Os cientistas estão a pedir a ajuda do público para tentarem perceber a origem de centenas de milhares de galáxias, que se estendem por milhares de anos-luz e que foram descobertas pelo maior radiotelescópio construído: o LOFAR. O novo projeto de ciência cidadã LOFAR Radio Galaxy Zoo oferece a qualquer pessoa com um computador a possibilidade de participar numa missão que pretende descobrir onde estão localizados os buracos negros no centro dessas galáxias.

A título de exemplo, veja-se o caso da famosa fonte de rádio 3C236. A imagem de cima é a fonte de rádio, a do meio é uma imagem óptica que mostra muitas estrelas e galáxias, e a imagem de baixo é uma sobreposição. Neste caso, para o olho humano, a origem da emissão de rádio é clara, é o ponto brilhante no centro da imagem de rádio. Esta é a localização do enorme buraco negro que está a impulsionar toda a atividade de rádio. Da sobreposição com imagens ópticas, a galáxia que hospeda o buraco negro pode ser identificada. Créditos: Aleksandar Shulevski, Erik Osinga & The LOFAR surveys team.

Os astrónomos usam radiotelescópios para criar imagens de rádio do céu, da mesma forma que os telescópios ópticos, como o telescópio espacial Hubble, fazem mapas das estrelas e galáxias. A diferença é que as imagens feitas com um radiotelescópio mostram um céu muito diferente do que é visto por um telescópio óptico. No céu de rádio, as estrelas e galáxias não se vêm diretamente, mas sim como estruturas complexas ligadas a enormes buracos negros no centro das galáxias. A maior parte da poeira e do gás em torno de um buraco negro supermassivo é consumida pelo buraco negro, mas parte do material escapa-se sendo ejetado para o espaço profundo. Este material forma grandes plumas de gás extremamente quente, as grandes estruturas observadas pelos radiotelescópios.

O telescópio LOFAR (Low Frequency Array), operado pelo Instituto de Radioastronomia dos Países Baixos (ASTRON), prossegue a sua enorme investigação do céu do rádio, com 4 milhões de fontes de rádio já descobertas. Algumas centenas de milhares possuem estruturas muito complicadas. Tão complicadas que é difícil determinar a que galáxia pertence cada fonte de rádio ou, por outras palavras, que buraco negro pertence a que galáxia.

Embora a equipa internacional do LOFAR seja composta por mais de 200 astrónomos de 18 países, é mesmo assim pequena demais para assumir a enorme tarefa de identificar a que galáxia hospedeira pertence cada estrutura de rádio. Por esta razão, os astrónomos do LOFAR estão a pedir ajuda ao público. No contexto do projeto de ciência cidadã “LOFAR Radio Galaxy Zoo”, pede-se ao público que observe imagens do LOFAR e imagens de galáxias com o objetivo de associar as fontes de rádio às galáxias.

“A nova pesquisa do LOFAR revelou milhões de fontes de rádio não detetadas anteriormente. Com a ajuda do público, podemos investigar a natureza dessas fontes: onde estão os seus buracos negros? Em que tipo de galáxias estão localizados os buracos negros?” explicou Huub Röttgering, da Universidade de Leiden.

Tim Shimwell, do ASTRON e da Universidade de Leiden, explica por que razão isto é significativo: “A tarefa é combinar as fontes de rádio com a galáxia certa, o que irá ajudar os investigadores a perceberem como se formam as fontes de rádio, como evoluem os buracos negros e como podem ser ejetadas no espaço profundo grandes quantidades de material com quantidades de energia sem precedentes.”

Link para o projeto LOFAR Radio Galaxy Zoo

Fonte da notícia: Phys.org

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