Com base em novos dados do satélite Gaia da ESA, os astrónomos conseguiram mais informações sobre as propriedades do enxame aberto próximo NGC 2682, revelando que o seu tamanho é pelo menos duas vezes maior do que se pensava. As descobertas foram publicadas a 6 de maio num artigo no arXiv.

Localizado a aproximadamente 2800 anos-luz de distância, NGC 2682 (também conhecido por Messier 67 ou M67) é um enxame aberto na constelação de Caranguejo. Com idade estimada em cerca de 3,6 mil milhões de anos, é um dos enxames abertos próximos mais velhos. E um facto interessante é que a sua idade e composição química inicial são semelhantes às do Sol, razão pela qual os astrónomos chegaram a colocar a hipótese de o Sol poder ter tido origem em NGC 2682.

NGC 2682
NGC 2682. Créditos: 2MASS/UMass/IPAC-Caltech/NASA/NSF.

Publicado há cerca de um ano, o mais recente catálogo de dados do satélite Gaia (conhecido como Data Release 2, ou DR2) contém medições de alta precisão, que incluem posições no céu, paralaxes e movimentos próprios para mais de mil milhões de fontes da Via Láctea. São dados observacionais recolhidos pelo Gaia durante o período de quase dois anos – entre 25 de julho de 2014 e 23 de maio de 2016.

O DR2 tem a possibilidade de revelar mais informação sobre a natureza de NGC 2682, já que os dados de astrométrica nesta versão podem ser uma ferramenta valiosa para investigar regiões extra-maré de vários enxames abertos na vizinhança solar. Por esta razão, uma equipa de astrónomos europeus liderada por Ricardo Carrera, do Observatório Astronómico de Pádua, Itália, decidiu recentemente usar o DR2 para estudar melhor NGC 2682.

Em particular, investigaram a distribuição espacial deste enxame de estrelas para limitar a sua evolução dinâmica. Dado que a maioria dos enxames abertos desaparecem com a idade aproximada de mil milhões de anos, o facto de NGC 2682 ter sobrevivido até agora sugere que provavelmente terá sido bem mais massivo no passado e que tem uma história dinâmica interessante.

No documento, os investigadores referem: “Usamos dados do Gaia DR2 para identificar membros de NGC 2682 até à distância de aproximadamente 150 pc (10 graus). Para este fim, são aplicados dois métodos (Clusterix e UPMASK). Estimamos distâncias para obter posições estelares tridimensionais usando um método Bayesiano para a inversão de paralaxe, com um precedente adequado para os enxames estelares.”

A principal conclusão do estudo conduzido pela equipa de Carrera é que NGC 2682 é pelo menos duas vezes maior do que se pensava. Com base nos dados DR2, os astrónomos descobriram que este enxame se estende por aproximadamente 160 anos-luz, contradizendo outras observações realizadas nos últimos anos que não sugeriam mais que 78 anos-luz.

Além disso, o estudo confirmou que NGC 2682 tem segregação de massa com os objetos mais massivos na região central. No entanto, existem também estrelas fora do raio de maré do enxame. Os investigadores supõem que estas estrelas extra-maré podem ter origem em perturbações externas, como choques do disco ou evaporação dinâmica da relaxação de dois corpos. Vão ser necessários mais estudos para testar estes cenários.

Fonte da notícia: Phys.org

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