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Perseverance visto do espaço pela sonda ExoMars da ESA

Há pouco mais de uma semana (18 de fevereiro de 2021), o rover Perseverance da NASA aterrou na cratera Jezero na superfície de Marte. Em todo o globo, milhões de pessoas assistiram à transmissão em direto deste evento, e quando o Perseverance pousou em solo marciano, não foram apenas os controladores da missão da NASA que aplaudiram de forma triunfal.

Fig. 1 – Imagem do Perseverance e de elementos de missão, obtidos pela câmara CaSSIS da TGO a 23 de fevereiro de 2021. Créditos: ESA.

Nos dias que se seguiram, o mundo foi inundado pelas imagens da superfície de Marte e da descida que surgiram em todos os meios de comunicação e redes sociais. As mais recentes vieram da sonda em órbita TGO (Trace Gas Orbiter), que faz parte do programa ESA-Roscosmos ExoMars. Desde a sua localização, bem acima dos céus marcianos, a TGO observou o Perseverance na cratera Jezero e obteve imagens que mostram o rover e outros elementos do seu módulo de aterragem.

A sonda TGO orbita Marte desde 2016 e tem reunido dados vitais sobre a composição da sua atmosfera. Tem procurado especificamente vestígios de metano atmosférico e outros gases que podem ser resultado de atividade geológica ou biológica. Estes estudos fazem parte de um estudo mais abrangente para determinar se existiu vida em Marte há milhares de milhões de anos (e se ainda existe, ou não).

Além disso, a sonda conduziu outras importantes operações científicas, como a transmissão de dados de missões robóticas na superfície e a obtenção imagens do espaço. A 23 de fevereiro, a TGO aproveitou a sua órbita para obter imagens com o instrumento CaSSIS (Color and Stereo Surface Imaging System) que mostraram o rover Perseverance – bem como o seu pára-quedas, escudo térmico e elementos do módulo de descida – dentro da cratera Jezero.

Na primeira imagem (Fig. 1, acima), os elementos podem ver-se como uma série de pixels escuros e brilhantes, que estão depois assinalados na segunda imagem (Fig. 2, abaixo). Na Fig. 2, o módulo de descida e o escudo térmico são pontos escuros espaçados em torno de duas pequenas crateras, enquanto que o paraquedas e o casco protetor são pontos visivelmente brilhantes próximos um do outro. O rover Perseverance, perto do centro da imagem e abaixo, é um ponto relativamente ténue nas proximidades de uma pequena crista que se estende a partir de uma das crateras.

Fig. 2 – Close-up das imagens, obtidas pela TGO, do Perseverance e de elementos de missão na cratera Jezero. Crédito: ESA.

É aqui que o Perseverance irá passar os próximos dois anos (que provavelmente se estenderão por mais tempo) em busca de sinais de vida microbiana no passado. Com base nas suas características, que incluem um delta de rio preservado e depósitos sedimentares ricos em argila, a cratera Jezero é conhecida por ter albergado um lago de águas paradas há milhares de milhões de anos. Por este motivo, por ser considerada um bom local para encontrar sinais de vida no passado, foi escolhida como local de aterragem da missão.

O Perseverance irá também levar a cabo uma operação ambiciosa e sem precedentes em que irá recolher e guardar amostras de rochas e de solo de Marte. As amostras serão depois trazidas para a Terra por uma outra missão, Mars Sample Return, da ESA-NASA que consistirá num módulo de aterragem, um rover (para recuperar as amostras) e um pequeno lançador (para as colocar em órbita). Depois, um orbitador irá recolhê-las e trazê-las para análise.

A TGO ExoMars deu apoio ao rover Perseverance durante a sua aterragem, por exemplo, prestando serviços de transmissão de dados. Vídeos da aterragem, bem como imagens e gravações de som, foram captados por instrumentos a bordo do veículo EDL (Entry, Descent, and Landing) do rover. Estes foram enviados à Terra com a ajuda da TGO, bem como da MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) da NASA.

A TGO continuará a dar apoio à transmissão de dados entre a Terra e Marte em futuras missões à superfície, em particular, a próxima missão ExoMars. Conhecida como ExoMars 2022, esta missão será lançada do Cosmódromo de Baikonur a 20 de setembro de 2022 e chegará ao planeta vermelho a 10 de junho de 2023. A missão inclui a plataforma de superfície russa Kazachok e o rover Rosalind Franklin.

Entretanto, a TGO irá continuar a orbitar Marte e a levar a cabo as suas próprias operações científicas, que se focam na análise da atmosfera de Marte e na busca de gases que indiquem existência de vida no passado (ou presente). Recentemente, a sonda detetou sinais de cloreto de hidrogénio a sair da atmosfera do planeta, indicando que este sal existe na superfície.

Fig. 3 – Imagem orbital da cratera Jezero, que mostra o delta do rio fóssil. Créditos: NASA/JPL/JHUAPL/MSSS/BROWN UNIVERSITY.

Na Terra, este processo foi observado com sais de cloreto de sódio, onde a água salgada evapora dos oceanos e é levada por ventos fortes para a alta atmosfera. A TGO também monitorizou vapor de água a sair da atmosfera marciana e a escapar-se para o espaço. Juntas, estas descobertas deram novas pistas que ajudam a explicar para onde se escapou a abundante água superficial que havia em Marte há milhares de milhões de anos.

Fonte da notícia: Universe Today

Tradução: Teresa Direitinho

 

Perseverance Seen From Space by ESA’s ExoMars Orbiter

A little over a week ago (February 18th, 2021), NASA’s Perseverance rover landed in the Jezero crater on the surface of Mars. People from all over the world tuned to watch the live coverage of the rover landing. When Perseverance touched down, it wasn’t just the mission controllers at NASA who triumphantly jumped to their feet to cheer and applaud.

Image of Perseverance and mission elements, as captured by the orbiter’s CaSSIS camera on Feb. 23rd, 2021. Credit: ESA.

[…] Read the original article at Universe Today.

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