30.Out.-5.Nov 2015 (Portugal)

A hora legal mudou mais uma vez e com isso, para muitos, vieram os convenientes e inconvenientes associados. Por um lado parece que dormimos mais uma hora, o que é nitidamente agradável. Por outro lado, o nosso corpo habituou-se a sentir-se cansado numa dada hora e agora a almofada e o relógio mandam ir para a cama antes de o momento de sonolência natural ter chegado. O mesmo se aplica às refeições. Porém, o ser humano é flexível e, já que a lei e o horário de trabalho/escolar são os que mandam, mais cedo ou mais tarde a gente se habitua outra vez.

A mesma adaptação não se aplica ao resto do mundo. O cãozinho lá de casa precisa dar as suas voltas e tratar das suas necessidades conforme foi habituado e não como o relógio do seu dono diz. Portanto, nas primeiras semanas após a mudança da hora, o passear do cão tende ser bem mais demorado do que o costume.

A superfície da estrela Altair mostra variações de temperatura acentuada. A enorme velocidade de rotação torna toda a estrela fortemente achatada (eixo de rotação assinalado em azul). Norte em cima, medidas em milissegundos de arco. Crédito: Monnier et al. 2007, Univ. de Michigan/ GRM
A superfície da estrela Altair mostra variações de temperatura acentuada. A enorme velocidade de rotação torna toda a estrela fortemente achatada (eixo de rotação assinalado em azul). Norte em cima, medidas em milissegundos de arco.
Crédito: Monnier et al. 2007, Univ. de Michigan/ GRM

O sol é ainda mais rigoroso. Ele põe-se alegremente e no intervalo do costume, e tanto lhe faz se isso acontece de repente a meio da tarde (17:30 atualmente) ou não. Vantajoso é isto, porém, para quem gosta de ver as estrelas, pois a noite está ai aparentemente uma hora mais cedo. Tem de se admitir, o tempo meteorológico não ajudou nada nas últimas semanas, e provavelmente não ajuda nesta semana. O próprio céu estrelado é estranho. Em pleno outono o início da noite mostra o asterismo do Triângulo de Verão. Este asterismo bem alto no céu é formado pelas três estrelas mais luminosas no sudoeste. A mais brilhante é Vega na constelação de Lira. Tendo nem se quer 500 milhões de anos de idade é uma estrela considerada novinha e, com a apenas 25 anos-luz, nem muito distante. A segunda mais brilhante, de tonalidade branca, é Deneb no Cisne. Quase 120 vezes maior que o nosso sol, Deneb é uma grandalhona, ou, como os astrónomos preferem dizer, uma supergigante. Se fosse substituir o sol no sistema solar, seria fatal para o planeta Mercúrio, pois este mergulhava dentro dela. Por fim, há ainda Altair, uma das estrelas mais próximas da vizinhança e, ignorando o sol, a primeira cuja superfície foi captada em imagem (ver figura).

Com a noite bem implantada, a zona sul parece algo desprovida de estrelas, o que é típico para as noites de outono. A parte do céu preferida dos astrónomos para observar estrelas é dominada por Aquário, pelos Peixes, pela Baleia e o rio celeste Erídano, todas constelações sem estrelas notáveis.

Depois das 4 da manhã continuam, bem proeminente, as voltas dos principais planetas visíveis ao olho nu. Júpiter, mais alto no céu, afasta-se do disco solar (este ainda por baixo do horizonte). Marte, também em afastamento do disco solar, terá um encontro próximo com o planeta Vénus no dia 3. Vénus, por sua vez vai ao encontro do sol. O mesmo se aplica a Mercúrio, se bem que, tudo isso apenas como aparece no nosso céu. Os planetas orbitam obviamente ainda por meia eternidade a sua distância média em relação ao sol.

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