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Hubble descobre sinais de vapor de água persistente num hemisfério de Europa

Observações realizadas pelo telescópio espacial Hubble a Europa, a lua gelada de Júpiter, revelaram a presença de vapor de água persistente – mas, misteriosamente, apenas num hemisfério.

Europa abriga um vasto oceano sob a superfície gelada, que pode oferecer condições favoráveis para a vida. O resultado deste estudo faz avançar o conhecimento dos astrónomos sobre a estrutura atmosférica das luas geladas e ajuda a estabelecer as bases para missões científicas ao sistema de Júpiter para, em parte, investigar se um ambiente a aproximadamente 800 milhões de quilómetros do Sol poderá albergar vida.

Imagem da lua de Júpiter, Europa, obtida em junho de 1997 pela sonda Galileo da NASA. Créditos: NASA, NASA-JPL, University of Arizona.

As observações prévias de vapor de água em Europa foram associadas a plumas a irromper do gelo, tal como mostram imagens obtidas pelo Hubble em 2013. São análogas aos geiseres na Terra, mas atingem uma altura de mais de 96 quilómetros. Produzem bolhas de vapor de água transitórias na atmosfera da lua, que tem apenas um milionésimo da pressão superficial da atmosfera terrestre.

No entanto, os novos resultados mostram quantidades semelhantes de vapor de água espalhadas por uma área maior, em observações do Hubble que vão de 1999 a 2015. Isto sugere a presença a longo prazo de uma atmosfera de vapor de água apenas no hemisfério posterior de Europa – a parte da lua que está sempre oposta à sua direção de movimento ao longo da órbita. A causa desta assimetria entre o hemisfério anterior e posterior ainda não foi totalmente compreendida.

Esta descoberta foi conseguida a partir de uma nova análise das imagens e espectros de arquivo do Hubble, usando uma técnica que recentemente resultou na descoberta de vapor de água na atmosfera de outra lua de Júpiter, Ganimedes, por Lorenz Roth, do KTH Royal Institute of Technology, Space and Plasma Physics, Suécia.

“A observação de vapor de água em Ganimedes, e no hemisfério posterior de Europa, permite-nos avançar no conhecimento das atmosferas de luas geladas”, disse Roth. “No entanto, a deteção de uma abundância estável de água em Europa é um pouco mais surpreendente do que em Ganimedes, porque as temperaturas de superfície de Europa são mais baixas do que as de Ganimedes.”

Europa reflete mais luz solar, mantendo a sua superfície 15,6 °C mais fria do que a de Ganimedes. A máxima diurna em Europa é de -162 °C. No entanto, mesmo na temperatura mais baixa, as novas observações sugerem que o gelo de água está a sublimar (a passar diretamente de sólido a vapor, sem uma fase líquida) à superfície, tal como em Ganimedes.

Vapor de água detetado na atmosfera de Europa. Crédito: NASA’s Goddard Space Flight Center.

Para realizar esta descoberta, Roth investigou os conjuntos de dados de arquivo do Hubble, selecionando observações de Europa, em ultravioleta, de 1999, 2012, 2014 e 2015, enquanto a lua estava em várias posições orbitais. Estas observações foram obtidas com o STIS (Hubble’s Space Telescope Imaging Spectrograph). As observações ultravioleta do STIS permitiram a Roth determinar a abundância de oxigénio – um dos componentes da água – na atmosfera de Europa e, ao interpretar a intensidade da emissão em diferentes comprimentos de onda, foi capaz de inferir a presença de vapor de água.

Esta descoberta abre caminho para estudos mais aprofundados de Europa com missões futuras, como a Europa Clipper, da NASA, e a JUICE (Jupiter Icy Moons Explorer), da ESA. Perceber a formação e evolução de Júpiter e das suas luas irá também contribuir para que os astrónomos compreendam melhor outros planetas semelhantes em torno de outras estrelas.

Estes resultados foram publicados na revista Geophysical Research Letters.

 

Fonte da notícia: NASA

Tradução: Teresa Direitinho

 

 

Hubble Finds Evidence of Persistent Water Vapor in One Hemisphere of Europa

NASA’s Hubble Space Telescope observations of Jupiter’s icy moon Europa have revealed the presence of persistent water vapor – but, mysteriously, only in one hemisphere.

Europa harbors a vast ocean underneath its icy surface, which might offer conditions hospitable for life. This result advances astronomers’ understanding of the atmospheric structure of icy moons, and helps lay the groundwork for planned science missions to the Jovian system to, in part, explore whether an environment half-a-billion miles from the Sun could support life.

This photograph of the Jovian moon Europa was taken in June 1997 by NASA’s Galileo spacecraft. Credits: NASA, NASA-JPL, University of Arizona.

Previous observations of water vapor on Europa have been associated with plumes erupting through the ice, as photographed by Hubble in 2013. […] Read the original article at NASA.

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