O ano passado, ao fim do Verão, estive em S. Miguel. No porto de Ponta Delgada estava um navio de pesquisa oceanográfica da Marinha norte-americana. Era o ‘Neil Armstrong’ – que tinha no convés um outro pequeno barco, para descer à água quando fosse necessário; era o ‘Buzz Aldrin’. Nada como guardar as proporções…

Antes disso, tinha tido ocasião de assistir a uma palestra, ou melhor, conversa com James R. Hansen, biógrafo de Neil Armstrong, que esteve agora envolvido na produção deste filme. Um filme que não é de super-heróis, não tem perseguições de automóveis a alta velocidade… mas tem algumas explosões, com efeito. Porém , não é um filme sobre a exploração espacial. São, outra vez, pedaços da vida de um homem reservado, quase sorumbático, para quem ir à Lua e ser o primeiro a pisar a sua superfície foi apenas mais um dia no trabalho.

Claro que temos, ao longo das mais de duas horas e meia, vários vislumbres daqueles tempos de rápido desenvolvimento da tecnologia espacial, e das missões em que Armstrong esteve envolvido. Mas eles são mais sobre o homem naquelas situações do que sobre as especificações técnicas e a preparação das missões. Este é um filme sobre um homem que nunca procurou o protagonismo, que aceitou o que o destino lhe ditou, e que, um pouco por acaso mas também pela sua extraordinária capacidade técnica, se tornou o primeiro ser humano a deixar uma marca na Lua. Não é um filme feito para agradar a fanáticos da tecnologia, ou sequer aos que querem glorificar a vitória Americana na corrida à Lua; é um filme que trará memórias aos que acompanharam os eventos quando eles se deram, sim, com uma recriação precisa da época.

Não é um filme de super-heróis, é um filme sobre um Herói. Apesar dele mesmo.

Se eu acreditasse na vida eterna, diria que algures lá em cima eles estão todos juntos, Gagarin, Armstrong, Grissom, e todos os outros, em silêncio, mas com um sorriso no rosto, irmãos unidos para a eternidade. Assim não sendo, resta-nos honrar as suas memórias. E este é um belo monumento.

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