Com a ajuda do o Telescópio Espacial Hubble, os astrónomos captaram o que acreditam poder ser plumas de vapor de água em erupção a partir da superfície de Europa, lua de Júpiter. Esta descoberta vem reforçar outras observações do Hubble que sugerem que da lua gelada irrompem plumas de vapor de água até grande altitude.

A observação aumenta a possibilidade das missões a Europa poderem ser capazes de recolher amostras do oceano da lua sem terem de perfurar quilómetros de gelo.

Plumas de vapor de água em Europa.
Esta imagem composta mostra possíveis plumas de vapor de água em erupção, na posição das 7h, no limbo de Europa, lua de Júpiter. As plumas, captadas pelo STIS do Hubble, foram vistas em silhueta, à medida que a lua passava em frente de Júpiter. A sensibilidade ultravioleta do Hubble permitiu perceber estas características – subindo a mais de 160 quilómetros acima da superfície gelada de Europa. Acredita-se que a água venha de um oceano abaixo da superfície. Os dados do Hubble foram obtidos a 26 de janeiro de 2014. A imagem de Europa, sobreposta aos dados, foi composta a partir de dados das missões Galileo e Voyager. Créditos: NASA/ESA/W. Sparks (STScI)/USGS Astrogeology Science Center.

“O oceano de Europa é considerado um dos lugares mais promissores para abrigar vida no Sistema Solar,” disse Geoff Yoder, administrador associado da Diretoria de Missões Científicas da NASA, em Washington. “Estas plumas, se realmente existirem, podem fornecer uma outra forma de estudar a subsuperfície de Europa.”

Estima-se que as plumas subam até cerca de 200 quilómetros antes de voltarem a cair sobre a superfície da lua. Europa tem um enorme oceano global que contém o dobro de água dos oceanos da Terra, mas está protegido por uma camada de gelo muito fria e dura e de espessura desconhecida. As plumas oferecem uma oportunidade para a recolha de amostras provenientes da subsuperfície sem que seja necessário pousar na superfície ou perfurar o gelo.

A equipa, liderada por William Sparks do STScI (Space Telescope Science Institute), em Baltimore, viu projeções semelhantes a dedos enquanto observava o limbo de Europa à medida que a lua passava em frente de Júpiter.

O objetivo original da equipa era determinar se Europa tem uma atmosfera fina e estendida, ou exosfera. Usando o mesmo método de observação que deteta atmosferas em torno de planetas que orbitam outras estrelas, a equipa percebeu que, se houvesse libertação de vapor de água à superfície de Europa, este método seria excelente para o captar.

“A atmosfera de um planeta extrassolar bloqueia parte da luz estelar que está por trás,” explicou Sparks. “Se houvesse uma fina atmosfera em torno de Europa, teria potencial para bloquear parte da luz de Júpiter, e poderíamos vê-la como uma silhueta. Posto isto, fomos à procura de características de absorção à volta do limbo de Europa, à medida que a lua transitava Júpiter.”

Em 10 ocasiões separadas abrangendo 15 meses, a equipa observou Europa a passar em frente de Júpiter. Em três dessas ocasiões, viram o que poderiam ser plumas em erupção.

Este trabalho fornece sinais evidentes da existência de plumas de água em Europa. Em 2012, uma equipa liderada por Lorenz Roth, do SwRI (Southwest Research Institute), em San Antonio, detetou evidências de vapor de água em erupção a partir da fria região polar sul de Europa, atingindo mais de 160 quilómetros de altitude. Embora ambas as equipas tenham usado o instrumento STIS (Space Telescope Imaging Spectrograph) do Hubble, cada uma usou um método independente para chegar à mesma conclusão.

“Quando calculámos, de forma totalmente diferente, a quantidade de material necessário para criar estas características de absorção, vimos que é muito semelhante ao que Roth e sua equipa descobriram,” disse Sparks. “As estimativas para a massa são semelhantes, tal como as estimativas para a altura das plumas. A latitude de dois dos candidatos a pluma que vemos corresponde à dos trabalhos anteriores.”

Mas, até o momento, as duas equipas ainda não detetaram as plumas em simultâneo usando as suas técnicas independentes. As observações realizadas sugerem que as plumas podem ser altamente variáveis, o que significa que podem entrar esporadicamente em erupção, durante algum tempo, e depois desaparecer. Por exemplo, as observações da equipa de Roth, realizadas com uma semana de diferença em relação às da equipa de Sparks, não conseguiram detetar quaisquer plumas.

A haver confirmação, Europa será a segunda lua no Sistema Solar conhecida por ter plumas de vapor de água. Em 2005, a Cassini detetou jatos de vapor de água e poeira a saírem da superfície de Encélado, lua de Saturno.

Os cientistas poderão usar o visão no infravermelho do Telescópio Espacial James Webb, da NASA, cujo lançamento está programado para 2018, para confirmarem a atividade de plumas em Europa. A NASA também está a preparar uma missão a Europa que poderá confirmar a presença de plumas e estudá-las de perto durante várias aproximações.

“As capacidades únicas do Hubble permitiram capturar estas plumas, demonstrando mais uma vez que o Hubble é capaz de realizar observações que não foi projetado para fazer,” disse Paul Hertz, diretor da Divisão de Astrofísica na sede da NASA, em Washington. “Esta observação abre um mundo de possibilidades, e estamos ansiosos para que as futuras missões – como a do Telescópio Espacial James Webb – possam dar seguimento a esta descoberta emocionante.”

O trabalho de Sparks e da sua equipa será publicado na edição de 29 de setembro do Astrophysical Journal.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/press-release/nasa-s-hubble-spots-possible-water-plumes-erupting-on-jupiters-moon-europa

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