do Sistema Solar, atravessando a heliopausa e dirigindo-se para o meio interstelar. Segundo uma investigação liderada pela Universidade Cornell e publicada a 10 de maio na revista Nature Astronomy, os instrumentos da Voyager 1 enviam-nos agora dados que revelam ter sido detetado um ‘murmúrio’ persistente de gás interstelar, ou seja, ondas de plasma.

Stella Koch Ocker, estudante de doutoramento em astronomia da Cornell, descobriu a emissão ao examinar dados enviados de uma distância superior a 22,5 mil milhões de quilómetros. “O murmúrio é muito fraco e monótono, porque está numa banda de baixa frequência,” disse Ocker. “Estamos a detetar o fraco e persistente ruído do gás interstelar.”

Segundo a investigadora, este trabalho permite perceber melhor de que modo o meio interstelar interage com o vento solar, e também como a bolha protetora da heliosfera é moldada e modificada pelo ambiente interstelar.

Lançada em setembro de 1977, a sonda Voyager 1 passou por Júpiter em 1979 e por Saturno no final de 1980. Viajando a cerca de 61000 km/h, atravessou a heliopausa em agosto de 2012.

Após entrar no espaço interstelar, o instrumento PWS (Plasma Wave System) da sonda detetou perturbações no gás provocadas ainda pela turbulência das erupções solares. Mas entre estas erupções, os investigadores descobriram uma assinatura de gás estável e persistente, uma emissão de ondas de plasma produzida pelo quase-vácuo.

“O meio interstelar é como uma tranquila chuva miudinha,” disse James Cordes, Professor George Feldstein de Astronomia do College of A&S da Cornell, também autor do estudo. “Uma explosão solar é como um raio no meio de uma tempestade e depois voltamos a uma chuva miudinha.”

Ocker acredita que há mais atividade fraca no gás interstelar do que se pensava, o que dá aos investigadores a possibilidade de analisar a distribuição espacial do plasma – quando este não está a ser perturbado pelas explosões solares.

Shami Chatterjee, investigador da Cornell, explicou como é importante a monitorização contínua da densidade do espaço interstelar. “Nunca tivemos a oportunidade de a avaliar. Sabemos agora que não precisamos de um evento fortuito relacionado com o Sol para medir o plasma interstelar,” disse ele. “Independentemente do que se esteja a passar no Sol, a Voyager está a continuamente a enviar-nos detalhes. A sonda está já muito distante e continua a ser capaz de fazer este trabalho.”

A Voyager 1 deixou a Terra levando consigo um disco de ouro com mensagens e dados, que foi produzido por uma comissão presidida pelo saudoso professor Carl Sagan, da Cornell, bem como tecnologia de meados da década de 1970.

“Em termos científicos, esta investigação é uma proeza. É uma prova da incrível capacidade da sonda,” disse Ocker. “É um presente de engenharia para a ciência que tanto nos continua a oferecer.”

Fonte da notícia: Cornell University 

Tradução: Teresa Direitinho

 

In the emptiness of space, Voyager 1 detects plasma ‘hum’

Voyager 1 – one of two sibling NASA spacecraft launched 44 years ago and now the most distant human-made object in space – still works and zooms toward infinity.

In an artist’s depiction, the Voyager 1 craft continues to cruise through interstellar space. Credits: NASA/JPL/Provided.

As the craft toils, it has long since zipped past the edge of the solar system through the heliopause – the solar system’s border with interstellar space – into the interstellar medium. Now, its instruments have detected the constant drone of interstellar gas (plasma waves), according to Cornell-led research published May 10 in Nature Astronomy. […] Read the original article at Cornell University.

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